Na Raízen (RAIZ4), um investidor importante dá adeus e as ações vão às mínimas históricas. O que explica?
A Hédera Investimentos, veículo da Louis Dreyfus, vai vender sua fatia de 24,3% das ações PN da Raízen (RAIZ4). E agora, como ficam as ações?
Em 4 de agosto de 2021, a Raízen — joint venture entre Shell e Cosan (CSAN3) — bateu o martelo: precificou as ações RAIZ4 a R$ 7,40 em seu IPO, no piso da faixa indicativa que ia até R$ 9,60. Ainda assim, foi a maior abertura de capital no Brasil naquele ano, movimentando quase R$ 7 bilhões com a operação.
Ao estrear na bolsa, a companhia tinha valor de mercado de cerca de R$ 76 bilhões — maior, inclusive, que o da própria Cosan. Mas, passados quase um ano e meio do IPO, as ações da Raízen são negociadas na faixa de R$ 3,25, amargando uma desvalorização de mais de 55%. O valor de mercado caiu para R$ 35 bilhões.
As turbulências vividas pela bolsa como um todo afetaram o desempenho de RAIZ4: incertezas político-econômicas, fuga da renda variável em meio à Selic a 13,75% ao ano e certa desconfiança dos investidores em relação às empresas estreantes da bolsa foram alguns dos fatores que prejudicaram a Raízen nesse um ano e meio. Mas não só isso.
Um dos novos focos de preocupação referentes ao grupo foi revelado hoje: uma mega venda de ações RAIZ4, a ser realizada amanhã na B3. E "mega venda" não é modo de dizer: serão negociados 330,6 milhões de papéis, o que equivale a 24,32% dos ativos preferenciais da companhia.
O preço de venda? R$ 3,15 por ação, o que implica num giro de mais de R$ 1 bilhão; o leilão será intermediado pelo BTG Pactual e deve acontecer entre 10h30 e 10h45 desta quarta (1). Portanto, falamos de uma potencial enxurrada de ações RAIZ4 sendo despejadas no mercado a partir da virada do mês.
Como resultado, as ações da Raízen caem 5,5% nesta segunda (30), a R$ 3,23 — nas mínimas históricas para o papel. E a notícia, naturalmente, gera uma série de especulações no mercado: por que uma venda tão grande e anunciada com tanta antecedência?
Leia Também

Raízen (RAIZ4): quem vende?
O aviso protocolado no sistema da B3 não deixa claro quem é o vendedor, informando apenas o preço fixado, a quantidade de ações a serem vendidas e o percentual que esses papéis representam do total de ações desse tipo.
No entanto, uma rápida consulta aos dados disponibilizados pela própria Raízen (RAIZ4) em seu Formulário de Referência nos mostram uma informação bastante conclusiva:

Veja que a Hédera Investimentos é dona de 24,32% das ações preferenciais da Raízen — justamente a fatia anunciada para o leilão de quarta-feira. Estamos falando de um veículo de investimentos da Louis Dreyfus Company, uma das principais comercializadoras e processadoras globais de produtos agrícolas.
Ou seja: esse leilão servirá para que a Louis Dreyfus zere sua participação na Raízen. E, como ainda não se sabe qual o destino das ações RAIZ4 a serem vendidas pela Hédera, é possível que o chamado free float — os papéis em livre circulação no mercado — aumente substancialmente de uma hora para a outra; atualmente, essa taxa está em 13%.
"O mercado diminui a tomada de risco no papel, com expectativa desse forte fluxo de venda", diz um gestor que prefere não ser identificado.
Vale lembrar que a Hédera era a dona da Biosev, empresa do setor sucroenergético que foi comprada pela Raízen em fevereiro de 2021, pouco antes do IPO da companhia. Sendo assim, o veículo da Louis Dreyfus ficou com ações da Raízen como pagamento — participação essa que será vendida agora.
Resta, então, entender os motivos pelos quais a Hédera fará isso — e é aqui que a maior incerteza reside.
VEJA TAMBÉM - É o fim da previdência privada? Descubra se o Tesouro RendA+ será capaz de acabar com os PGBLs e VGBLs
Cenário macroeconômico conturbado?
Em relatório publicado nesta tarde, a XP destaca que a decisão da Hédera pode ter relação com as turbulências macroeconômicas que cercam o setor de combustíveis no Brasil. A Raízen (RAIZ4), afinal, é um player importante no setor sucroalcooleiro, e há um enorme ponto de interrogação quanto à política do novo governo para o etanol e a gasolina.
