Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou, mais uma vez, a taxa básica de juros nesta quarta-feira (7), desta vez em 0,50 ponto percentual. O ajuste em magnitude inferior ao da última reunião já era esperado pelo mercado e elevou a Selic de 14,25% para 14,75% ao ano, maior patamar desde agosto de 2006.
No entanto, esta alta pode ser a última do ciclo, o que significa que os juros no Brasil podem, por ora, ter atingido o topo.
Ao longo do último mês, investidores e economistas de mercado foram reajustando suas expectativas para as taxas e agora veem a Selic terminando o ano no patamar atual de 14,75%. Há quem veja a possibilidade de o Copom até mesmo começar a reduzir os juros já no fim de 2025.
- E MAIS: Calendário de resultados desta semana inclui Bradesco, PRIO, Itaú Unibanco, Ambev e outras empresas; acompanhe a cobertura completa de balanços
A mudança nas expectativas se deu em razão da perspectiva de desaceleração global e do enfraquecimento do dólar observado com o tarifaço do presidente americano Donald Trump, que tendem a aliviar a inflação por aqui.
Tanto que, para a reunião de hoje, chegaram a aumentar as apostas em uma alta mais branda, de apenas 0,25 ponto percentual.
O Copom não deu indicativo sobre novas altas nos seus próximos encontros. Apenas afirmou que o cenário é incerto, demanda cautela e flexibilidade para incorporação de novos dados que impactem a dinâmica inflacionária — uma postura de esperar para ver.
Leia Também
O que a alta da Selic representa para a sua reserva de emergência e os demais investimentos de renda fixa
Seja como for, por enquanto a renda fixa pós-fixada — aqueles investimentos cuja remuneração é indexada à Selic ou ao CDI — ficará ainda mais rentável, e é provável que sua rentabilidade permaneça no mesmo patamar até pelo menos o fim deste ano.
É o caso dos títulos públicos Tesouro Selic; dos títulos bancários CDBs, LCIs e LCAs, quando indexados ao CDI; dos títulos de crédito privado como debêntures, CRIs e CRAs indexados ao CDI; e dos fundos que investem nesses tipos de papéis.
Alguns desses investimentos estão entre os mais conservadores do mercado brasileiro, sendo inclusive indicados para a reserva de emergência.
Por exemplo, os títulos Tesouro Selic, negociados no Tesouro Direto; os fundos de taxa zero que investem em Tesouro Selic, do tipo Selic Simples; e os CDBs de grandes bancos com liquidez diária.
Além disso, os investimentos pós-fixados também atuam como portos seguros em momentos de alta aversão a risco, que recentemente passou por um alívio no Brasil, mas continua elevada.
- VEJA MAIS: A temporada de balanços do 1T25 começou – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
Quanto rendem os investimentos de renda fixa conservadora com a Selic em 14,75%?
A mudança na Selic não altera a regra de remuneração da poupança, que continua pagando seu tradicional 0,50% ao mês mais Taxa Referencial (TR).
Embora a TR tenda a aumentar ligeiramente com a alta na taxa básica, a elevação dos juros torna a caderneta menos atrativa que as demais aplicações de renda fixa pós-fixadas, já que as remunerações destas tendem a subir, enquanto a da poupança tem uma espécie de teto.
Com a Selic em 14,75% ao ano (e supondo um CDI um pouco inferior, de 14,65%, como costuma acontecer), as rentabilidades mensais e anuais líquidas das principais aplicações financeiras conservadoras ficam assim:
Investimento | Retorno líquido em 1 mês* | Retorno líquido em 1 ano** |
---|---|---|
Poupança | 0,67% | 8,33% |
Tesouro Selic 2028 (via Tesouro Direto) | 0,86% | 12,01% |
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero | 0,89% | 12,09% |
CDI bruto | 1,15% | 14,65% |
Parâmetros da simulação
- Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de abril de 2025 (0,1689%);
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma taxa de administração igual a zero, o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento) e uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre todo o montante investido, que é o padrão da calculadora do Tesouro Direto. Atualmente, no entanto, existe uma isenção da taxa de custódia para valores aplicados de até R$ 1 mil, o que significa que a verdadeira rentabilidade do Tesouro Selic, nesses casos, é um pouco maior que a estimada na tabela.
