Declínio na Terra do Dragão: Desaceleração da China e alta dos juros nos EUA assustam, mas podem ser positivas para emergentes como o Brasil
Os investidores estão frustrados com os dados econômicos da China, incluindo os de inflação, que estão abaixo do esperado

Os investidores internacionais têm se frustrado nos últimos meses com os dados de atividade econômica da China. Na segunda-feira, o gigante asiático divulgou seus dados de inflação, que ficaram abaixo das expectativas.
Os preços ao consumidor registraram estabilidade, com a taxa mais fraca desde fevereiro de 2021 (contra uma expectativa de +0,2%), enquanto os dados de preços ao produtor mostraram uma deflação de 5,4%.
Em resumo, a deflação nos preços ao produtor se intensificou e os preços ao consumidor permaneceram estáveis no ano. Enquanto os preços dos alimentos continuam subindo, os preços dos bens seguem em queda.
Fonte: Goldman Sachs.
Como a situação na China influencia a inflação no mundo
Há dois efeitos indiretos para a inflação global decorrentes dos dados divulgados:
- i) Os dados de preços ao consumidor refletem os gastos dos consumidores chineses em serviços, em vez de bens, o que limita o impacto do crescimento da China na economia global;
- ii) Os dados ressaltam que não há inevitabilidade global em relação à rigidez da inflação.
Como resultado, as commodities apresentam reação negativa, apesar da possibilidade de um maior espaço para cortes de juros na China. Os investidores consideram as medidas adotadas até o momento como sendo tímidas.
Leia Também
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
A visita de Janet Yellen à China
Curiosamente, os dados mencionados surgiram após a visita da secretária do Tesouro, Janet Yellen, à China.
Quando Yellen deixou Pequim no domingo, parecia que sua primeira visita como secretária do Tesouro dos Estados Unidos à segunda maior economia do mundo estava avançando em direção a um engajamento mais significativo entre as duas principais economias globais para estabelecer novos acordos.
O mercado interpretou que o encontro contribuiu para construir um canal de comunicação produtivo entre os países, complementando a visita anterior do secretário de Estado, Antony Blinken, há algumas semanas.
EUA e China em guerra (comercial)
As tensões entre Washington e Pequim recentemente se transformaram em uma nova guerra comercial, com ambos os lados restringindo exportações de tecnologias avançadas crucialmente importantes.
Os chineses buscam a liderança em áreas como computação quântica, inteligência artificial e fabricação de chips, o que levou a restrições de exportação de metais essenciais, como gálio e germânio, juntamente com seus compostos químicos.
Durante várias horas de reuniões, Yellen procurou convencer a nova equipe econômica da China de que os Estados Unidos não estão buscando vantagens econômicas contra o país.
A equipe do presidente Joe Biden está realizando uma revisão estatutária de quatro anos das tarifas impostas pelo governo Trump às importações chinesas.
Além disso, estão sendo desenvolvidos novos mecanismos para reduzir os investimentos dos EUA em setores sensíveis no exterior, o que é visto como uma medida direcionada à China.
Leia também
- Onde investir: Novo semestre começa com oportunidade sob medida para os ativos brasileiros
- Como sobreviver ao Banco Central: novas informações sobre juros e inflação desafiam investidores
O mundo dividido em blocos de novo?
Embora Yellen tenha influência direta sobre como ocorreram suas primeiras reuniões com a nova equipe econômica do presidente Xi Jinping, ela é apenas uma voz que pesa sobre tarifas e restrições de investimento no exterior.
Em outras palavras, uma parte essencial de sua abordagem em Pequim foi estabelecer canais de comunicação que ela espera que ajudem a gerenciar as tensões existentes.
Yellen repetidamente enfatizou a importância de relações econômicas bilaterais amplas e profundas, transmitindo a mensagem de que isso é positivo e pode aliviar as preocupações dos aliados dos Estados Unidos de que Washington pretende fragmentar a economia global em um bloco americano e um bloco chinês.
A competição entre os Estados Unidos e a China não deve ser encarada como um jogo de soma zero. É necessário encontrar um equilíbrio entre as duas superpotências em questões que abrangem desde tecnologia e comércio até a segurança de Taiwan. Afinal, ambas as nações têm a responsabilidade de cooperar diante dos grandes desafios globais, incluindo questões ambientais.
Evitando o desacoplamento (decoupling)
A palavra-chave para entender o que está ocorrendo é decoupling (desacoplamento) - um termo recentemente reforçado por Louis Gave, da Gavekal Economics, para descrever um mundo que está se afastando da China.
Isso tem beneficiado alguns países emergentes e prejudicado outros, resultando em grandes vencedores e perdedores.
Um exemplo é o padrão das importações dos Estados Unidos do México e da China ao longo das últimas três décadas.
Os acordos comerciais tiveram um grande impacto para ambos os países, com o México sofrendo uma perda significativa de participação após a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001.
No entanto, recentemente, o México tem se beneficiado da redução da dependência em relação à China, com suas importações superando as da China nos últimos três meses pela primeira vez em 20 anos.
VEJA TAMBÉM - POR QUE A ALTA DE 10% DO IBOVESPA PODE SER SÓ O COMEÇO E QUAIS SÃO AS 10 AÇÕES PARA COMPRAR AGORA
Uma nova era da globalização
Enquanto as duas superpotências globais buscam se distanciar, outros países emergentes estão encontrando oportunidades.
Os países da Ásia e da América Latina, como o Brasil, podem expandir suas relações comerciais com a China e os EUA.
Resumidamente, estamos presenciando o início de uma nova era na globalização.
Consequentemente, o crescimento do comércio nos mercados emergentes tem o potencial de impulsionar as commodities.
Enquanto os Estados Unidos seguem uma política monetária restritiva e a China enfrenta desafios relacionados à deflação, pode ocorrer um boom nos países emergentes, excluindo a China.
Desaceleração econômica no Ocidente preocupa
No entanto, o risco está na magnitude da desaceleração no Ocidente. A política monetária agressiva do Federal Reserve em meio à recessão global na indústria manufatureira e à deflação na China é preocupante para os ativos de risco em geral, especialmente para os setores cíclicos.
A China pode exportar sua deflação para o restante do mundo, mesmo que relutantemente, ao permitir uma desvalorização adicional de sua moeda.
As moedas dos países emergentes da Ásia já estão enfraquecendo, e as moedas da América Latina podem ser as próximas afetadas.
Embora os maiores desafios futuros possam envolver os Estados Unidos e a China, à medida que lidam com os efeitos posteriores da pandemia e aprendem a coexistir, o ponto principal é que o resto do mundo em desenvolvimento pode encontrar algum impulso positivo estrutural nos próximos anos, o que é promissor para países como o Brasil.
- Otimismo parece mesmo ser a palavra-chave sobre as expectativas para o Brasil nos próximos anos – e você pode aproveitar para lucrar com esse cenário. A Empiricus Research acaba de lançar um plano que te dá a chance de multiplicar seu patrimônio por até 5x, dentro dos próximos 36 meses, com o bull market brasileiro. [ACESSE AQUI]
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado
Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?
A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.
Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília
Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores
Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro
O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump
Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem
Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno
O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira
No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão
Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil
Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece
Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?
Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale
Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem
A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata
Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda
O amarelo, o laranja e o café: Ibovespa reage a tarifaço aguado e à temporada de balanços enquanto aguarda Vale
Rescaldo da guerra comercial e da Super Quarta competem com repercussão de balanços no Brasil e nos EUA