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Carolina Gama

Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Trump esbraveja, mas Fed segue com juros inalterados à espera do pior

A decisão de não mexer nos juros — que continuam na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano — era amplamente esperada pelo mercado; entenda o que está por trás dessa manutenção

Carolina Gama
18 de junho de 2025
15:11 - atualizado às 10:29
Imagem criada por inteligência artificial mostra Donald Trump encarando o presidente do BC dos EUA, Jerome Powell. Ao fundo, a bandeira dos EUA desfocada.
Imagem criada por inteligência artificial de Donald Trump e Jerome Powell - Imagem: Aurora / Grok

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) está entre a cruz e a espada: de um lado, as tarifas de Donald Trump não pressionaram os preços como o esperado, abrindo caminho para um corte de juros. De outro, a aceleração da inflação ainda pode estar por vir, afinal, as taxas recíprocas foram anunciadas há apenas dois meses.

Em meio a esse dilema, as autoridades do Fed decidiram nesta quarta-feira (18) manter o botão de pausa pressionado: os juros seguem na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, como era amplamente esperado pelo mercado. 

No comunicado, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) diz que "a incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas permanece elevada".

"Embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir a um ritmo sólido. A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho seguem sólidas. A inflação continua relativamente elevada. O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato", afirma o documento.

  • Para comparar: O comunicado anterior dizia que a taxa de desemprego havia se estabilizado em nível baixo, que a incerteza econômica havia aumentado e que o comitê julgava que os riscos para a aceleração da inflação e aumento do desemprego eram maiores.

A decisão de hoje mira no futuro. No início deste ano, as empresas norte-americanas correram para acumular estoques em antecipação às tarifas de Trump, mas esse suprimento extra vai se esgotar em algum momento. 

Só que essa não é uma decisão sem riscos: dados econômicos mais recentes sugerem que rachaduras podem estar se formando no mercado de trabalho dos EUA.

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Ainda assim, a reação inicial do mercado é morna. Wall Street seguiu operando em alta assim que a decisão saiu, com o Dow Jones avançando 0,24%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq tinham altas de 0,25% e 0,33%, respectivamente.

Já os juros dos títulos do Tesouro norte-americano de dois anos, mais sensíveis à política monetária, aceleraram a queda e atingiram a mínima do dia, a 3,886%.

Por aqui, o Ibovespa manteve os ganhos, com avanço de 0,10%, aos 138.981,98 pontos, enquanto o dólar à vista chegou a inverter o sinal e operar em queda para depois subir 0,01%, a R$ 5,4975. 

Como ficam os juros e a economia daqui para frente

Uma boa medida dos riscos que envolvem a política monetária norte-americana veio das previsões dos membros do Fomc, atualizadas a cada três meses e que foram divulgadas hoje. 

No centro dessas projeções está o dot plot. O famoso gráfico de pontos do Fed mostra que o banco central norte-americano se mantém no caminho de cortar os juros duas vezes este ano — a mesma previsão feita em março, mês da última atualização feita pelos membros do comitê. 

O Fomc, no entanto, passou a prever uma aceleração da inflação em 2025: a estimativa anterior era de 2,7% e agora é de 3,0% — um sinal de que os membros do comitê acreditam que a pressão de preços via tarifas de Trump ainda vai acontecer. 

Confira as principais atualizações das projetos do Fomc apresentadas hoje:

Juros

  • 2025: mantido em 3,9%
  • 2026: 3,6% de 3,4% previstos em março
  • 2027: 3,4% de 3,1% previstos em março
  • Longo prazo: mantido em 3,0%

PIB dos EUA

  • 2025: 1,4% de 1,7% previstos em março
  • 2026: 1,6% de 1,8% previstos em março
  • 2027: mantido em 1,8%
  • Longo prazo: mantido em 1,8%

Inflação medida pelo PCE

  • 2025: 3,0% de 2,7% previstos em março
  • 2026: 2,4% de 2,2% previstos em março
  • 2027: 2,1% de 2,0% previstos em março
  • Longo prazo: mantido em 2,0%

Taxa de desemprego

  • 2025: 4,5% de 4,4% previstos em março
  • 2026: 4,5% de 4,3% previstos em março
  • 2027: 4,4% de 4,3% previstos em março
  • Longo prazo: mantida em 4,2%

Com as projeções dos membros do Fomc em mãos, o mercado consolidou expectativas de que o Fed retomará cortes de juros a partir de setembro. 

De acordo com a ferramenta de monitoramento do CME Group, o comitê reduzirá a taxa referencial em 0,50 ponto percentual (pp) neste ano.

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A pressão política no caminho dos juros

Além da incerteza sobre como as tarifas podem impactar a economia norte-americana, outro obstáculo que o Fed deve enfrentar é a pressão política

Trump renovou ataques ao banco central nas últimas semanas, dizendo que seu comandante, Jerome Powell, sempre chega "tarde demais" para ajustar os custos dos empréstimos e que "talvez precise forçar algo". 

Depois que a criação de empregos em maio superou as expectativas, Trump passou a exigir que o Fed reduzisse os juros em 2,5 p.p.

O vice-presidente J.D. Vance se juntou ao coro após o relatório moderado do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de maio, descrevendo a manutenção dos juros altos como "negligência monetária".

Para adicionar mais pressão ainda, Trump disse a repórteres no início deste mês que anunciará sua escolha para substituir Powell "muito em breve" — o mandato do chefe do  Fed vence em maio de 2026. 

Por isso, o que Powell disse hoje é o que, de fato, interessa ao mercado. 

Com a palavra, Jerome Powell

O chefe do Fed abriu o discurso reconhecendo que a inflação desacelerou significativamente, mas lembrou que a taxa ainda segue acima da meta de 2% do banco central. O dado oficial mais recente mostra o PCE em 2,1%. 

"A moderação da inflação se deve, em parte, ao esfriamento do mercado imobiliário", afirmou Powell.

Ele também voltou a dizer que o mercado de trabalho norte-americano não é uma fonte de pressão inflacionária nos EUA, reforçando a mensagem de que a “política monetária está bem posicionada para responder aos dados”. 

"O desemprego tem se mantido em uma faixa estreita e baixa, e um amplo conjunto de indicadores é consistente com o pleno emprego", disse.

Sobre a política comercial, Powell também não teve papas na língua: “O sentimento piorou, refletindo preocupações com a política comercial”. 

"As expectativas de inflação de curto prazo subiram. As tarifas são um fator relevante", afirmou Powell. "Os efeitos das tarifas vão depender do nível, mas aumentos neste ano provavelmente pesarão sobre a atividade econômica e empurrarão a inflação para cima", disse ele, acrescentando que as projeções dos membros do Fomc estão sujeitas a incertezas — "e elas estão elevadas neste momento".

Ele também explicou que é difícil prever o momento do repasse das tarifas aos preços, mas acredita que esses efeitos poderão ser conhecidos em alguma medida no verão, que no hemisfério norte acontece entre junho e setembro.

O presidente do Fed alertou ainda que esses efeitos podem ser mais persistentes, e que a obrigação do banco central norte-americano é evitar que "um aumento pontual de preços se transforme em um problema inflacionário contínuo".

Para isso, segundo ele, é essencial preservar a confiança nos rumos da política monetária. "Evitar uma inflação persistente depende, em última instância, de manter bem ancoradas as expectativas de inflação de longo prazo".

Vale lembrar que as expectativas de inflação subiram recentemente nos EUA, como reconheceu o próprio Powell durante as declarações na coletiva de hoje.

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