Na Locaweb Company (LWSA3), a queda de quase 40% no último ano não assusta — e os executivos estão cheios de confiança no próprio taco
Depois de surfar com sucesso o processo de digitalização de pequenos comerciantes ao longo da pandemia, a companhia já pensa em como vai ser o e-commerce do futuro
O momento de abertura de capital de uma empresa é sempre transformacional: antes de soar o sino na B3, os executivos precisam alinhar estratégias, reestruturar operações e estar prontos para cumprirem uma série de compromissos. Ninguém escapa desse “rito de passagem” — e, no caso da Locaweb Company (LWSA3), as mudanças foram particularmente intensas.
Pouco mais de um mês após o toque da campainha, o mundo inteiro se viu preso dentro de casa para tentar evitar a propagação da covid-19 — e, da noite para o dia, milhares de pequenos comerciantes se viram incapazes de abrir as suas portas, precisando urgentemente digitalizar as suas operações.
A Locaweb, que até aquele momento era mais conhecida por seus serviços de hospedagem de sites, viu ali a sua chance de acelerar os seus planos de criação de um ecossistema de e-commerce — e não a desperdiçou.
"A gente não tinha nem ideia de que aconteceria a covid-19, mas estávamos preparados para o 'boom' que veio”, explica Henrique Marquezi, diretor de Relações com investidores da companhia. “O 'boom' da pandemia foi natural, com rápida digitalização, mas ninguém esperava. Isso antecipou em três ou quatro anos o mercado de e-commerce brasileiro”.
E, assim, com um crescimento exponencial da sua base de clientes, a Locaweb viu as suas ações valorizarem mais de 400% em pouco tempo — sendo rotulada como uma das empresas vencedoras da pandemia.
A maré, no entanto, virou: os papéis LWSA3 agora acumulam queda de quase 40% em 12 meses; nos últimos dois anos, o recuo é de 80%. Apesar disso, o desempenho desde o IPO segue no positivo, com alta superior a 20% — bem acima da maior parte das empresas que fizeram a sua estreia na bolsa na safra 2020/2021.
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A queda recente pode até ser uma grande preocupação para os mais de 62 mil acionistas da companhia, mas os executivos da empresa mostram confiança no próprio taco.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Henrique Marquezi, diretor de RI da Locaweb Company, falou sobre como o preço de tela é mais um reflexo do cenário macroeconômico desfavorável para empresas de tecnologia — com a forte alta dos juros pressionando o valor de mercado nas projeções para o futuro — do que reflexo de problemas com a execução do plano da companhia.
E, aparentemente, parte do mercado concorda. Segundo informações coletadas pela plataforma TradeMap, das 11 recomendações feitas para os papéis LWSA3, cinco são de compra, quatro de manutenção e duas de venda. O preço-alvo varia de R$ 5,50 a R$ 15 — um potencial de alta que vai de 6,59% a 190,7%.

Hora de dar um passo para trás?
Ao contrário do que a fala pode indicar, a queda do preço das ações incomoda, mas os executivos preferem manter suas metas alinhadas com os múltiplos de crescimento e a satisfação de seus clientes.
O alto escalão da empresa aponta que uma eventual queda no nível de fidelidade e atendimento dos usuários, um aumento na taxa de cancelamento ou uma piora nos indicadores no Reclame Aqui seriam sinais mais preocupantes a serem observados.
“O serviço para o nosso cliente é o mais importante no final do dia. A companhia está fazendo a lição de casa sim e entregando resultado. A gente entende que o que está acontecendo com a ação é algo muito mais macro, porque é micro não houve mudança”, diz Marquezi. “Nada muda, continuamos com os mesmos objetivos e metas, focados na jornada digital do nosso cliente”.
Ainda que hoje a maior base de acionistas seja de investidores internacionais, o executivo acredita que a falta de tradição do país em lidar com empresas de tecnologia acaba fazendo com que as pessoas físicas tenham menos estômago para segurar uma tese de crescimento de longo prazo — com as comparações frequentes com o CDI levando a uma migração do capital dessa classe de investidores, ao contrário do que ocorre no exterior.
“Muita gente fala que, agora que o mercado está mais tenso, tem que fazer o back to basics [voltar ao básico] e gerar caixa, mas a gente nunca saiu disso. Sempre fomos uma empresa de crescimento com geração de caixa, então o nosso back to basics existe desde 1998, quando a companhia foi fundada. Talvez esse entendimento seja algo meio distante nesse momento”.
