Goldman Sachs eleva Natura (NTCO3) para compra de olho no potencial de dividendos — mas empresa precisa se livrar de um risco antes
Banco destaca demanda relativamente defensiva e potencial da reestruturação interna, mas elenca riscos para o investidor ficar de olho — inclusive em relação à Avon
“Em um contexto macroeconômico incerto para o consumidor brasileiro, a Natura (NTCO3) é uma alternativa atraente, por oferecer uma combinação de perfil de demanda relativamente defensivo, iniciativas de melhoria interna e oportunidades de alocação de capital”.
Foi com essa justificativa que os analistas do Goldman Sachs resolveram dar um “voto de confiança” e elevar a recomendação para as ações da companhia de cosméticos brasileira de neutro para compra.
O preço-alvo definido foi de R$ 16, o que implica uma alta de aproximadamente 12,5% em relação à cotação atual.
A instituição está otimista também em relação aos potenciais dividendos que a empresa pode pagar. Para este ano, a expectativa está na casa dos 10%, mas esse pagamento pode ser ainda mais generoso com os acionistas, caso a Natura “se livre” de um de seus negócios: a operação da Avon Internacional.
- LEIA MAIS: Guia gratuito do BTG sobre a temporada de balanços – saiba os destaques das maiores empresas da bolsa no 4º tri de 2024
Na visão do Goldman, esse processo de simplificação das operações e da estrutura corporativa pode destravar valor para os acionistas, embora reconheça que este é apenas o começo da jornada e muita coisa ainda precise ser feita.
Os analistas aprofundaram-se nas oportunidades e riscos do investimento em NTCO3 e o Seu Dinheiro trouxe os principais pontos a seguir.
Leia Também
Por que o Goldman Sachs está otimista com os dividendos da Natura
Muito da otimização da estrutura de capital da Natura depende do que será feito com a Avon Internacional – entre as opções, está a separação, venda ou negociação de parceria para a unidade de negócios.
Vale lembrar que, em novembro do ano passado, a Natura chegou a um acordo sobre a falência da Avon nos Estados Unidos.
"Embora não tenhamos uma opinião sobre a probabilidade de uma alternativa em relação a outra, observamos que qualquer operação potencial se tornou significativamente menos complexa como resultado do acordo judicial alcançado no contexto do Chapter 11”, diz o relatório.
- O Chapter 11 é um mecanismo da legislação estadunidense utilizado pelas empresas para levantar capital, reestruturar as finanças e fortalecer operações comerciais no longo prazo, enquanto continuam a operar normalmente.
É importante ter em mente que a Avon Internacional consome atualmente cerca de US$ 120 milhões em fluxo de caixa operacional anualizado, de acordo com os documentos.
Para o Goldman Sachs, existem duas consequências claras, caso a separação da Avon Internacional não seja resolvida logo:
- Quanto mais tempo levar, maior será o impacto negativo no caixa disponível para potencial alocação de capital (que poderia incluir uma eventual distribuição extraordinária aos acionistas da Natura);
- A mudança para uma nova estrutura de capital otimizada para o restante de suas operações exige uma resolução final para a Avon Internacional, pois isso determina quanto dinheiro pode ser necessário para manter ou alienar essa operação.
Uma nova fase do negócio na Argentina e no México
Além da “questão Avon”, os investidores de NTCO3 também precisam se atentar a um outro processo envolvendo a empresa: a nova fase de negócios (chamada de Wave 2) em dois mercados-chave da América Latina, Argentina e México.
São três os principais pilares dessa etapa:
- Unificação da base de representantes (consultoras que vendem através das “revistinhas”) de vendas diretas para ambas as marcas, Avon e Natura;
- Otimização do portfólio, redução da oferta de alguns segmentos e incentivo à venda cruzada entre as marcas, mitigando a canibalização;
- Eficiência organizacional para ambas as marcas, visando uma estrutura mais enxuta, e integração da operação logística.
Na percepção dos analistas, essas iniciativas podem representar um risco para a ação, já que as vendas da Natura devem ficar mais voláteis na América Latina, o que impacta também as receitas e a geração de caixa da companhia.
Somado a isso, a expectativa é que haja uma maior rotatividade na base de representantes, à medida que os consultores de baixa produtividade abandonam as vendas.
