Empresas do Novo Mercado rejeitam atualização de regras propostas pela B3
Maioria expressiva das companhias listadas barra propostas de mudanças e reacende debate sobre compromisso com boas práticas corporativas no mercado de capitais; entenda o que você, investidor, tem a ver com isso.

As companhias listadas no Novo Mercado, segmento de listagem da B3 dedicado a empresas que adotam as melhores práticas de governança corporativa, votaram pela manutenção integral do regulamento atual, sem aceitar nenhuma das propostas de atualização apresentadas pela bolsa.
De acordo com os dados oficiais divulgados pela B3, das 152 empresas participantes do segmento, a maioria absoluta rejeitou as mudanças sugeridas. Nenhuma das 25 propostas obteve apoio suficiente para aprovação.
Para se ter uma ideia, um tema como o limite de mandatos para conselheiros independentes teve apenas 37 votos favoráveis e 112 contrários. A proposta de restrição ao acúmulo de cargos em conselhos (overboarding) recebeu 36 votos a favor e 115 contra — confira ao final da reportagem a tabela consolidada das votações por proposta.
- VEJA MAIS: Já está no ar o evento “Onde investir no 2º semestre de 2025”, do Seu Dinheiro, com as melhores recomendações de ações, FIIs, BDRs, criptomoedas e renda fixa
As regras do Novo Mercado estabelecem que, se ao menos um terço das companhias votantes for contra, a proposta não é implementada — e, em praticamente todos os itens, a rejeição superou esse percentual com folga.
Nos próximos seis meses, a B3 se comprometeu a iniciar uma nova conversa com o mercado para tratar de temas que surgiram no final do processo de audiência restrita e que não estavam contemplados nessa proposta. Em outras palavras, a conversa com o mercado para a evolução do regulamento deve ter continuidade.
Desde sua criação, o segmento foi responsável por elevar o padrão de governança das companhias abertas brasileiras, mas o resultado dessa votação acende um sinal amarelo sobre o compromisso de algumas empresas com a transparência e a proteção aos acionistas.
Leia Também
Entidades veem retrocesso e alerta para o mercado
A decisão foi recebida com frustração por especialistas em governança corporativa e representantes de investidores institucionais.
Fábio Coelho, presidente da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), classificou o resultado como “um dia triste para o mercado de capitais”. Segundo ele, muitos dos itens rejeitados não implicariam custos relevantes e já são práticas consolidadas em outros países.
“O processo foi legítimo e democrático, mas a mensagem que o mercado recebeu das companhias e seus conselheiros é preocupante”, afirmou, em nota.
Para Coelho, o resultado reforça a necessidade de refletir sobre o momento do mercado e os interesses de longo prazo.
Luiz Martha, diretor de Conhecimento e Impacto do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), também criticou a posição das empresas. Para ele, parte dos argumentos contrários às mudanças carecia de embasamento sólido.
“Falou-se muito em custo sem contrapartida de valor, mas ignora-se o ganho estrutural de melhor governança e proteção aos acionistas, inclusive nas propostas que não teriam impacto financeiro imediato”, observou o diretor.
Martha reforçou a importância de manter o Novo Mercado em evolução contínua para preservar a atratividade do mercado de capitais brasileiro, especialmente diante da concorrência global por investimentos.
“O mercado não pode parar no tempo. Precisamos seguir debatendo e aprimorando as práticas de governança”, completou.
Associação de classe reitera preocupação com sucessivas reformas do Novo Mercado
Em 6 de junho, a Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas) divulgou uma nota técnica reforçando uma preocupação de diversos emissores: as constantes reformas do Novo Mercado, com alterações regulatórias muitas vezes vistas como externas às companhias.
Segundo a entidade, diversas empresas listadas percebem que suas particularidades e operações não são totalmente consideradas na elaboração de normas, impactando diretamente sua governança, seus custos operacionais, vantagens competitivas e autonomia decisória.
Nesse sentido, a Abrasca argumentou que as propostas atuais para revisar o regulamento tendem a elevar os custos das companhias abertas. Segundo a associação, tais aumentos não são justificados por benefícios proporcionais, seja na melhoria da governança corporativa ou na valorização das ações.
Por que isso importa para o investidor pessoa física?
Para quem investe na bolsa, boas práticas de governança corporativa são um importante mecanismo de proteção contra abusos e má gestão por parte das empresas listadas.
Elas ampliam a transparência, reforçam a independência dos conselhos e criam instrumentos para fiscalizar o comportamento das empresas.
A decisão de manter o regulamento atual indica que o investidor precisará redobrar a atenção na hora de escolher onde investir, analisando não só os indicadores financeiros, mas também a qualidade da governança e a postura das companhias diante de propostas de aprimoramento.
