🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

Espiral de pessimismo

Ibovespa cai 4,52% na semana e chega aos 89 mil pontos; dólar dispara a R$ 4,10

A desarticulação do governo, as investigações evolvendo o senador Flávio Bolsonaro e a guerra comercial no exterior assombraram os mercados. Como resultado, o dólar disparou e o Ibovespa teve queda expressiva na semana

Victor Aguiar
Victor Aguiar
17 de maio de 2019
10:34 - atualizado às 18:41
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
Ibovespa fechou no nível de 89 mil pontos pela primeira vez em 2019; Dólar bateu R$ 4,11 na máxima - Imagem: Seu Dinheiro

No começo da tarde desta sexta-feira (17), eu telefonei para uma fonte que acompanha de perto o mercado de câmbio. Afinal, a escalada do dólar à vista parecia não ter fim — no horário da ligação, a moeda americana já se aproximava dos R$ 4,11.

Ele não teve muito tempo para falar comigo — parecia bastante atarefado. Mas, em nosso breve diálogo, ele resumiu o sentimento dos mercados:

"Eu diria para você que estamos vendo uma busca por proteção"

E proteção é a palavra da vez nos mercados brasileiros. Em meio a uma espécie de tempestade perfeita, o dólar à vista acumulou alta de 4,56% na semana, fechando a sessão de hoje a R$ 4,1002, e o Ibovespa amargou uma baixa de 4,52% desde segunda-feira, encerrando o pregão aos 89.992,73 pontos.

Somente nesta sexta-feira, o dólar avançou 1,6% — na máxima do dia, chegou a subir 1,91%, a R$ 4,1127. É o maior nível de fechamento para a moeda americana no segmento à vista desde 19 de setembro, quando terminou cotada a R$ 4,1308.

O Ibovespa, por sua vez, chegou a aparecer no campo positivo no período da manhã, chegando aos 91.320,54 pontos na máxima do dia (+1,44%). Mas o índice perdeu força no meio da tarde, terminando a sexta-feira em queda de 0,04%, aos 89.992,73 pontos. É o menor nível de encerramento em 2019.

Leia Também

Essa espiral de pessimismo que tomou conta dos mercados teve dois vetores: o exterior e a guerra comercial, e o cenário local e a desarticulação política do governo Bolsonaro. Lá fora, seguem as preocupações envolvendo as disputas entre EUA e China e, aqui dentro, um "tsunami" atingiu em cheio o governo, trazendo ampla desconfiança e preocupação aos mercados.

Focos de incêndio

São inúmeros os fatores internos que trazem insegurança aos agentes financeiros. A inabilidade do governo para formar uma base de apoio no Congresso é um ponto frequentemente citado por analistas e operadores — mas não só ele.

Em primeiro lugar, há o temor de que as investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro — filho do presidente Jair Bolsonaro — acabem trazendo consequências mais sérias ao governo como um todo. Trata-se de um fator de risco que ganhou força nesta semana e que tende a trazer mais dor de cabeça aos mercados.

Além disso, a forte adesão às manifestações populares contra os bloqueios de recursos à educação também chamaram a atenção, levando a um questionamento muito lógico: qual será a reação do Congresso à percepção de que o apoio ao presidente está diminuindo?

Por fim, a percepção de que o próprio presidente não está tomando grandes medidas para conter a crise — em sua viagem aos Estados Unidos, ele quase não falou sobre o cenário político-econômico do país e fez pouco caso das manifestações da última quarta-feira (15) — também coopera para aumentar o desconforto do mercado.

Todos esses fatores criam um ambiente de muita incerteza na cabeça dos mercados, que já começam a vislumbrar o enfraquecimento e o atraso da reforma da Previdência.

"O governo está demonstrando que não tem habilidade política", diz Jefferson Luiz Rugik, diretor da Correparti. "Tudo que negocia com o Congresso, acaba perdendo. E essa falta de traquejo faz preço internamente".

Queda de braço

No exterior, Estados Unidos e China continuam medindo forças — e trazendo incerteza aos mercados financeiros.

Na segunda-feira (13), o governo chinês retaliou e anunciou que irá sobretaxar US$ 60 bilhões em importações de produtos americanos, agravando ainda mais a disputa comercial. Esse cenário fez as bolsas de Nova York abrirem a semana com perdas de mais de 2%.

Mas, desde então, os mercados de Nova York conseguiram passar por uma onda de calmaria — e a chave dessa melhora de humor foram os diversos dados mostrando que a economia americana segue saudável e forte.

