Exclusivo: Controladores da Méliuz (CASH3) montam posição em opções com ações da empresa, que quer apertar “pílula de veneno”
Ações da Méliuz (CASH3) dispararam mais de 15% após empresa divulgar que pessoas ligadas ao controle “venderam opções de venda” de ações da companhia

As últimas semanas foram movimentadas na base acionária da Méliuz (CASH3). Isso porque os controladores da empresa de cashback montaram no mês passado uma posição em opções de ações, em uma operação que coincide com a entrada de dois investidores com perfil ativista no capital da companhia.
Ainda como pano de fundo, o conselho da Méliuz tenta emplacar uma nova distribuição do caixa aos acionistas, além de mudanças no estatuto que podem dificultar ainda mais a tomada de controle da companhia em uma oferta hostil.
Nesta terça-feira (11), as ações da Méliuz ficaram entre as maiores altas de toda a B3, com uma disparada de mais de 15% e giro financeiro bem acima da média.
A alta ocorreu depois de a empresa divulgar que pessoas ligadas ao controle “venderam opções de venda” de ações da companhia em maio. O total da operação representa perto 1,5% do capital da Méliuz, nas contas de um analista.
Controladores otimistas?
A informação está em formulário publicado mensalmente por todas as companhias abertas e que deve detalhar as movimentações com ações da empresa de pessoas ligadas ao controle, conselho de administração e diretoria.
“Em tese, a operação pode ser lida como uma sinalização de que o controlador está otimista com a empresa, já que ele ganha algum dinheiro se a put [opção de venda] virar pó, e isso acontece com a ação subindo”, disse um gestor. “Se a ação cair, ele estará obrigado a comprar ações.”
Leia Também
Ibovespa volta a renovar máxima na esteira de Nova York e dólar acompanha; saiba o que mexe com os mercados
Ouro bate recorde pelo segundo dia seguido e supera US$ 3.600. Hype ou porto seguro?
No entanto, um analista observa que as quantidades das operações de venda são pequenas, e no meio delas ainda há uma “compra de opção de venda”.
“A operação daria um ganho marginal aos controladores talvez entre R$ 300 mil e R$ 500 mil. Se forem exercidos, o que nunca é bom para quem vende essas opções, o prejuízo pode ser maior.” As opções de CASH3 têm pouca liquidez.
Outro gestor observa que é raro ver controladores operando com ações da própria empresa. Um dos casos recentes foi o de Sergio Zimerman, fundador da Petz, que elevou a participação na empresa de 29,7% para 49% por meio de derivativos nos meses anteriores ao anúncio de fusão com a Cobasi.
Quem manda na Méliuz (CASH3)
A Méliuz tem um bloco de acionistas de referência que detém 22,6% da companhia. Os dois fundadores têm as maiores posições nesse bloco: Israel Fernandes Salmen (15,4%); e Ofli Guimarães, através do veículo ORG investimentos, detém 5,1%.
Guimarães é presidente do conselho de administração da empresa; Salmen é vice-presidente do conselho e presidente da Méliuz.
Além deles, completam o bloco Lucas Figueiredo (1,7%) e André Amaral Ribeiro (0,5%), que também são do conselho e da diretoria estatutária da empresa.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a Méliuz não respondeu ao pedido de entrevista até a publicação desta matéria.
- Previdência privada: qual é a melhor alternativa para o seu futuro? Veja como escolher o plano ideal
Redução de capital e novos acionistas
O formulário divulgado pela empresa não identifica qual ou quais controladores fizeram as opções de venda. Essas operações foram feitas entre os dias 17 e 31 de maio — dias depois de alguns eventos divulgados pela Méliuz.
No dia 13 de maio, a companhia informou que duas gestoras que vêm protagonizando disputas pelo comando de empresas nos últimos meses estão fazendo posições relevantes em seus papéis.
A ARC, de Sergio Firmeza Machado, declarou ter 5% da Méliuz. Vale lembra que a gestora, junto da Reag, se envolveu em eventos recentes que levaram ao afastamento do fundador da GetNinjas após uma proposta de redução de capital. Quem também alcançou participação semelhante foi a WNT.
Ambas disseram que as participações são apenas para investimento e não pretendem interferir no controle. Mas a ARC reforçou que pode avaliar a indicação de um conselheiro.
