Oi (OIBR3) não morreu, mas foi quase: a cronologia de um dos maiores desastres da bolsa em 2025
A reversão da falência evitou o adeus definitivo da Oi à bolsa, mas não poupou os investidores: em um ano marcado por decisões judiciais inéditas e crise de governança, as ações estão entre as maiores quedas de 2025
Não foi por falta de adeus que a Oi (OIBR3) não deu o tchau definitivo à bolsa de valores neste ano. Após ter a falência decretada, as ações chegaram a sair da B3, mas a reversão do processo trouxe os papéis de volta às negociações — o que não evitou que telecom figurasse como a segunda maior queda da bolsa em 2025.
As ações encerraram o ano com queda de 87,3%, a R$ 0,17. Não é para menos, a companhia passou por poucas e boas (ou melhor: muitas e ruins) desde janeiro deste ano.
A seguir, o Seu Dinheiro te leva passo a passo na melindrosa estrada que a companhia percorreu nos últimos 12 meses, com a história que a trouxe até aqui. Nós também gravamos um vídeo com esse conteúdo, basta acessar:
Oi (OIBR3), pode falar?
As primeiras fagulhas do ano explodiram em meados de outubro, quando a Justiça decidiu afastar toda a diretoria da companhia, sob a acusação de má gestão. Segundo apurou o Seu Dinheiro, a decisão foi inédita no país porque partiu de uma avaliação da própria corte, sem um pedido formal dos credores, como é comum nesses casos.
O estopim para isso veio quando a Oi foi até a Justiça pedir proteção contra dívidas extraconcursais, as que não entram no seu processo de recuperação judicial.
Ou seja, a empresa já era protegida dos credores envolvidos na RJ, mas queria uma mãozinha extra para se blindar também dos que não estavam nesse bolo — em uma espécie de terceira recuperação judicial. Isso não é permitido no Brasil, já que a empresa já estava com outro processo em curso.
Leia Também
R$ 90 bilhões em dividendos, JCP e mais: quase 60 empresas fazem chover proventos às vésperas da taxação
O valor dessas dívidas está entre R$ 1,5 bilhão e R$ 1,7 bilhão. Foi quando a Justiça entendeu que havia um problema de gestão e interpretou que a empresa não tinha mais condições de continuar operando.
Semanas depois, a juíza Simone Gastesi Chevrand, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro alterou o processo da Oi para falência. Segundo Chevrand, a Oi tentou apelar até mesmo para a justiça norte-americana, por meio do Chapter 11, a lei de falências de lá.
É importante lembrar que a Oi já estava no Chapter 15 nos EUA, mecanismo usado para que a Justiça norte-americana reconheça e dê suporte a um processo de recuperação que está ocorrendo em outro país. A tentativa da companhia era sair do 15 para entrar no 11, mas não deu certo.
Se é por falta de adeus, Oi (OIBR3)
Dias depois de ter a falência decretada, no entanto, a desembargadora Mônica Maria Costa, da Primeira Câmara do Direito Privado do TJ-RJ, decidiu suspender os efeitos da decretação de falência, concedendo à companhia uma nova chance de seguir com a recuperação judicial já aprovada e homologada — a segunda da empresa, vale lembrar.
A decisão judicial levou em consideração um pedido do Itaú Unibanco (ITUB4), um dos maiores credores do grupo. O bancão recorreu da decisão de falência, argumentando que a continuidade da RJ seria mais benéfica para todos os credores, incluindo o próprio.
A desembargadora reconheceu o grave endividamento da companhia de telecomunicações, mas não enxergava que a recuperação da empresa seja impossível, pelo menos por ora.
A desembargadora também ordenou a investigação da Pimco, uma das principais acionistas da companhia. A apuração foca na possível má gestão e no abuso de poder de controle por parte da gestora, que entrou no capital da Oi após a capitalização de dívida.
Cabe destacar que a decisão da desembargadora manteve o afastamento da diretoria, como já antecipado pelo Seu Dinheiro. A telecom segue sob comando da WALD Administração de Falências e Empresas em Recuperação Judicial e da Preserva-Ação Administração Judicial, além da permanência de Bruno Rezende como gestor judicial.
Como uma empresa que já foi supertele está nessa pindaíba?
Até 1998, o sistema de telefonia brasileiro era estatal e centralizado na Telebras. Para atrair capital privado no super ciclo de privatizações promovido pelo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), o sistema foi dividido em 12 empresas, sendo três grandes holdings regionais de telefonia fixa: Telemar (Tele Norte Leste), Tele Centro Sul (Brasil Telecom) e Telefônica de São Paulo.
O maior desses blocos virou a Telemar, o embrião do que hoje é a Oi, montada para ir à leilão de privatização, que aconteceu em 1998.
