Crise atrás de crise: Fundador da Evergrande está sob investigação (e custódia) da polícia chinesa; confira os detalhes
Yan foi “preso” pela polícia no início de setembro e pouco se sabe sobre a situação do bilionário; a incorporadora acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas

Nos últimos anos, a palavra “Evergrande” transformou-se em sinônimo da crise na China e também uma das grandes preocupações mundiais — por seu impacto sobre o desempenho da segunda maior economia do mundo.
E os holofotes sobre a companhia se intensificaram nesta semana: os passos do bilionário e chairman da Evergrande, Hui Ka Yan (ou Xu Jiayin), estão sendo monitorados pelo governo chinês.
Yan foi “preso” pela polícia no início de setembro e desde então está sob investigação policial — mas pouco se sabe sobre a situação do bilionário.
Segundo agências de notícias, não está claro se o fundador da incorporadora está detido ou em regime de prisão domiciliar nem se o bilionário foi formalmente acusado de algum crime.
As medidas impostas ao executivo da Evergrande, em linhas gerais, são proibições de sair do local — determinado pela polícia chinesa —, reunir-se ou comunicar-se com outras pessoas sem o aval da força maior do Estado. Passaportes e documentos também estão retidos, com base na Lei de Processo Penal do país.
Quem é Hui Ka Yan?
Xu Jiayin, ou Hui Kan Yan em cantonês, já foi o homem mais rico da China no final da década de 2010, nos tempos áureos da Evergrande — e da economia do país.
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Hoje, a fortuna do fundador de uma das maiores incorporadoras do gigante asiático é estimada em US$ 3,2 bilhões, segundo a Forbes.
Yan, antes técnico de uma fábrica de aço, fundou a Evergrande em 1996, inicialmente como uma imobiliária.
Mas o bilionário quis ir além e empreendeu uma expansão habitacional no país, à frente da construção de mais de mil projetos de moradia na China para a população de baixa renda — o que levou a companhia a abrir capital (IPO, na sigla em inglês) e ser listada na bolsa de valores de Hong Kong em 2009.
Crise na Evergrande
Os problemas na Evergrande começaram em 2020, quando o governo chinês implementou novas regras para controlar a quantidade de dinheiro que as grandes empresas imobiliárias poderiam tomar emprestado.
A Evergrande, que já foi a maior incorporadora da China em vendas, acumulou dívidas de mais de US$ 300 bilhões ao se expandir agressivamente para se tornar uma das maiores empresas do país.
Na época, rumores indicavam que o fundador estaria sendo pressionado pelo governo a usar a fortuna pessoal para o pagamento das dívidas da incorporadora.
A empresa perdeu um prazo crucial em 2021, pois não conseguiu pagar os juros de cerca de US$ 1,2 bilhão em empréstimos internacionais.
Em agosto deste ano, a incorporadora apresentou um pedido de proteção contra falência, o Chapter 15, em um tribunal de Nova York.
O chamado Capítulo 15 protege os ativos norte-americanos de uma empresa estrangeira enquanto essa companhia trabalha na reestruturação das suas dívidas.
Caça aos bilionários
A “prisão” do fundador da Evergrande é mais um capítulo na história de cercos aos bilionários na China — sob a doutrina da prosperidade comum no país.
Ao mesmo tempo que a sociedade chinesa é marcada pela desigualdade social, é também um berço mundial de bilionários: o que é visto como uma das contradições e problemas do “socialismo com características chinesas”.
Sendo assim, o governo não mede esforços para evitar a formação de grupos que possam interferir nos objetivos traçados nos planos quinquenais — ainda que tenha que “prender” figuras importantes e imponentes na economia do país.
Hui Kan Yan não é o único. Jack Ma, fundador do Alibaba, também já foi alvo do governo chinês.
Em janeiro de 2021, Ma desapareceu após os reguladores da China iniciarem uma investigação antitruste sobre a Alibaba, maior empresa de comércio eletrônico do país.
O “sumiço” aconteceu cerca de dois meses depois de o governo interromper o IPO da fintech do negócio financeiro Ant Group em Nova York.
Desde então, Jack Ma re fez aparições raras, de forma breve e sem relações com os negócios.
No início deste ano, o bilionário reapareceu como professor visitante no Japão. A “volta às origens” — já que antes da companhia, Ma era professor de inglês — teria começado em maio com a condução de pesquisas sobre agricultura sustentável e produção de alimentos, de acordo com o Tokyo College — local onde leciona.
A primeira palestra na universidade aconteceu em 12 de junho, em um seminário especial sobre a filosofia de gerenciamento, com duração de duas horas.
*Com informações de Bloomberg
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