Mercado espera clareza no cenário à frente
Expectativa dos investidores é pelo avanço da reforma da Previdência na Câmara e desfecho da guerra comercial antes do fim do semestre

O mercado financeiro volta a ficar mais vulnerável à agenda desta quinta-feira, após uma pausa nas divulgações relevantes ontem, o que estreitou a oscilação dos ativos de risco. O destaque local fica com o Banco Central, já que a leitura do relatório final da reforma da Previdência na comissão especial ficou para a semana que vem. Enquanto isso, lá fora o G20 começa hoje no Japão, de onde se espera um cessar-fogo na guerra comercial.
O dia também reserva dados sobre o desempenho da economia norte-americana (PIB) nos três primeiros meses deste ano (9h30) e traz a divulgação de mais um documento do BC, o RTI (8h), que pode reduzir a previsão para o crescimento doméstico neste e no próximo ano. Ambas as divulgações devem calibrar as expectativas sobre os juros nos dois países.
Mas a autoridade monetária brasileira continua atuando em outras vias, de modo a impulsionar a atividade. Ontem à noite, o Banco Central decidiu reduzir a parcela dos depósitos que os bancos devem manter no BC, o chamado compulsório bancário, de 33% para 31%, voltando aos níveis praticados antes da crise de 2008.
A medida entra em vigor a partir de 1º de Julho e pode injetar até R$ 16,1 bilhões na economia, forçando a diminuição dos juros na oferta do crédito. Com essa redução, o BC sinaliza que, se partir para o afrouxamento da taxa básica de juros, a Selic pode não cair tanto quanto o mercado financeiro projeta - até três cortes ainda em 2019.
Em modo de espera
Mas como sinalizado pelo BC, o ciclo de cortes na Selic está condicionado ao avanço das reformas, sendo que um eventual atraso na votação da Previdência pode adiar o início do processo (leia mais abaixo). Já no exterior, uma frustração nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China pode levar o Federal Reserve a agir em breve. Do contrário, um avanço nas conversas pode adiar o primeiro corte em mais de dez anos nos juros norte-americanos.
O presidente Donald Trump e seu colega chinês, Xi Jinping, devem usar a reunião do G20, que começa hoje - manhã de sexta-feira, no Japão - para apertar o botão de pausa na disputa tarifária, que já dura mais de um ano. Os dois terão um encontro de 90 minutos na tarde de sábado (hora local), em Osaka.
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Com isso, os investidores devem seguir em suspense, à espera de algum avanço concreto sobre as novas regras para aposentadoria no Brasil ou a guerra comercial antes do fim do mês. Ainda assim, a proximidade do fechamento do trimestre e, de quebra, do primeiro semestre de 2019, pode aguçar o vaivém dos negócios, em meio aos ajustes de fim de período.
Por ora, os investidores se concentram em sinais otimistas antes do encontro entre Trump e Xi, relegando a ameaça da Casa Branca de sobretaxar mais US$ 300 bilhões em bens chineses importados, tarifando todos os produtos Made in China que chegam à América, caso as negociações não avançarem.
As apostas são de que como ambas as economias estão perdendo tração - a chinesa, principalmente - os dois vão querer fazer um acordo. Com isso, os mercados na Ásia encerraram a sessão em alta, com Hong Kong liderando os ganhos, sendo que o sinal positivo também prevalece em Nova York, animando o início do pregão europeu.
Já o petróleo recua, enquanto o dólar volta a mostrar força.
Novo parecer
O relator da reforma da Previdência na comissão especial, Samuel Pessoa, adiou para a semana que vem a leitura do voto complementar, que deve trazer mudanças no parecer após os debates na comissão e de um acordo com os líderes partidários. Ainda há vários entraves, que estão impedindo o andamento da proposta para o plenário da Câmara.
Mas a expectativa ainda é de que os pontos centrais da proposta original do governo, como a idade mínima para aposentadoria e as regras de transição, não sejam alterados. Além disso, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, ainda tenta costurar um acordo para a reinclusão dos estados e municípios nas regras.
Com isso, a votação na comissão especial deve ficar para semana que vem, até quarta-feira (dia 3), apertando ainda mais o prazo para votação da matéria, em dois turnos, no plenário da Casa antes do recesso parlamentar, em meados de julho. Há, portanto, dúvidas sobre o que o BC pode fazer se a reforma for votada só em primeiro turno.
Afinal, o Legislativo está cobrando a verba prometida pelo Executivo para aprovar a Previdência. Deputados dizem que o governo prometeu liberar R$ 10 milhões para cada parlamentar que votar a favor da reforma na comissão especial e outros R$ 20 milhões para aqueles que apoiarem o texto em plenário. Houve a promessa, mas não os recursos.
Diante do impasse qualquer atraso no andamento põe em risco a aprovação da proposta. Esse risco levantou dúvidas quanto à possibilidade de queda da Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em julho. O tom mais conservador da autoridade monetária também colocou em xeque o total de três cortes ainda em 2019.
Olho na agenda
Recapitulando, então, a agenda desta quinta-feira. Logo cedo, às 8h, tem o RTI. No mesmo horário, sai o resultado de junho do IGP-M, que deve mostrar desaceleração da taxa acumulada em 12 meses, após leituras mais salgadas nos meses anteriores. Também às 8h será conhecida a confiança do empresário na indústria neste mês.
Destaque, ainda internamente, para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve definir a meta para a inflação oficial (IPCA) em 2022. A expectativa é de que seja definido um alvo menor, de 3,50%, além de reconfirmar os objetivos de 4,0% e 3,75% para 2020 e 2021, respectivamente.
Já no exterior, além da terceira e última leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre deste ano, que deve confirmar uma expansão de 3,1%, na taxa anualizada. No mesmo horário, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país. Depois, às 11h, é a vez das vendas pendentes de imóveis residenciais em maio.
Na Europa, sai o índice de confiança do consumidor em junho, logo cedo. No fim do dia, o Japão divulga dados sobre a produção industrial e o desemprego.
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