Como se comportarão os preços nas bombas nos próximos meses? O que será da política de preços da Petrobras — e, como consequência dela, como o litro do etanol irá reagir? E as taxações sobre os combustíveis, tanto em nível federal quanto estadual, como ficarão?
Vale lembrar que, no segundo trimestre fiscal de 2023 — cujos resultados foram reportados em 10 de novembro —, a Raízen teve um desempenho aquém do esperado no braço de marketing e serviços (M&S), dados os preços abaixo do esperado para venda de combustível em estoque.
Ou seja: caso a isenção sobre os combustíveis continue indefinidamente, ou caso haja uma mudança na política de preços da Petrobras de modo a manter a gasolina em patamares mais baixos, a venda dos estoques de etanol tende a ficar sob pressão no curto e no médio prazo.
E mais: se o preço do etanol for puxado para baixo em meio às políticas de combustível da Petrobras e dos governos federal e estaduais, é de se imaginar uma mudança no mix de destinação de cana plantada, priorizando a produção de açúcar — uma alternativa que já vem se mostrando mais vantajosa, em termos financeiros.
- Quer acompanhar todas as decisões e acontecimentos dos primeiros 100 dias do governo Lula e comparar com o início da gestão de Jair Bolsonaro? Acompanhe AQUI a cobertura do Seu Dinheiro.
Os fins justificam os meios?
Há, ainda, uma segunda possibilidade: a de que a Louis Dreyfus esteja precisando do dinheiro. Segundo o Brazil Journal, a LDC pretende usar os recursos da venda para quitar dívidas bancárias.
E, de fato, o perfil de endividamento da Louis Dreyfus mostra um certo estresse: os compromissos de curto prazo totalizavam US$ 4,9 bilhões em junho do ano passado, cifra maior que a dos passivos de longo prazo, cuja soma chegava a US$ 4,2 bilhões. A liquidez total era de cerca US$ 7 bilhões.
Portanto, o R$ 1 bilhão a ser obtido com a Hédera a partir da venda de participação na Raízen não soluciona as eventuais pressões financeiras no fluxo de endividamento da LDC, mas ao menos traria algum alívio — o balanço da Louis Dreyfus no primeiro semestre de 2022 não dá mais detalhes quanto ao vencimento de cada uma das dívidas de curto prazo.
Procurada pelo Seu Dinheiro a respeito da natureza da venda da posição da Hédera em RAIZ4, a Louis Dreyfus disse que não iria fazer comentários sobre o tema. A Raízen não retornou os pedidos feitos pela reportagem até o fechamento da matéria — iremos atualizar o texto caso a empresa se manifeste.
Raízen (RAIZ4): como se posicionar?
Em linhas gerais, os resultados divulgados pela Raízen (RAIZ4) em novembro foram considerados fracos pelo mercado, embora a estratégia de execução da empresa tenha sido elogiada. O segmento de serviços e marketing foi o destaque negativo, enquanto o braço de açúcar e fontes renováveis foi o destaque positivo.
Dito isso, chama a atenção a postura otimista dos grandes bancos quanto à ação RAIZ4: o Bank of America, por exemplo, tem recomendação de compra para os papéis e preço-alvo de R$ 9,00 — um potencial de alta de mais de 170% em relação às cotações atuais.
O Itaú BBA tem preço-alvo de R$ 7,00 (+115% de alta implícita); a XP tem recomendação neutra e meta de R$ 9,60 (+195%).
Em geral, apesar dos riscos relacionados ao braço de marketing e serviços, os analistas ponderam que as perspectivas são positivas para o segmento de açúcar: algumas agências especializadas estimam que a safra brasileira em 2023/2024 poderia chegar a 600 milhões de toneladas. Mesmo a exportação de etanol poderia ser uma saída para a eventual cotação deprimida no mercado doméstico de combustíveis.
"Estamos ansiosos pelo guidance da Raízen para 2023/24 e sua posição de hedge, uma vez que, no nosso ponto de vista, a companhia se aproveitou do atual momento sólido para aumentar sua posição fixa em açúcar e assegurar as margens", diz a XP.
Resultado fraco derruba a ação da Vamos (VAMO3) — mas para 4 analistas, ainda há motivos para comprar
Em reação ao desempenho, as ações chegaram a cair mais de 7% no início do dia, figurando entre as maiores perdas do Ibovespa
Oncoclínicas (ONCO3) atinge meta de R$ 1 bilhão para seguir em frente com aumento de capital. Isso é suficiente para reerguer as finanças?