“A Natura não forneceu nenhum feedback até agora sobre os resultados iniciais da integração, mas esperamos que a complexidade seja maior no México do que na Argentina, devido ao fato de que o México é um mercado de vendas diretas mais competitivo em geral e o catálogo Casa e Estilo representa uma parcela maior das vendas da Avon no México”, escrevem os analistas.
Além disso, a Avon tem menos reconhecimento de marca no país da América do Norte.
Entre o Mercado Livre e o TikTok Shop: a ameaça do e-commerce
Outro assunto inescapável quando o assunto é Natura é a mudança nos canais de venda da empresa.
Se antes, as “revistinhas” das consultoras eram a principal forma de adquirir produtos da marca, agora o e-commerce e algumas das lojas físicas tomaram espaço.
Acontece que a companhia de cosméticos ainda é altamente dependente do canal de vendas direto: 91% de suas receitas na América Latina são provenientes de vendas diretas, contra 5% de vendas online e 4% de vendas em lojas.
Nesse contexto, a ascensão de plataformas como a do Mercado Livre se apresenta como uma faca de dois gumes.
Embora a Natura tenha uma loja oficial no site, o que aumenta o alcance e facilita as compras, o Meli também permite que marcas menores cheguem aos consumidores, o que o Goldman também avalia como um risco para marcas dominantes.
Além disso, a entrada de players como o TikTok Shop (com lançamento previsto no México e potencialmente no Brasil em 2025) pode ter o mesmo efeito: é, ao mesmo tempo, uma oportunidade para evoluir a abordagem de vendas diretas e um risco de perda de mercado.
- VEJA TAMBÉM: A temporada de balanços do 4T24 vem aí – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
Natura ainda tem muita força de marca, mas ‘ameaça’ do Boticário não é desprezível
Embora a Natura continue sendo a líder no mercado de cuidados pessoais e beleza no Brasil, a diferença em relação ao Boticário diminuiu progressivamente nos últimos três anos, principalmente devido à perda de participação da marca Avon.
Segundo dados do Euromonitor, em 2023, a Natura detinha 16% do mercado, contra 13,2% do segundo lugar. Em 2020, no entanto, a diferença era de 16,8% contra 10,7% do Boticário.
Além da “degradação” de marca da Avon, esse movimento de aproximação também se deve ao crescimento orgânico e aquisições feitas pelo Boticário.
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco
A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
Petrobras (PETR4) amplia participação na Jazida Compartilhada de Tupi, que detém com Shell e a portuguesa Petrogal
Os valores a serem recebidos pela estatal serão contabilizados nas demonstrações financeiras do quarto trimestre de 2025
Americanas (AMER3) anuncia troca de diretor financeiro (CFO) quase três anos após crise e traz ex-Carrefour e Dia; veja quem assume
Sebastien Durchon, novo diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, passou pelo Carrefour, onde conduziu o IPO da varejista no Brasil e liderou a integração do Grupo Big, e pelo Dia, onde realizou um plano de reestruturação
Essa empresa aérea quer que você pague mais de R$ 100 para usar o banheiro do avião
Latam cria regras para uso do banheiro dianteiro – a princípio, apenas passageiros das 3 primeiras fileiras terão acesso ao toalete
Ambipar (AMBP3): STJ suspende exigência de depósito milionário do Deutsche Bank
Corte superior aceitou substituir a transferência dos R$ 168 milhões por uma carta de fiança e congelou a ordem do TJ-RJ até a conclusão da arbitragem
Sinal verde: Conselho dos Correios dá aval a empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturar a estatal
Com aprovação, a companhia avança para fechar o financiamento bilionário com cinco bancos privados, em operação que ainda depende do Tesouro e promete aliviar o caixa e destravar a reestruturação da empresa
Oi (OIBR3) consegue desbloqueio de R$ 517 milhões após decisão judicial
Medida permite à operadora acessar recursos bloqueados em conta vinculada à Anatel, enquanto ações voltam a oscilar na bolsa após suspensão da falência
WEG (WEGE3) pagará R$ 1,9 bilhão em dividendos e JCP aos acionistas; veja datas e quem recebe
Proventos refletem o desempenho resiliente da companhia, que registrou lucro em alta mesmo em cenário global incerto
O recado da Petrobras (PETR4) para os acionistas: “Provavelmente não teremos dividendos extraordinários entre 2026 e 2030”
Segundo o diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, é preciso cumprir o pré-requisito de fluxo de caixa operacional robusto, capaz de deixar a dívida neutra, para a distribuição de proventos adicionais
