Média e alta renda ‘seguram as pontas’, enquanto Minha Casa Minha Vida brilha: o que esperar das construtoras no 3T25?
Balanços do terceiro trimestre de 2025 devem reforçar o momento positivo das construtoras populares em um ano marcado pelo avanço do Minha Casa Minha Vida; Cury e Direcional seguem sendo destaques na visão de analistas
Se existe algum ponto de “quase unanimidade” entre gestores e analistas hoje, ele atende pelo nome das construtoras populares. Impulsionadas pelo bom momento do Minha Casa Minha Vida (MCMV), essas empresas têm entregado uma sequência de trimestres robustos, com direito a ações dobrando de valor na bolsa desde janeiro.
Para a temporada de balanços do terceiro trimestre de 2025, a expectativa dos analistas é de que esse segmento continue sendo o destaque na construção civil, de acordo com o BTG Pactual e o Bank of America (BofA).
“No segmento de baixa renda, mantemos a nossa opinião de que a falta de novas notícias é uma boa notícia, uma vez que: o governo fez ajustes positivos no MCMV, melhorando a acessibilidade, e as empresas listadas continuam ganhando participação de mercado no programa”, diz o BTG em relatório.
O time do banco projeta que a receita líquida do setor cresça 21% na base anual, em média, e que os lucros subam 23% ano a ano, excluindo a MRV.
Na visão da XP, o elevado backlog — vendas ainda não contabilizadas como receita — deve sustentar uma expansão expressiva das receitas e uma dinâmica positiva das margens nas construtoras do segmento de baixa renda.
Já no caso das companhias voltadas para a média e a alta renda, a corretora destaca que a resiliência operacional deve continuar sendo um importante impulsionador dos lucros em meio a sinais de desaceleração nas vendas de estoque.
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O BTG tem a mesma visão, destacando a resiliência como uma surpresa positiva, já que as taxas de hipoteca atingiram níveis recordes. O banco destaca que, em termos agregados, as vendas líquidas aumentaram 9% no ano no terceiro trimestre, como demonstrado nas prévias operacionais já divulgadas.
“Esperamos uma margem bruta de 36%, o que é sólido, mas sem grande crescimento, apenas 20 pontos-base no ano. Projetamos uma alta do lucro por ação (LPA) de 4% ano a ano no terceiro trimestre de 2025, em média, enquanto a rentabilidade (ROE) deve ser de 14%, em média, para as empresas”, diz o banco em relatório.
No geral, a visão é de que o terceiro trimestre reforce as tendências que já temos visto no setor ao longo de 2025: o segmento de baixa renda apresentando um desempenho positivo e o de média/alta ‘segurando bem’ as pontas.
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Construtoras de baixa renda: o que esperar no 3T25?
Na visão do Santander, Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3) devem ser os principais destaques positivos. Enquanto isso, para o BofA, a MRV (MRVE3) deve apresentar um aumento mais fraco de receita ano a ano, mas uma melhora substancial no lucro líquido.
Cury (CURY3)
A companhia divulga os resultados na noite de desta segunda-feira (10). O Santander acredita que a empresa entregará um forte avanço no lucro líquido, de 42,5% na comparação anual, impulsionado por:
- uma margem bruta robusta de 39,7%, alta de 18 pontos-base na comparação trimestral, refletindo a eficiência de custos da companhia e os reajustes contínuos de preços;
- menor sazonalidade associada às provisões de participação nos lucros; e
- melhor resultado financeiro líquido, dado o desempenho de geração de caixa acima do esperado no terceiro trimestre de 2025.
Na visão do BTG, a receita líquida deve ser de R$ 1,4 bilhão — salto de 32% ano a ano —, devido às sólidas pré-vendas, que subiram 20% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
“Projetamos uma margem bruta ajustada de 39,8% (ex-juros), um aumento de 80 bps ano a ano. Esperamos um lucro líquido de R$ 244 milhões, salto de 43% frente ao mesmo trimestre do ano passado, com um impressionante ROE de 62%. A geração de caixa [já divulgada] foi forte, de R$ 233 milhões”, diz o banco.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a Cury no 3T25:
- Lucro líquido: R$ 228 milhões;
- Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização): R$ 304 milhões;
- Margem Ebitda: 22,4%;
- Receita líquida: R$ 1,359 bilhão;
- Margem líquida: 16,7%.