Como resultado, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam no campo positivo na terça, quarta e quinta-feira. Hoje, voltaram a cair, mas o saldo da semana não foi tão trágico quanto o do Ibovespa: o Dow Jones acumulou perdas de 0,68%, o S&P 500 teve baixa de 0,76% e o Nasdaq recuou 1,27%.

Contudo, fato é que a guerra comercial continua gerando apreensão no mundo — o que trouxe reflexos especialmente ao mercado de câmbio.

Ao longo da semana, o dólar ganhou força ante as divisas fortes e de países emergentes, como o peso mexicano, rand sul-africano, peso colombiano, rublo russo e peso chileno — e esse contexto também afetou o desempenho do real.

"Existe uma tendência mundial de valorização do dólar, mas aqui estamos na frente", destacou um operador, afirmando que o contexto de incertezas domésticas e internacionais intensifica a busca por proteção no dólar.

E o BC?

Esse operador ainda lembra que, no fim de abril, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra Fernandes, sinalizou que a instituição tinha instrumentos para atuar no mercado local de câmbio caso identificasse alguma anomalia.

"Mas, até agora, o BC não fez nada. Então, o mercado está puxando o dólar para ver quando ele vai entrar no jogo", disse ele, antes do encerramento da sessão. Mas, no fim da noite de sexta-feira, a autoridade monetária resolveu agir.

Em meio à disparada do dólar à vista, o BC comunicou a realização de leilões de linha — ou seja, a venda de dólares com compromisso de recompra — nos dias 20, 21 e 22 de maio, cada um com um montante de até US$ 1,25 bilhão.

Os ganhos expressivos do dólar na semana e o aumento da tensão no front doméstico afetaram fortemente a curva de juros nesta sexta-feira. Os DIs vinham se mantendo relativamente comportados, em meio á percepção de que a economia ainda fraca afastaria a possibilidade de novas elevações na Selic.

No entanto, o mercado hoje promoveu ajustes intensos nas curvas. Os DIs com vencimento em 2021 avançaram de 6,92% para 7,05%, os para janeiro de 2023 subiram de 8,12% para 8,30%, e os para janeiro de 2025 foram de 8,72% para 8,91%.

Minério em alta

O bom desempenho do minério de ferro nesta sexta-feira deu forças aos papéis da Vale e das siderúrgicas, como CSN e Usiminas — a commodity fechou em alta de 2,52% na China.

Com isso, as ações ON da Vale (VALE3) recuperam parte das perdas de ontem e fecharam em alta de 2,84%; CSN ON (CSNA3) e Usiminas PNA (USIM5) avançam 2,67% e 2,47%, respectivamente.

Dólar forte, exportadoras felizes

Com o dólar acima de R$ 4,10, as ações de empresas que possuem maior exposição ao mercado externo aparecem entre os destaques positivos do Ibovespa. A Vale e as siderúrgicas também se beneficiam por esse efeito, mas outras empresas conseguiram surfar a onda do câmbio com ainda mais propriedade.

Os papéis ON da Suzano (SUZB3), por exemplo, avançaram 6,09%, o melhor desempenho do Ibovespa nesta sexta-feira. Também exportadora, a Embraer viu suas ações ON (EMBR3) terem ganho de 4,13%.

As ações ON da JBS (JBSS3) também aproveitaram a disparada da moeda americana — é importante lembrar que os papéis do frigorífico têm registrado ganhos expressivos com a perspectiva de aumento nas exportações à China, em meio ao surto de febre suína que atinge o país asiático. Ao fim do pregão, os papéis da empresa tinham ganho de 3,88%.

Petrobras em queda

As ações da Petrobras chegaram a ensaiar um movimento de alta nesta manhã, mas a cautela dos mercados em relação ao cenário local e a perda de força do petróleo no exterior acabaram pesando sobre os ativos da estatal.

Lá fora, o petróleo iniciou o dia no campo positivo, mas acabou virando e encerrou a sessão em baixa: o Brent caiu 0,56% e o WTI recuou 0,17%. Além disso, declarações de Bolonaro afirmando que pode rever a política de preços da Petrobras se não houver prejuízos para a estatal também contribuíram para trazer instabilidade aos papéis.

Nesse cenário, as ações PN da Petrobras (PETR4) terminaram a sexta-feira em queda de 2,33%, enquanto os ativos ON (PETR3) tiveram baixa de 0,79%.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Mundo FIIs

Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento

30 de abril de 2025 - 11:06

Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

VOO BAIXO

Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)

28 de abril de 2025 - 14:43

O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

Conteúdo Empiricus

Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são

25 de abril de 2025 - 14:58

Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus

AGORA TEM FONTE

Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações

25 de abril de 2025 - 14:00

A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar