Ambipar (AMBP3) não é Americanas (AMER3): as lições dos calotes de 2025 no mercado de crédito privado para avaliar o risco da sua carteira
Em carta mensal, Sparta analisa por que os eventos de crédito deste ano não doeram tanto no mercado de debêntures quanto os de empresas como Americanas e Light em 2023 e avalia os cenários de risco e oportunidades à frente
Por que determinados eventos de crédito, como calotes e quebras de empresas, provocam uma reação imediata e ampla no mercado de renda fixa privada, enquanto outros são absorvidos quase sem ruído? Quando a fraude da Americanas (AMER3) estourou, em 2023, a reação dos investidores foi praticamente imediata: em três dias os preços dos títulos de dívida (debêntures) da companhia caíram para 10% do valor.
Problemas financeiros da Light (LIGT3), revelados em seguida, também sacrificaram os ativos da elétrica e o mercado de debêntures como um todo.
No entanto, esses fortes impactos não foram observados nos eventos de crédito deste ano. Braskem (BRKM5) e Ambipar (AMP3) são os casos mais recentes — e passam por uma reprecificação a conta-gotas.
- LEIA TAMBÉM: Veja como acessar os relatórios do BTG Pactual gratuitamente com a cortesia do Seu Dinheiro
Para a Sparta, a diferença não está no emissor ou na situação que levou aos problemas financeiros dessas empresas. O que determina a resposta do mercado é uma combinação de três fatores:
- Como a perda é precificada;
- Quão distribuído é o ativo no mercado; e
- O peso relativo desse ativo na indústria de fundos.
Em sua carta mensal, a gestora avalia que a explicação, em grande parte, está na escala.
“Em 2023, esses casos [da Americanas e da Light] representavam algo como R$ 7 bilhões em exposição agregada, ou seja, cerca de 0,70% do patrimônio líquido do mercado, e distribuídos entre diversas gestoras”, diz o relatório.
Leia Também
Na prática, as posições individuais dos fundos eram pequenas, porém disseminadas em quase toda a indústria. “Gerou uma reação coordenada, amplificando o impacto técnico.”
Já os eventos recentes, de Braskem e Ambipar, representam um volume ainda menor: de 0,14% do patrimônio líquido do mercado — e concentrado em poucos fundos.
“A precificação foi gradual, diluída ao longo de meses, e a média dos fundos superou o CDI em meses como setembro, dado que a perda foi localizada, não sistêmica”, diz a Sparta.
O que o investidor deve avaliar em fundos de crédito?
A carta da Sparta afirma que um jeito intuitivo de avaliar eventos de crédito é seguindo o dilema popular: “o que é melhor: um fim horroroso ou um horror sem fim?”
Levando essa dualidade para os fundos, a gestora afirma que a melhor forma de o investidor avaliar sua escolha é considerando como o risco é distribuído no fundo e como ele se manifesta na cota.
Em carteiras pulverizas e líquidas, em que as posições em cada empresa são inferiores a 1% do patrimônio líquido, mesmo em um evento abrupto, a tendência de impacto é muito limitada.
“A remarcação [de preço do título] dói, mas cabem poucos ‘fins horrorosos’ relevantes. O risco sistêmico é baixo”, diz o relatório.
Já em carteiras mais concentradas, com poucos ativos e baixa liquidez, a história é outra. Segundo a gestora, a baixa volatilidade no dia a dia pode mascarar os riscos, mas quando a reprecificação acontece, o ajuste tende a ser grande e repentino.
“O problema estava sendo carregado sem que o preço mostrasse sua evolução. Nesse contexto, o ‘fim horroroso’ pode ser devastador”, diz o relatório.
Por fim, a conclusão da carta é que eventos abruptamente precificados tendem a produzir volatilidade imediata no mercado, mas permitem uma estabilização rápida pela indústria. Já eventos prolongados podem parecer menos intensos no começo, mas “frequentemente carregam riscos maiores e mais assimétricos”.
Os caminhos dos fundos de crédito
Neste momento, os fundos de crédito de infraestrutura, que investem em debêntures incentivadas isentas de impostos de renda, passam por uma transição, depois de meses intensos de reprecificação dos títulos.
Segundo a Sparta, os próximos 12 meses dificilmente serão parecidos com os 12 meses passados.
Com os prêmios mais achatados em relação aos retornos dos títulos públicos e rentabilidades mensais mais modestas, esses fundos têm chances crescentes de resgates, acredita a gestora.
Se por um lado isso é ruim para o patrimônio dos fundos, por outro tende a reduzir a pressão compradora que está achatando os prêmios dos títulos. Com o tempo, a normalização desses retornos é benéfica para a indústria.
A Sparta também afirma não esperar uma grande demanda de captação para o próximo ano. “Nossa interpretação é que as carteiras dos fundos estão mais alocadas do que se assume, e que a captação líquida à frente tende a ser substancialmente menor.”
Uma posição que não é unânime no mercado de crédito. Para a ARX, por exemplo, o risco de resgates é baixo, dado que os cortes na Selic devem ser modestos e o investidor não tem alternativas de investimento com o mesmo nível de risco.
As apostas da casa estão nos títulos atrelados ao IPCA e nos prefixados, diante dos possíveis cortes na taxa Selic em 2025. “A queda nas taxas de juros tende a ser o principal motor de retorno”, diz o relatório.
Além disso, os gestores da Sparta estão priorizando uma liquidez acima da média nos fundos e prazos mais curtos nos títulos, “privilegiando a capacidade de reagir rapidamente caso surjam oportunidades em uma eventual reprecificação”.