No mesmo dia 13, a Méliuz informou ao mercado que fará uma nova operação de redução de capital social. O anúncio aconteceu apenas um mês depois de ter devolvido R$ 210 milhões aos acionistas. A empresa estava com caixa acumulado depois da venda do Bankly, subsidiária de banking as a service (BaaS), para o Banco Votorantim.
Na divulgação de resultados do primeiro trimestre, a Méliuz informou que sua saúde financeira é sólida: “Estamos gerando caixa operacional, não temos dívidas e possuímos um caixa de R$ 466,7 milhões, mesmo após a redução de capital realizada em abril deste ano.”
A empresa convocou para o próximo dia 19 de junho uma assembleia que vai deliberar sobre a nova redução de capital, desta vez de R$ 220 milhões “por considerá-lo excessivo, sem prejuízo financeiro e estratégico para a continuidade da sua operação e estratégia”.
Méliuz (CASH3) quer pílula mais venenosa
Mas a proposta da assembleia também trouxe outro tema para apreciação dos acionistas, não mencionado no fato relevante. A convocação prevê a aprovação de uma alteração estatutária para ajustar o critério de precificação de uma eventual Oferta Pública (OPA) por Atingimento de Participação Relevante.
A regra atual diz que o preço numa eventual OPA não pode ser inferior ao maior valor entre o valuation da companhia determinado por um avaliador especializado; ou 150% do preço das ações no mais recente aumento de capital.
A administração da Méliuz quer elevar esse percentual para 180%. O objetivo é “assegurar a continuidade das boas práticas de governança e preservar o valor da companhia para todos os acionistas”.
O estatuto prevê ainda que o acionista que atingir mais de 20% das ações deverá fazer uma OPA por toda a empresa.
A opção do Banco BV
Para completar o quadro, o Banco BV adquiriu uma participação minoritária de 3,85% da Méliuz quando fechou o negócio da compra do Bankly. Na ocasião, pagou R$ 1,50 por ação e ficou com a opção de comprar as ações do bloco de controle em 24 meses, corrigido pelo CDI.
No fechamento dessa transação como BV (dezembro 2022), a Méliuz valia R$ 1,02 bilhão. Mas vale lembrar que, no pico de julho de 2021, a companhia chegou a valer R$ 10 bilhões na B3.
A companhia chegou à bolsa na onda de IPOs de tecnologia durante a pandemia. Mas teve dificuldades de entregar resultados esperados e fez aquisições complexas, como o próprio Bankly.
Mesmo com a alta de 15% de ontem, o valor de mercado da Méliuz chegou a R$ 535 milhões. Ou seja, praticamente empatava com o que ela tinha em caixa (R$ 466,7 milhões). De acordo com um gestor, o BV tem um waiver numa eventual OPA para ficar com o controle da companhia. Os controladores não estão sujeitos à poison pill.
LEIA TAMBÉM:
- Méliuz (CASH3) revela quando vai depositar R$ 210 milhões na conta dos acionistas; confira o cronograma da redução de capital da companhia
- Ações da Méliuz (CASH3) saltam 10% após BC aprovar venda do Bankly; negócio renderá R$ 210 milhões que podem virar dividendos
Abre-te, sésamo! Mercado deve ver retorno de IPOs nos EUA com tarifas de Trump colocadas para escanteio
Esse movimento acontece quando o mercado de ações norte-americano oscila perto de máximas históricas, apoiando novas emissões e desafiando os ventos políticos e econômicos contrários
Quando nem o Oráculo acerta: Warren Buffett admite frustração com a separação da Kraft Heinz e ações desabam 6% em Nova York
A divisão da Kraft Heinz marca o fim de uma fusão bilionária que não deu certo — e até Warren Buffett admite que o negócio ficou indigesto para os acionistas
Ibovespa cai com julgamento de Bolsonaro e PIB; Banco do Brasil (BBAS3) sofre e dólar avança
O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 0,67%, aos 140.335,16 pontos. Já o dólar à vista (USBRL) terminou as negociações a R$ 5,4748, com alta de 0,64%
Petrobras (PETR4), Bradesco (BBDC4) e mais: 8 empresas pagam dividendos e JCP em setembro; confira
Oito companhias listadas no Ibovespa (IBOV) distribuem dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas em setembro
Agora seria um bom momento para a Rede D’Or (RDOR3) comprar o Fleury (FLRY3), avalia BTG; banco vê chance mais alta de negócio sair