Direcional (DIRR3)
A companhia dirigida por Ricardo Gontijo divulga o resultado na próxima quarta-feira (12). O Santander projeta uma aceleração de 34,1% no lucro líquido anual, apesar do avanço na participação de minoritários após a venda de uma fatia da Riva.
Vale lembrar que a divisão atendia faixas de renda acima do MCMV antes da criação da Faixa 4 e agora se beneficia da ampliação do programa. A previsão do banco é sustentada por:
- uma expansão de 23,5% da receita líquida na comparação anual;
- margens brutas robustas de 41,1%, alta de 218 pontos-base na comparação trimestral; e
- melhor diluição de despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A).
Nas estimativas do BTG, a receita líquida deverá ser de R$ 1,16 bilhão, alta de 28% no ano, com margem bruta de 42,1% — avanço de 350 pontos-base frente ao mesmo intervalo de 2024.
O banco espera que o lucro líquido avance 36% versus o terceiro trimestre de 2024, para R$ 219 milhões, impulsionado por ganhos de cerca de R$ 20 milhões com a venda da participação na Riva. A Direcional registrou uma geração de caixa (já divulgada) de R$ 114 milhões no trimestre.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a Direcional no 3T25:
- Lucro líquido: R$ 218 milhões;
- Ebitda: R$ 313 milhões;
- Margem Ebitda: 26,3%;
- Receita líquida: R$ 1.189 bilhão;
- Margem líquida: 18,3%.
MRV (MRVE3)
A empresa também divulga os resultados na quarta (12) e o Santander espera números “decentes”, com o lucro líquido ainda impactado pelas perdas na Resia, braço norte-americano da companhia focado na construção de imóveis para aluguel.
A subsidiária tem sido uma verdadeira pedra no sapato da MRV nos últimos anos, vítima do ciclo de aumentos dos juros por lá, que fez os investidores passarem a exigir mais retorno para comprar imóveis.
Isso fez com que os preços da venda dos ativos residenciais caíssem consideravelmente. Assim, a subsidiária, que constrói imóveis para locação, foi diretamente afetada.
“No geral, projetamos lucro líquido de R$ 86,5 milhões, ante prejuízo de R$ 19,9 milhões no 3T24, ainda negativamente impactado pelas perdas da Resia”, diz o Santander em relatório.
O banco espera uma receita líquida consolidada de R$ 2,8 bilhões, alta de 16,0% na comparação anual e de 4,5% em base trimestral, apoiada pelo avanço contínuo da produção.
Além disso, o Santander estima uma margem bruta de 30,4%, recuperando 101 pontos-base trimestre contra trimestre, à medida que os projetos de 2022 — vendidos com menor rentabilidade — são gradualmente entregues.
Para o BTG, o resultado líquido deve ficar em R$ 83 milhões, com um ROE moderado de 6%.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a MRV no 3T25:
- Lucro líquido: R$ 75 milhões;
- Ebitda: R$ 460 milhões;
- Margem Ebitda: 16,3%;
- Receita líquida: R$ 2,818 bilhão;
- Margem líquida: 2,7%.
Plano&Plano
Segundo o Santander, a companhia deve apresentar um resultado mais modesto. Veja o consenso de mercado para as companhias, de acordo com o compilado da Bloomberg:
| Receita líquida (R$ mi) | EBITDA (R$ mi) | Margem EBITDA | Lucro líquido (R$ mi) | Margem líquida | |
| Plano&Plano | 880 | 174 | 19,70% | 134 | 15,20% |
Construtoras média/alta renda
Para o Santander, Eztec (EZTC3) e Moura Dubeux (MDNE3) se destacarão, enquanto a Cyrela (CYRE3) deve apresentar resultados sólidos, impulsionados positivamente pelos ganhos com a venda de ações da Cury, na qual a companhia detém uma participação.
Para o BofA, a Cyrela deve apresentar crescimento de receita e lucro em dígitos médios simples, enquanto a margem bruta da Eztec deve compensar uma receita mais fraca, resultando em lucro estável. A Even deve se beneficiar da melhora da margem bruta e de uma base de comparação mais fraca.