Caso a Selic tenha de fato atingido o topo do ciclo, ela não ficará estagnada em 14,75% por muito tempo. O mercado já começa a precificar juros um pouco mais baixos a partir de 2026, o que significa que, para prazos um pouco maiores, a rentabilidade das aplicações conservadoras pode ser menor que a projetada na tabela.
Assim, para dar uma ideia melhor de como ficará a rentabilidade dos investimentos conservadores daqui para frente, vamos simular a aplicação para os prazos de um e dois anos utilizando as estimativas do mercado para a Selic e o CDI (DI futuro) para maio de 2026 (14,59%) e junho de 2027 (13,74%), respectivamente.
Repare que ambas as previsões já precificam uma Selic menor que a atual, estimando que o BC vai cortar a taxa básica de juros.
Vale frisar, no entanto, que essas projeções podem mudar a partir da decisão do Copom de hoje, bem como das sinalizações do Banco Central para as próximas reuniões. Além disso, as projeções para a poupança continuam considerando a TR de abril, que também pode mudar daqui para a frente.
Investimento | Retorno líquido em 1 ano* | Retorno líquido em 2 anos** |
---|---|---|
Poupança | 8,33% | 17,35% |
Tesouro Selic 2028 (via Tesouro Direto) | 11,96% | 25,94% |
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero | 12,04% | 24,84% |
LCI 90% do CDI | 13,04% | 26,08% |
Parâmetros da simulação
- DI para maio de 2026 (simulação de 1 ano): 14,59% a.a.
- Selic para maio de 2026 (simulação de 1 ano): 14,69% a.a.
- DI para junho de 2027 (simulação de 2 anos): 13,74% a.a.
- Selic para junho de 2027 (simulação de 2 anos): 13,84% a.a.
- Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de abril (0,1689%);
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma aplicação de R$ 100 mil, taxa de custódia de 0,20% ao ano, uma taxa de administração igual a zero e o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento).
Veja, na tabela a seguir, quanto você teria ao final de cada período caso aplicasse R$ 100 mil em cada um desses investimentos, nas circunstâncias da simulação anterior:
Investimento | Quanto você teria após 1 ano | Quanto você teria após 2 anos |
---|---|---|
Caderneta de poupança | R$ 108.328,79 | R$ 117.351,26 |
Tesouro Selic 2028 | R$ 111.956,52 | R$ 124.843,17 |
CDB ou fundo Tesouro Selic 100% do CDI | R$ 112.036,75 | R$ 124.962,69 |
LCI 90% do CDI | R$ 113.040,35 | R$ 126.080,05 |
De SNCI11 a URPR11: Calote de CRIs é problema e gestores de fundos imobiliários negociam alternativas
Os credores têm aceitado abrir negociações para buscar alternativas e ter chances maiores de receber o pagamento dos títulos
Renda fixa capta bilhões em dólar e em real e consolida ‘novo normal’ no primeiro semestre de 2025, diz Anbima
Debêntures incentivadas ganham cada vez mais destaque, e até mesmo uma “alternativa exótica” cresce como opção
Ficou mais barato investir em títulos do Tesouro dos EUA e renda fixa global: Avenue amplia variedade de bonds e diminui valor mínimo
São mais de 140 novos títulos emitidos por companhias de países como Canadá, França e Reino Unido
Perdeu a emissão primária de debêntures da Petrobras (PETR4)? Títulos já estão no mercado secundário e são oportunidade para o longo prazo
Renda fixa da Petrobras paga menos que os títulos públicos agora, mas analistas veem a possibilidade de retorno ou ganho de capital no futuro
Renda fixa vai ganhar canal digital de negociação no mercado secundário com aval da CVM; entenda como vai funcionar
O lançamento está previsto para acontecer neste mês, já com acesso a debêntures, CRIs, CRAs, CDBs, LCIs, LCAs e LIGs
Gestores não acreditam que tributação de títulos isentos vai passar, mas aumentam posição em debêntures incentivadas
Pesquisa exclusiva da Empiricus revela expectativa de grandes gestores de crédito sobre a aprovação da MP 1.303 e suas possíveis consequências
Isa Energia e CPFL são compra em julho. Confira as recomendações de debêntures, CRI e CRA, LCD e títulos públicos para o mês
BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade na renda fixa agora, diante da perspectiva de taxas menores no futuro
CDB ou LCA: títulos mais rentáveis de junho diminuem taxas, mas valores máximos chegam a 105% do CDI com imposto e 13,2% ao ano isento de IR
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a maio
“Uma pena o Brasil ter entrado nessa indústria de isento”: por que Reinaldo Le Grazie, ex-BC, vê a taxação de títulos de renda fixa com bons olhos?