Tesouro Direto: prefixado curto dá adeus aos 13% ao ano — atrelados à inflação começam a perder taxa de 7%
Surpresa da divulgação do IPCA de outubro foi gatilho para taxas do Tesouro Direto se afastaram dos níveis mais altos nesta terça-feira (11)
Renda fixa para novembro: CRAs da Minerva e CDB que paga IPCA + 8,8% são as estrelas das recomendações do mês
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam aproveitar as rentabilidades enquanto a taxa de juros segue em 15% ao ano
Onda de resgates em fundos de infraestrutura vem aí? Sparta vê oportunidade nos ativos isentos de IR listados em bolsa
Queda inesperada de demanda acende alerta para os fundos abertos, porém é oportunidade para fundos fechados na visão da gestora
A maré virou: fundos de infraestrutura isentos de IR se deparam com raro mês negativo, e gestor vê possível onda de resgates
Queda inesperada de demanda por debêntures incentivadas abriu spreads e derrubou os preços dos papéis, mas movimento não tem a ver com crise de crédito
Ficou mais fácil: B3 passa a mostrar posições em renda fixa de diferentes corretoras na área do investidor
Funcionalidade facilita o acompanhamento das aplicações, refletindo o interesse crescente por renda fixa em meio à Selic elevada
Novo “efeito Americanas”? Títulos de dívida de Ambipar, Braskem e Raízen despencam e acendem alerta no mercado de crédito
As três gigantes enfrentam desafios distintos, mas o estresse simultâneo nos seus títulos de dívida reacendeu o temor de um contágio similar ao que ocorreu quando a Americanas descobriu uma fraude bilionária em 2023
Tesouro IPCA+ com taxa de 8%: quanto rendem R$ 10 mil aplicados no título do Tesouro Direto em diferentes prazos
Juro real no título indexado à inflação é histórico e pode mais que triplicar o patrimônio em prazos mais longos
Tesouro Direto: Tesouro IPCA+ com taxa a 8% é oportunidade ou armadilha?
Prêmio pago no título público está nas máximas históricas, mas existem algumas condições para conseguir esse retorno total no final
Até o estrangeiro se curvou à renda fixa do Brasil: captação no exterior até setembro é a maior em 10 anos
Captação no mercado externo neste ano já soma US$ 29,5 bilhões até setembro, segundo a Anbima
Com renda fixa em alta, B3 lança índice que acompanha desempenho do Tesouro Selic
Indicador mede o desempenho das LFTs e reforça a consolidação da renda fixa entre investidores; Nubank estreia primeiro produto atrelado ao índice
Fim da ‘corrida aos isentos’: gestores de crédito ficam mais pessimistas com as debêntures incentivadas com isenção de IR garantida
Nova pesquisa da Empiricus mostra que os gestores estão pessimistas em relação aos retornos e às emissões nos próximos meses
Renda fixa recomendada para outubro paga IPCA + 8,5% e 101% do CDI — confira as opções de debêntures isentas, CDB e LCA
BTG Pactual, BB Investimentos, Itaú BBA e XP recomendam travar boa rentabilidade agora e levar títulos até o vencimento diante da possibilidade de corte dos juros à frente
LCI, LCA, FII e fiagro mantêm isenção de imposto de renda; veja as novas mudanças na MP 1.303/25, que deve ser votada até amanhã (8)
Tributação de LCIs e LCAs em 7,5% chegou a ser aventada, mantendo-se isentos os demais investimentos incentivados. Agora, todas as isenções foram mantidas
Problemas de Ambipar (AMBP3) e Braskem (BRKM5) podem contaminar títulos de dívida de outras empresas, indica Fitch
Eventos de crédito envolvendo essas duas empresas, que podem estar em vias de entrar em recuperação judicial, podem aumentar a aversão a risco de investidores de renda fixa corporativa, avalia agência de rating
Tesouro Direto: retorno do Tesouro IPCA+ supera 8% mais inflação nesta quinta (2); o que empurrou a taxa para cima?
Trata-se de um retorno recorde para o título de 2029, que sugere uma reação negativa do mercado a uma nova proposta de gratuidade do transporte público pelo governo Lula
Brasil captou no exterior com menor prêmio da história este ano: “há um apetite externo muito grande”, diz secretário do Tesouro
Em evento do BNDES, Rogério Ceron afirmou que as taxas dos títulos soberanos de cinco anos fecharam com a menor diferença da história em relação aos Treasurys dos EUA
Isentas de imposto de renda ou não, debêntures incentivadas continuarão em alta; entenda por quê
A “corrida pelos isentos” para garantir o IR zero é menos responsável pelas taxas atuais dos títulos do que se pode imaginar. O fator determinante é outro e não vai mudar tão cedo
Renda fixa: Tesouro IPCA+ pode render 60% em um ano e é a grande oportunidade do momento, diz Marília Fontes, da Nord
Especialista aponta que as taxas atuais são raras e que o fechamento dos juros pode gerar ganhos de até 60% em um ano
Quanto rendem R$ 10 mil na renda fixa conservadora com a Selic estacionada em 15% — e quais são os ativos mais atrativos agora
Analistas de renda fixa da XP Investimentos simulam retorno em aplicações como poupança, Tesouro Selic, CDB e LCI e recomendam ativos preferidos na classe
Tesouro Selic deve ser primeiro título do Tesouro Direto a ter negociação de 24 horas, diz CEO da B3
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, também falou sobre o que esperar do próximo produto da plataforma: o Tesouro Reserva de Emergência