Confira abaixo o resultado consolidado por proposta:
Fonte: B3
Cade decide apurar suposta prática de venda casada pelo Banco do Brasil (BBAS3)
Pedido foi feito pela Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (Abdagro), que alega que o BB estaria condicionando a concessão de crédito agrário à contratação de seguro rural oferecido pela BrasilSeg
Chegada ao alto escalão do Pão de Açúcar (PCAR3): André Coelho Diniz é eleito presidente do conselho
Este último movimento começou a se desenvolver na segunda-feira (6), quando a empresa aprovou a destituição integral de seu conselho e elegeu novos nomes para compor a mesa
Wepink: Empresa de cosméticos de Virginia pode ter que pagar R$ 5 milhões por práticas abusivas; entenda o caso
Ação do Ministério Público de Goiás visa responsabilizar a Wepink, de Virginia, por propaganda enganosa e censura de reclamações nas redes sociais
Santander (SANB11) pagará R$ 1,7 bilhão em juros sobre o capital próprio
Investidores com posição nas ações do banco em 21 de outubro de 2025 terão direito aos proventos
Vitória para Ambipar (AMBP3): Tribunal de Justiça do RJ mantém proteção contra credores e nega pedido de banco para destravar dívidas
Decisão dá mais fôlego para a empresa continuar sua reestruturação e diálogo com credores
Mais um golpe no Banco Master: INSS revoga autorização para consignado após reclamações de aposentados e pensionistas
Além de enfrentar dificuldades para se capitalizar, o banco de Daniel Vorcaro agora perde o credenciamento para operar com aposentados e pensionistas
Raízen (RAIZ4) em uma derrocada sem fim: ações agora valem menos que R$ 0,90. O que pressiona a empresa desta vez?
Embora a queda das ações chame atenção, os papéis RAIZ4 não são os únicos ativos da Raízen que estão sob pressão
Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3) entregam boas prévias, mas amargam queda na bolsa; veja a recomendação dos analistas
Empresas avançaram em segmentos de expansão e registraram boas vendas e lançamentos mesmo com juros altos; MCMV dá fôlego no presente e futuro
Venda irregular? Participação do CEO da Ambipar (AMBP3) encolhe com suposta pressão de credores
Tércio Borlenghi Junior informou que a participação no capital social total da companhia caiu de 73,48% para 67,68%
App de delivery chinês Keeta começa a operar neste mês no litoral paulista, com investimento no país previsto em R$ 5,6 bilhões
A marca internacional da Meituan estreia em Santos e São Vicente com mais de 700 restaurantes parceiros antes de expandir entregas pelo Brasil
Aura Minerals (AURA33) brilha com produção recorde na prévia do 3T25 — e o Itaú BBA revela se ainda vale comprar as ações
Segundo o CEO, Rodrigo Barbosa, a mineradora está bem posicionada em relação ao guidance de 2025
Banco Central nega transferência de controle do BlueBank para Maurício Quadrado; banco segue sob guarda-chuva do Master
O mercado já havia começado a especular que a transferência poderia não receber o aval da autoridade monetária
Do vira-lata caramelo a um carro de luxo: amor pelos cães une Netflix, Chevrolet e Rolls-Royce
Um casal americano encomendou um Rolls-Royce em homenagem ao próprio cachorro; no Brasil, a Chevrolet lançou o Tracker Caramelo, em parceria com o filme da Netflix
Na onda da simplificação, Natura (NATU3) anuncia incorporação da Avon Industrial
Segundo fato relevante, o movimento faz parte da estratégia do grupo de simplificação e reorganização de sua estrutura societária e de governança, iniciada em 2022
JHSF (JHSF3) acelera no mercado de luxo com aquisição de empresa administradora de iates e jatos
BYS International opera na gestão de grandes embarcações, um mercado de luxo que deve dobrar até 2034
Cury (CURY3) bate recorde de geração de caixa no 3T25, e quem sai ganhando são os acionistas; saiba o que esperar agora, segundo o vice-presidente
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Leonardo Mesquita comentou sobre os resultados da prévia operacional do terceiro trimestre e indicou o foco da empresa para o fim deste ano
Ações da Tenda (TEND3) caem depois de prévia do operacional ficar abaixo das expectativas; hora de vender?
Valor geral de vendas trimestrais da companhia caiu mais de 20% em comparação ao mesmo período no ano passado
Alta cúpula da Oi (OIBR3) oficialmente sai de cena, mas tele já tem nomes definidos para conduzir a transição
O gestor judicial indicou os nomes que devem compor o novo comitê de transição da Oi; confira quem são os executivos
Oncoclínicas (ONCO3) recebe aval de acionistas para novo aumento de capital bilionário; ações tombam mais de 18%
O aumento de capital irá injetar até R$ 2 bilhões na companhia, pelo preço de R$ 3 por ação. Veja o que esperar da empresa
Combo de streaming do Mercado Livre tem Netflix, Disney+, HBO Max e Apple TV em um só plano
Novo plano do Mercado Livre combina streaming, benefícios financeiros e entrega rápida em um único pacote