O executivo faz questão de salientar o crescimento expressivo da companhia desde o IPO — com a receita saindo da casa dos milhares de reais para a de milhões.
Em 2022, a Locaweb registrou uma receita líquida de R$ 1,138 bilhões, com o e-commerce garantindo uma fatia de mais de R$ 700 milhões. Ou seja, 68% da receita do grupo.
Locaweb (LWSA3): uma sobrevivente da safra 20/21
Apesar da pandemia do coronavírus, os anos de 2020 e 2021 ficaram marcados na história da B3 pelo forte fluxo de novas listagens na bolsa de valores, trazendo uma variedade de setores e um número sem precedentes de empresas de tecnologia na bolsa.
Os juros baixos da pandemia impulsionaram as companhias a buscarem recursos na B3, mas não é raro ouvir de especialistas de mercado de capitais e analistas que muitas dessas empresas não estavam prontas para um IPO — o que talvez ajude a explicar o desempenho negativo da maior parte dos papéis dessa safra.
Para Marquezi, parte do sucesso da empreitada está na preparação para o IPO — que ocorreu bem antes da estreia oficial, em 2020. Desde 2019 na empresa, o executivo acompanhou os últimos detalhes antes da chegada da Locaweb na B3 e exalta o papel pioneiro da companhia.
“Tivemos dois papéis muito importantes. Primeiro de ter trazido as empresas tech para a bolsa. O segundo e mais importante é que a gente trouxe um nível de governança, de transparência e de proximidade com os investidores e com o mercado muito bons. Acho que é um dos motivos pelos quais a gente tem um desempenho acima do IPO”.
Para o executivo, uma das chaves para o sucesso está na estrutura de governança robusta que havia sido construída muito antes de 2020, com a Locaweb sendo auditada por uma das Big Four (o grupo das quatro principais empresas de auditoria do mundo — Deloitte, PwC, EY e KPMG) desde 2015, e com membros independentes no conselho de administração desde 2007.
Qual é a Locaweb do futuro?
A alta exponencial das ações durante a pandemia não nega o papel importante que a empresa teve em digitalizar os pequenos empresários num momento em que o varejo físico se tornou impossível de ser sustentado — mas a companhia já está de olho no futuro.
Apesar de ainda haver muito espaço para crescimento, uma vez que apenas 12% de todo comércio é realizado por vias digitais, a Locaweb já está pensando em se consolidar como uma plataforma completa de soluções para o lojista.
Assim como a empresa estava pronta para a alta demanda que surgiu inesperadamente, ela também quer estar “em ponto de bala” para quando a saturação de novas lojas online chegar — o que pode acontecer em cerca de 15 anos.
Com o dinheiro captado em seu IPO e em uma oferta secundária posterior, a companhia foi às compras e, ao longo de 2022, tentou consolidar ao máximo as suas aquisições para oferecer diversas soluções integradas aos seus clientes — e, para Alves, esse é o segredo que sustenta a tese de longo prazo da Locaweb.
“A nossa missão, escrita na parede da companhia, é ajudar as empresas a nascerem e prosperarem por meio da tecnologia. Eu não quero que o meu lojista nasça comigo e tenha que ter outros 30 players, né? Eu quero que tenha tudo no painel de controle dele”.
Por isso, a empresa vem investindo em um painel de controle que traga soluções de venda, logística, marketing e até mesmo anúncios nas mais diversas plataformas. Além do fácil acesso e publicação em grandes marketplaces do país — como Magazine Luiza, Casas Bahia e Amazon —, já existem ferramentas que simplificam também o processo de venda nas redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok.
“Estamos muito confiantes de que, operacionalmente falando, a companhia tem o melhor e mais diferenciado ecossistema para clientes de e-commerce do Brasil”.
Hoje, a maior base de clientes é de lojistas com faturamento mensal de até R$ 40 mil, mas há planos de expandir a presença do comerciante de médio porte entre os empresários atendidos pela empresa.
Segundo o diretor de RI da empresa, chegar ao grande lojista não é uma ambição da Locaweb, uma vez que já existem plataformas que oferecem um bom serviço para esse nicho. Para 2023, o objetivo maior é fazer com que as ferramentas disponíveis cheguem a cada vez mais clientes.
A ambição de ser um ecossistema completo para o lojista de pequeno e médio porte se reflete até mesmo na mudança da marca da empresa. Em 2022, ao completar dois anos da estreia na bolsa, o nome Locaweb Company passou a ser utilizado em uma tentativa de lembrar ao mercado que a companhia é muito mais do que uma ferramenta de hospedagem de sites.
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