Com a subscrição de R$ 1 bilhão alcançada no aumento de capital, a Oncoclínicas tenta reverter sua situação financeira; entenda o que vem pela frente
Banco do Brasil (BBAS3) no fundo do poço? Com previsão de lucro pressionado e ROE de um dígito, saiba se vale comprar as ações antes da virada
A conta do agro chegou — e continuará a pressionar: por que o Banco do Brasil deve ser o azarão da temporada de balanços outra vez?
CVM pressiona, credores cobram: Ambipar (AMBP3) adia balanço do 3T25 em meio ao enigma do caixa
Apenas alguns meses após reportar quase R$ 5 bilhões em caixa, a Ambipar pediu RJ; agora, o balanço do 3T25 vira peça-chave para entender o rombo
Braskem (BRKM5) tem prejuízo no 3T25, mas ação salta mais de 16%; entenda do que o mercado gostou
A companhia registrou prejuízo de R$ 26 milhões do terceiro trimestre depois de perdas de R$ 92 milhões no mesmo período de 2024, uma redação de 96%
Seca de dividendos da BB Seguridade (BBSE3)? Entenda o que levou o JP Morgan a rebaixar a ação para venda
Um dos pontos que entrou no radar dos analistas é a renovação do contrato de exclusividade com o Banco do Brasil, que vence em 2033, mas não é o único
11.11: o que prometem a Amazon e o KaBuM às vésperas da Black Friday
Varejistas apostam em cupons, lives e descontos relâmpago para capturar compras antes do pico da Black Friday
A engrenagem da máquina de lucros: Como o BTG Pactual (BPAC11) bate recordes sucessivos em qualquer cenário econômico
O banco de André Esteves renovou outra vez as máximas de receita e lucro no 3T25. Descubra os motores por trás do desempenho
Black Friday e 11.11 da Shopee: achadinhos de até R$ 35 que podem deixar sua casa mais prática
Entre utilidades reais e pequenos luxos da rotina, a Black Friday e o 11.11 revelam acessórios que tornam a casa mais funcional ou simplesmente mais divertida
A Isa Energia (ISAE4) vai passar a pagar mais dividendos? CEO e CFO esclarecem uma das principais dúvidas dos acionistas
Transmissora garante que não quer crescer apenas para substituir receita da RBSE, mas sim para criar rentabilidade
É recorde atrás de recorde: BTG Pactual (BPAC11) supera expectativa com rentabilidade de 28% e lucro de R$ 4,5 bilhões no 3T25
O balanço do BTG trouxe lucro em expansão e rentabilidade em alta; confira os principais números do trimestre
Valorização da Hypera (HYPE3) deve chegar a 20% nos próximos meses, diz Bradesco BBI; veja qual é o preço-alvo
Analistas veem bons fundamentos e gatilhos positivos para a empresa à frente
Desdobramentos da falência: B3 suspende negociações das ações Oi (OIBR3)
Segundo o último balanço da companhia, referente ao segundo trimestre, a empresa tinha 330 mil ações em circulação, entre ordinárias e preferenciais
MBRF (MBRF3): lucro recua 62% e chega a R$ 94 milhões no 3T25; confira os primeiros números após a fusão
Nas operações da América do Norte, os resultados foram impulsionados pela racionalização da produção e crescente demanda pela proteína bovina
Vale a pena investir na Minerva (BEEF3): Santander eleva preço-alvo e projeta alta de 25% com dividendos no radar
Analistas avaliam que queda de 14% após balanço foi um exagero, e não considera os fundamentos da empresa adequadamente
Vai renovar a casa? Esses eletrodomésticos estão com desconto de Black Friday no Magazine Luiza
Descontos no Magalu incluem geladeiras, TVs e lavadoras; confira detalhes antes de decidir
Tchau, Oi (OIBR3): como a empresa que já foi uma “supertele” sucumbiu à falência? A história por trás da ruína
A telecom teve sua falência decretada na tarde desta segunda-feira (10), depois de quase uma década de recuperação judicial — foram duas, uma atrás da outra
MBRF (MBRF3) arranca na B3 antes do primeiro balanço após a fusão, mas ciclo pode estar prestes a virar; o que esperar do 3T25
Ciclo da empresa pode estar prestes a virar: o crescimento da oferta de carne deve crescer, pressionando novamente as margens mais à frente
Justiça decreta falência da Oi (OIBR3) e liquidação dos ativos: “a Oi é tecnicamente falida”, diz juíza
A juíza determinou a continuação provisória das atividades da Oi até que os serviços sejam assumidos por outras empresas
Shopee, Mercado Livre e TikTok Shop transformam o 11.11 em prévia da Black Friday
Com o 11.11, varejo estende as ofertas por todo o mês e disputa a atenção do consumidor antes da Black Friday