Formada por 16 operadoras estaduais de telefonia fixa e responsável por uma área que se estendia do Norte ao Nordeste e avançava pelo Sudeste, a Telemar nasceu gigante, o que rendeu o apelido de “supertele”.
Por meio de um consórcio liderado pelo Grupo Andrade Gutierrez, foram investidos R$ 3,4 bilhões na compra da holding.
Os recursos que financiaram tudo isso vieram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e fundos de pensão — como Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras) — também entraram na oferta.
Em outras palavras, era como se o BNDES e os fundos de pensão fossem, ao mesmo tempo, acionistas e credores da nova companhia.
A marca Oi só surgiria em 2002, quando a Telemar decidiu entrar no mercado de telefonia móvel com uma proposta radicalmente diferente do tom sisudo das teles da época.
A estratégia funcionou. A marca ganhou força tão rapidamente que acabou engolindo a identidade original do grupo. Poucos anos depois, “Telemar” já era um nome reservado a documentos e notas contábeis.
Os erros que custaram tudo
Mas, nos anos 2000, a empresa tomou uma decisão técnica que se revelaria devastadora: a aposta na tecnologia WLL, a telefonia fixa via antenas.
A solução parecia barata e rápida para cumprir metas de universalização em regiões remotas, mas entregava serviço de baixa qualidade, sofria interferências e ficou obsoleta diante da expansão da internet. Enquanto concorrentes investiam em redes cabeadas, a Oi ficou presa a uma infraestrutura frágil e difícil de escalar.
O erro custou caro. A companhia teve de reconstruir grande parte da rede depois, gastando muito mais do que teria investido se tivesse seguido o padrão tradicional desde o início. O atraso tecnológico corroeu a caixa, atrasou a competitividade na banda larga e comprometeu a capacidade de gerar receita.
Esse é um movimento que muitos analistas consideram ter iniciado o declínio estrutural da companhia muito antes das grandes fusões e das recuperações judiciais. Soma-se a isso o fato de a companhia ter sede por expansão, o que gerou uma série de aquisições mal calculadas.
O mais simbólico foi a união com a Portugal Telecom, anunciada em 2013 e considerada até hoje um dos piores negócios da história recente do setor.
Logo depois da operação, a Oi descobriu que a Portugal Telecom havia feito um investimento bilionário em títulos de dívida de uma holding do Grupo Espírito Santo, que acabou falindo. A Oi foi forçada a absorver esse prejuízo, um golpe do qual ela nunca se recuperou.
Anos depois, em 2016, iniciou-se a primeira recuperação judicial, graças a dívidas de R$ 65 bilhões — a maior já registrada na história do país à época — finalizada em 2022. Mas, já no começo de 2023, voltou com o segundo processo.
Isso porque o processo não resolveu o problema estrutural da Oi: um negócio pesado, com baixa capacidade de geração de caixa e necessidade constante de investimentos em rede.
Moura Dubeux (MDNE3) anuncia R$ 351 milhões em dividendos com pagamento em sete parcelas; veja como receber
Cerca de R$ 59 milhões serão pagos como dividendos intermediários e mais R$ 292 milhões serão distribuídos a título de dividendos intercalares
Tupy (TUPY3) convoca assembleia para discutir eleição de membros do Conselho em meio a críticas à indicação de ministro de Lula
Assembleia Geral Extraordinária debaterá mudanças no Estatuto Social da Tupy e eleição de membros dos conselhos de administração e fiscal
Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes já impactou mais de 15 milhões de pessoas — e agora quer conceder crédito
Rede Mulher Empreendedora (RME) completou 15 anos de atuação em 2025
Localiza (RENT3) e outras empresas anunciam aumento de capital e bonificação em ações, mas locadora lança mão de ações PN temporárias
Medidas antecipam retorno aos acionistas antes de entrada em vigor da tributação sobre dividendos; Localiza opta por caminho semelhante ao da Axia Energia, ex-Eletrobras
CVM inicia julgamento de ex-diretor do IRB (IRBR3) por rumor sobre investimento da Berkshire Hathaway
Processo surgiu a partir da divulgação da falsa informação de que empresa de Warren Buffett deteria participação na resseguradora após revelação de fraude no balanço
Caso Banco Master: Banco Central responde ao TCU sobre questionamento que aponta ‘precipitação’ em liquidar instituição
Tribunal havia dado 72 horas para a autarquia se manifestar por ter optado por intervenção em vez de soluções de mercado para o banco de Daniel Vorcaro
Com carne cara e maior produção, 2026 será o ano do frango, diz Santander; veja o que isso significa para as ações da JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3)
A oferta de frango está prestes a crescer, e o preço elevado da carne bovina impulsiona as vendas da ave
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
