O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
A temporada de balanços das varejistas terminou com um gosto amargo entre os investidores brasileiros, com a Americanas (AMER3) entregando números ainda impactados pela reestruturação que sucedeu a crise após a fraude contábil multibilionária.
A varejista comandada por Leonardo Coelho foi o azarão da temporada. A companhia — que foi a última grande varejista brasileira a divulgar o balanço trimestral — não só reverteu lucro em prejuízo, como também enfrentou pressão sobre a rentabilidade e viu o e-commerce encolher pela metade.
Contudo, ela não foi a única a frustrar o mercado. No geral, a avaliação dos analistas é que o setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre.
- VEJA TAMBÉM: Mesmo com a Selic a 14,25% ao ano, esta carteira de 5 ações já rendeu 17,7% em 2025
Nomes como o Magazine Luiza (MGLU3) e a Casas Bahia (BHIA3) deixaram a desejar, com indicadores considerados fracos pelos analistas, especialmente quando o assunto são as vendas online.
O brilho da vez ficou novamente com Mercado Livre (MELI34), que ofuscou os concorrentes outra vez ao apresentar resultados fortes e desempenho acima dos pares brasileiros.
Confira os principais indicadores das varejistas digitais no 4T24:
| Empresa | Lucro/prejuízo líquido | Receita líquida | GMV |
|---|---|---|---|
| Mercado Livre (MELI34) | US$ 639 milhões (+287% a/a) | R$ 3,67 bilhões, na conversão atual | US$ 6,1 bilhões (+37% a/a) | R$ 35,1 bilhões, na conversão atual | US$ 14,5 bilhões (+8% a/a) | R$ 83,4 bilhões, na conversão atual |
| Casas Bahia (BHIA3) | -R$ 452 milhões (-54% a/a) | R$ 7,981 bilhões (+7,6% a/a) | R$ 12,06 bilhões* (+9,9% a/a) |
| Magazine Luiza (MGLU3) | R$ 294,8 milhões (+38,9% a/a) | R$ 10,79 bilhões (+2,3% a/a) | R$ 18,4 bilhões* (+3% a/a) |
| Americanas (AMER3) | -R$ 586 milhões (revertendo lucro de R$ 2,5 bilhões no 4T23) | R$ 4,37 bilhões (-4,50% a/a) | R$ 6,52 bilhões* (-2,3% a/a) |
Fonte: Balanços das empresas enviados à CVM.
O brilho do Mercado Livre (MELI34)
Favorito absoluto no mercado, o Mercado Livre (MELI34) seguia como a principal aposta para se destacar nesta temporada de balanços e fez jus à preferência ao superar todas as expectativas dos analistas.
Leia Também
Em termos financeiros, o lucro líquido praticamente quadruplicou em relação ao quarto trimestre de 2023, bem acima das estimativas do mercado.
Na contramão das varejistas brasileiras, um dos pontos positivos do balanço do Meli foi justamente a performance de vendas, que são online por natureza.
O gigante argentino do e-commerce viu o GMV (volume bruto de mercadorias, indicador de volume de receita gerada nos canais digitais) no Brasil subir 32% (ou R$ 9,9 bilhões) no comparativo anual, para R$ 41 bilhões.
A performance supera em muito a de pares como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia, que registraram avanços anuais de R$ 139 milhões e R$ 78 milhões no GMV, respectivamente.
Analistas também avaliam que as melhorias operacionais do Meli foram mais do que suficientes para compensar o aumento das provisões no negócio de crédito, cuja carteira de crédito aumentou 74% na base anual, com maior participação do cartão de crédito no mix do portfólio.
“Como a discussão sobre as taxas de juros e uma potencial desaceleração do consumo (principalmente no segundo semestre) ainda estão no centro das atenções, com potenciais impactos negativos para o crescimento da receita líquida das empresas e para os processos de desalavancagem, somos conservadores na exposição ao setor”, avalia o BTG Pactual.
O banco hoje conta com uma combinação preferida de empresas no setor de varejo que apresentam um melhor momento e menos espaço para revisões negativas de lucros — e o Mercado Livre está entre os poucos papéis que figuram na lista.
- Leia também: Mercado Livre (MELI34) recebe o selo de compra da XP: anúncios e Mercado Pago são as alavancas de valor
Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3): o e-commerce começou a fraquejar?