Moura Dubeux (MDNE3)
A companhia divulga resultados também na próxima quarta (12). O BTG estima receita líquida de R$ 548 milhões, alta de 9% no ano. O banco projeta uma margem bruta ajustada de 40,8% (ex-juros), aumento de 6,5 pontos percentuais ano a ano, principalmente devido ao segmento de condomínios.
“Projetamos um resultado líquido de R$ 115 milhões — alta de 28% frente ao mesmo período do ano passado —, levando a um ROE anualizado de 25%. O consumo de caixa [já divulgado] foi de R$ 77 milhões”, escreve o BTG em relatório.
Na visão do Santander, a Moura Dubeux deve reportar resultados robustos, com o lucro líquido avançando 28,1% na comparação anual, refletindo:
- o aumento das pré-vendas nos últimos 12 meses;
- uma alta de 489 pontos-base na margem bruta na comparação trimestral, associada principalmente a custos de terreno abaixo do usual em alguns empreendimentos em condomínio reconhecidos no trimestre.
Cyrela (CYRE3)
O Santander também projeta um trimestre sólido para a Cyrela, que divulga resultados na quinta-feira (13), com lucro líquido crescendo 34,0% ano a ano, impulsionado positivamente pelos ganhos associados à venda de R$ 250 milhões em ações da Cury.
A XP também destaca a venda da fatia como algo que pode favorecer a distribuição adicional de dividendos em 2025.
Vale lembrar que, embora seja tradicionalmente classificada entre as construtoras de média e alta renda, a Cyrela vem ampliando de forma consistente sua presença no segmento popular.
Na prática, isso intensifica a exposição ao Minha Casa Minha Vida — e, consequentemente, oferece uma proteção adicional ao ciclo de juros, já que as taxas permanecem travadas no teto do programa mesmo em cenários de Selic elevada. Isso tem sido um ponto positivo destacado por gestores sobre a companhia.
“A gente continua gostando do segmento de baixa renda, mas o de média renda não nos atrai, com exceção da Cyrela”, afirmou Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Isso porque a construtora, além de controlar a Vivaz, uma marca exposta ao segmento econômico, ainda tem participações relevantes na Cury (CURY3) e na Plano&Plano (PLPL3), voltadas para a baixa renda.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a Cyrela no 3T25:
- Lucro líquido: R$ 469 milhões;
- Ebitda: R$ 544 milhões;
- Margem Ebitda: 23%;
- Receita líquida: R$ 2,365 bilhão;
- Margem líquida: 19,8%.
EZtec (EZTC3)
Já para a EZtec, que também divulga na quinta (13), o BofA espera uma desaceleração da receita ano a ano devido à menor venda de estoques. O lucro líquido deve avançar 3% na comparação anual por conta de margens brutas mais altas.
Para o BTG, a receita líquida deve ser de R$ 455 milhões, queda de 5% na base anual. “Projetamos uma margem bruta de 46% (ex-juros), alta de 10 p.p. no ano, impulsionada por economias no orçamento de construção. Esperamos um resultado líquido de R$ 180 milhões — +36% ano a ano —, com ROE anualizado de 14%”, diz o banco em relatório.
Confira as estimativas compiladas pela Bloomberg para a EZTec no 3T25:
- Lucro líquido: R$ 97 milhões;
- Ebitda: R$ 77 milhões;
- Margem Ebitda: 21%;
- Receita líquida: R$ 366 milhões;
- Margem líquida: 26,6%.
As demais companhias:
Confira abaixo as estimativas compiladas pela Bloomberg para as demais construtoras.
Nos casos em que os campos aparecem em branco, isso indica que a Bloomberg não possui projeções consolidadas para aqueles indicadores — seja por falta de cobertura de analistas, por ausência de dados recentes ou por volume insuficiente de estimativas para formar um consenso. O mesmo serve para Melnick e Trisul.
| Empresa | Receita líquida (R$ milhões) | Ebitda | Margem Ebitda | Lucro líquido (R$ milhões) | Margem líquida |
| Helbor | 399 | 82 | 20,60% | 20 | 5,00% |
| Even | 565 | - | - | 69 | 12,20% |
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