MP 1.303 reacende uma discussão positiva para a indústria, segundo o sócio da Panamby, que pode melhorar a alocação de capital no Brasil
Nem toda renda fixa, mas sempre a renda fixa: estas são as escolhas dos especialistas para investir no segundo semestre
Laís Costa, da Empiricus, Mariana Dreux, da Itaú Asset, e Reinaldo Le Grazie, da Panamby, indicam o caminho das pedras para garantir os maiores retornos na renda fixa em evento exclusivo do Seu Dinheiro
Crédito privado conquistou os investidores com promessas de alto retorno e menos volatilidade; saiba o que esperar daqui para frente
Ativos de crédito privado, como FIDCs e debêntures, passaram a ocupar lugar de destaque na carteira dos investidores; especialistas revelam oportunidades e previsões para o setor
Petrobras (PETR4) emite R$ 3 bilhões em debêntures, com taxas que pagam menos que os títulos públicos — mas são consideradas atrativas
A renda fixa da Petrobras, com isenção de imposto de renda, tem apelo significativo neste momento, segundo avaliação da Empiricus
Subiu mais um pouquinho: quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 15%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,25 ponto percentual nesta quarta (18), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; ajuste deve ser o último do ciclo de alta
Acabou a isenção: como as mudanças propostas no imposto de renda dos investimentos podem mexer com os mercados
Investidores podem esperar mudanças nas taxas, nos prazos e nos retornos se propostas da MP 1.303/25, que estabelece imposto de 5% para isentos e alíquota única de 17,5% para demais investimentos, forem aprovadas
LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas devem perder isenção de IR e passar a ser tributadas; veja regras completas
Governo publicou texto da Medida Provisória com novas regras de tributação para investimentos que inclui tributação de 5% para títulos de renda fixa antes isentos
Estratégia dos gestores: títulos AAA e agro ficam em segundo plano; pitada de risco é bem-vinda para melhorar retornos
Enquanto investidores colocam cada vez mais fichas no crédito privado, gestores enfrentam cenário mais difícil para retornos acima da curva
O que esperar da renda fixa com o fim das altas na Selic e a possível tributação de isentos, como LCI e LCA?
No Touros e Ursos desta semana, Ulisses Nehmi, CEO da gestora de renda fixa Sparta, fala sobre estratégias e riscos diante de um juro tão alto e ameaças de tributação
Renda fixa em junho: Tesouro IPCA+ e debênture da Sabesp são destaques; indicações incluem títulos isentos como CRIs, LCAs e a nova LCD
Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam comprar na renda fixa em junho
Não são só as LCIs e LCAs! CRI, CRA e debêntures incentivadas também devem perder isenção; demais investimentos terão alíquota única
Pacote de medidas para substituir o aumento do IOF propõe tributação de 5% em todos os títulos de renda fixa hoje isentos, além de alíquota única de 17,5% nas demais aplicações
Ainda vale a pena investir em LCI e LCA com o imposto de 5% proposto por Haddad? Fizemos as contas
Taxação mexe com um dos investimentos preferidos do investidor pessoa física; LCI e LCA hoje são isentas de imposto de renda