Em direção diametralmente oposta à argentina, as varejistas do Brasil trouxeram números amargos no quarto trimestre, com a Americanas (AMER3) demandando dos investidores locais um tira-gosto do sabor deixado pela temporada de resultados.
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, o CEO da Americanas, Leonardo Coelho, afirmou que a varejista deve levar “cinco ou seis trimestres” para superar a crise causada pela fraude contábil da administração anterior.
No quarto trimestre, além do prejuízo líquido de R$ 586 milhões e de uma queima de caixa milionária no trimestre, a Americanas enfrentou ainda forte pressão sobre o e-commerce, com queda de quase metade das vendas no canal digital em relação ao ano anterior.
Segundo o CEO, o segmento digital atingiu uma estabilidade e deve voltar a crescer no início de 2026.
No entanto, o resultado futuro será “muito menor do que o marketplace era no passado”, visto que o modelo antigo era “referência por conta de anabolizantes”, com ofertas não rentáveis e sustentáveis de cashback, frete grátis e parcelamento em 12 vezes sem juros.
- E MAIS: Especialistas revelam os ativos mais promissores do mercado para investir ainda hoje; confira
Além da Americanas, outras varejistas brasileiras deram sinais de que o e-commerce está começando a vacilar diante das altas taxas de juros no país.
O Magazine Luiza (MGLU3) também entregou resultados vistos pelo mercado como fracos, com uma performance aquém das expectativas na divisão de e-commerce, parcialmente compensada por uma tendência de melhoria nas operações de lojas físicas.
O mercado prevê novas pressões para o Magalu daqui para frente, vindas do crescimento mais lento do GMV online devido à exposição a categorias altamente cíclicas, como eletrônicos e eletrodomésticos, e à perspectiva competitiva acirrada no canal online.
Além disso, as altas taxas de juros no Brasil devem bater diretamente nos resultados da Luizacred, a joint venture do Magalu e do Itaú Unibanco com foco em cartões de crédito, e levar a um alto custo de financiamento, impactando os resultados financeiros da varejista.
Quanto à Casas Bahia (BHIA3), a avaliação do mercado é que a frustração com o balanço veio da linha da lucratividade, com um prejuízo pior que o esperado, resultado de despesas financeiras acima do previsto para o trimestre, e vendas digitais mais fracas.
O banco Safra também destacou que a baixa redução da dívida líquida reforça o desafio da varejista em reverter o prejuízo líquido.
A XP considerou os resultados da Casas Bahia mistos, com boas tendências, embora ainda pressionados pela alavancagem. Para a corretora, a rentabilidade foi novamente o destaque do trimestre diante da maior qualidade dos estoques, do mix de produtos e do aumento da penetração de serviços e soluções financeiras.
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região
FII BRCO11 fecha contrato de locação com o Nubank (ROXO34) e reduz vacância a quase zero; XP recomenda compra
Para a corretora, o fundo apresenta um retorno acumulado muito superior aos principais índices de referência
OPA da Ambipar (AMBP3): CVM rejeita pedido de reconsideração e mantém decisão contra a oferta
Diretoria da autarquia rejeitou pedido da área técnica para reabrir o caso e mantém decisão favorável ao controlador; entenda a história
Azul (AZUL54) chega a cair mais de 40% e Embraer (EMBJ3) entra na rota de impacto; entenda a crise nos ares
Azul reduz encomenda de aeronaves com a Embraer, enquanto ações despencam com a diluição acionária prevista no plano de recuperação
Corrida por proventos ganha força: 135 empresas antecipam remuneração; dividendos e JCP são os instrumentos mais populares
Recompras ganham espaço e bonificação de ações resgatáveis desponta como aposta para 2026, revela estudo exclusivo do MZ Group
IG4 avança na disputa pela Braskem (BRKM5) e leva operação bilionária ao Cade; ações lideram altas na B3
A petroquímica já havia anunciado, em meados deste mês, que a gestora fechou um acordo para assumir a participação da Novonor, equivalente a 50,1% das ações com direito a voto
Nvidia fecha acordo de US$ 20 bilhões por ativos da Groq, a maior aquisição de sua história
Transação em dinheiro envolve licenciamento de tecnologia e incorporação de executivos, mas não a compra da startup