Analistas consideram que diferença entre os valuations das duas empresas tornou o negócio ainda mais atrativo; Fleury estaria agora em bom momento de entrada para a Rede D’Or efetuar a aquisição
As três ações do setor de combustíveis que podem se beneficiar da Operação Carbono Oculto, segundo o BTG
Para os analistas, esse trio de ações na bolsa brasileira pode se beneficiar dos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra o PCC; entenda a tese
XP Malls (XPML11) vende participação em nove shoppings por R$ 1,6 bilhão, e quem sai ganhando é o investidor; cotas sobem forte
A operação permite que o FII siga honrando com as contas à pagar, já que, em dezembro deste ano, terá que quitar R$ 780 milhões em obrigações
Mercado Livre (MELI34) nas alturas: o que fez os analistas deste bancão elevarem o preço-alvo para as ações do gigante do e-commerce
Os analistas agora projetam um preço-alvo de US$ 3.200 para as ações do Meli ao final de 2026; entenda a revisão
As maiores altas e quedas do Ibovespa em agosto: temporada de balanços 2T25 dita o desempenho das ações
Não houve avanços ou recuos na bolsa brasileira puxados por setores específicos, em um mês em que os olhos do mercado estavam sobre os resultados das empresas
Ibovespa é o melhor investimento do mês — e do ano; bolsa brasileira pagou quase o dobro do CDI desde janeiro
O principal índice de ações brasileiras engatou a alta em agosto, impulsionado pela perspectiva de melhora da inflação e queda dos juros — no Brasil e nos EUA
Agora é a vez do Brasil? Os três motivos que explicam por que ações brasileiras podem subir até 60%, segundo a Empiricus
A casa de análise vê um cenário favorável para as ações e fundos imobiliários brasileiros, destacando o valor atrativo e os gatilhos que podem impulsionar o mercado, como o enfraquecimento do dólar, o ciclo de juros baixos e as eleições de 2026
Ibovespa ignora NY, sobe no último pregão da semana e fecha mês com ganho de 6%
No mercado de câmbio, o dólar à vista terminou o dia em alta, rondando aos R$ 5,42, depois da divulgação de dados de inflação nos EUA e com a questão fiscal no radar dos investidores locais
Entram Cury (CURY3) e C&A (CEAB3), saem São Martinho (SMTO3) e Petz (PETZ3): bolsa divulga terceira prévia do Ibovespa
A nova composição do índice entra em vigor em 1º de setembro e permanece até o fim de dezembro, com 84 papéis de 81 empresas
É renda fixa, mas é dos EUA: ETF inédito para investir no Tesouro americano com proteção da variação do dólar chega à B3
O T10R11 oferece acesso aos Treasurys de 10 anos dos EUA em reais, com o bônus do diferencial de juros recorde entre Brasil e EUA
Ibovespa sobe 1,32% e crava a 2ª maior pontuação da história; Dow e S&P 500 batem recorde
No mercado de câmbio, o dólar à vista terminou o dia com queda de 0,20%, cotado a R$ 5,4064, após dois pregões consecutivos de baixa
FIIs fora do radar? Santander amplia cobertura e recomenda compra de três fundos com potencial de dividendos de até 17%; veja quais são
Analistas veem oportunidade nos segmentos de recebíveis imobiliários, híbridos e hedge funds
Batalha pelo galpão da Renault: duas gestoras disputam o único ativo deste FII, que pode sair do mapa nos dois cenários
Zagros Capital e Tellus Investimentos apresentam propostas milionárias para adquirir galpão logístico do VTLT11, locado pela Renault
Para o BTG, esta ação já apanhou demais na bolsa e agora revela oportunidade para investidores ‘corajosos’
Os analistas já avisam: trata-se de uma tese para aqueles mais tolerantes a riscos; descubra qual é o papel
Não é uma guerra comercial, é uma guerra geopolítica: CEO da AZ Quest diz o que a estratégia de Trump significa para o Brasil e seus ativos
Walter Maciel avalia que as medidas do presidente norte-americano vão além da disputa tarifária — e explica como os brasileiros devem se posicionar diante do novo cenário
É hora de voltar para as ações brasileiras: expectativa de queda dos juros leva BTG a recomendar saída gradual da renda fixa
Cenário se alinha a favor do aumento de risco, com queda da atividade, melhora da inflação e enfraquecimento do dólar