Onde investir: 16 ações recomendadas para surfar a alta esperada da bolsa no segundo semestre
Com a expectativa de queda da Selic, os ativos de renda variável voltaram a brilhar, e as projeções do mercado apontam o Ibovespa aos 140 mil pontos
Da cautela à euforia, a bolsa recompensou o investidor que decidiu correr um pouco mais de risco, mas não sem pregar alguns sustos. Em apenas seis meses, o Ibovespa chegou ao fundo do poço aos 97.926 pontos em março e alcançou a máxima de 120.420 pontos no mês passado — uma variação de mais de 20%.
Depois de um início vacilante, principalmente em razão da incerteza política, dois fatores contribuíram para a retomada dos ânimos na bolsa de valores brasileira: o projeto do arcabouço fiscal e a expectativa de início do ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic). O ambiente externo mais calmo também ajudou na melhora da percepção do risco.
A bolsa brasileira já precifica hoje a queda da Selic, segundo Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus. “Uma bolsa a 120 mil pontos seria o momento para as pessoas voltarem a se interessar em renda variável”, afirmou, durante participação no evento BTG Talks.
De fato, os ativos de renda variável voltaram a brilhar, o que levou a uma onda de revisões das projeções do mercado para o Ibovespa. A expectativa agora é que o índice encerre o ano em até 140 mil pontos.
Nesta reportagem, eu trago mais detalhes sobre o que esperar da bolsa na reta final de 2023, além de uma lista com 16 ações recomendadas pelos especialistas para surfar a onda da renda variável.
Contribuíram para esta reportagem: Jennie Li, estrategista de ações da XP; Paula Moreno, cogestora da Apex Capital; Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora; e Victor Natal, estrategista de ações do Itaú BBA.
Leia Também
Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2023. Eis a lista completa:
- Cenário macro
- Bolsa (você está aqui)
- Renda fixa
- FII e imóveis
- Bitcoin e criptomoedas
- Investimentos no exterior
A bolsa ainda está barata?
Com a animação das últimas semanas, a primeira dúvida de quem pensa em entrar na bolsa agora é: há ainda espaço para subir mais?
A resposta unânime dos especialistas com quem eu conversei é “sim” e por uma razão bem simples: a bolsa ainda está barata.
Essa visão se baseia na comparação entre preço e lucro (P/L) das ações que compõem o Ibovespa. Esse indicador procura mostrar em quantos anos o investidor tem de volta o valor investido com base nos lucros das companhias. Ou seja, quanto menor o P/L, mais baratas estão as ações.
“Em junho de 2022, o preço/lucro do Ibovespa estava próximo a 6,5 vezes. Agora, a gente já tem algo próximo a 8,1 vezes, ainda menor que a média histórica, de 11,1 vezes”, afirma Victor Natal, estrategista de ações para pessoa física do Itaú BBA.
Traduzindo os números em palavras, significa que existe uma janela de valorização para o índice em torno de 37%, ainda que o mercado já tenha precificado boa parte da queda de juros e a redução do Risco-Brasil com o arcabouço fiscal.
“O mercado estava extremamente barato e agora está mais descontado do que estava há 60, 45 dias, e estamos caminhando para uma normalização do nível de valorização”, diz Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.
Para ele, a trajetória da taxa básica de juros daqui em diante deve determinar o espaço para a subida de patamar do Ibovespa. “O início do corte de juros em agosto já está dado, mas ainda não se sabe a intensidade.”
O histórico também favorece a visão de que ainda há espaço para o avanço do Ibovespa. Segundo a XP, os maiores retornos da bolsa ocorreram justamente nos ciclos mais agressivos de cortes e juros.
“Na média, para cada 1 ponto percentual de corte na Selic, o Ibovespa apresentou retornos de +7,2%”, afirma Jennie Li, estrategista de ações da XP.
A corretora fez um estudo analisando os ciclos de corte da taxa Selic nos últimos 20 anos e concluiu que quem investiu na bolsa no mês que o Banco Central iniciou a redução dos juros e segurou até o fim teve ganhos até três vezes acima do CDI.
Além da Selic: siga o dinheiro
A redução na Selic e a aprovação da nova regra fiscal, que limita os gastos do governo de acordo com as receitas, não são os únicos responsáveis pelo fôlego do Ibovespa.
Com o cenário mais favorável, o Brasil também segue atrativo em relação ao resto do mundo para os fluxos (entrada e saída de investimentos) tanto de investidores estrangeiros, institucionais e de pessoas físicas.
O fluxo estrangeiro, por exemplo, não tem sido consistente nos últimos meses, ao contrário do que ocorreu no ano passado, mas a expectativa é que o capital externo retorne com mais força para a B3, afirma Jennie Li, da XP.
Os investidores institucionais, por sua vez, também começaram a retornar para o mercado mais otimista com a queda da Selic.
E, por fim, o investidor pessoa física (PF) pode ser um importante aliado para a alta do Ibovespa. A última pesquisa da XP com assessores de investimentos aponta que, embora a alocação em renda variável continue em níveis baixos (de 0% a 25%), 49% dos investidores pretendem aumentar a exposição da carteira.
- Selic pode ir a 13,50% em agosto e abrir espaço para multiplicações de até 5 vezes com a bolsa brasileira; conheça as 11 ações indicadas pela Empiricus Research para buscar lucros de até 400% em três anos.
Por último — e também atrelado à Selic —, o Ibovespa pode se beneficiar dos resultados das empresas nos próximos trimestres.
Isso porque as despesas financeiras das companhias variam conforme a trajetória dos juros. Logo, com a Selic menor, eventualmente o mercado pode começar a revisar para cima o lucro das empresas, afirma Peretti, da Santander Corretora.
Os riscos pela frente
É claro que o investimento em bolsa envolve riscos, e o cenário favorável pode a qualquer momento se reverter. Na visão do mercado, são três os potenciais “inimigos” das ações até o fim do ano: commodities, política fiscal e exterior.
Em primeiro lugar, o destaque vai para a frustração com a China. A expectativa de reabertura econômica entre meados do primeiro e segundo trimestres não veio conforme o esperado. Com a falta de estímulos econômicos mais consistentes para os próximos meses, a segunda maior economia do mundo pode ser, novamente, um detrator da bolsa brasileira.
O exemplo mais claro do “efeito China” se reflete na Vale (VALE3). A mineradora, que detém quase 16% de participação na carteira do Ibovespa, acumula queda acima de 26% no ano. Ou seja, o principal índice da bolsa poderia ter um desempenho ainda melhor neste ano se não fosse a queda da Vale.
Logo, sabendo que o Brasil é um país essencialmente exportador de commodities, quedas abruptas nos preços do minério de ferro, por exemplo, podem impactar a balança comercial brasileira. O petróleo e a celulose também entram nessa conta.
“Hoje, o governo parte do princípio de que as commodities ficarão estáveis e que o plano do ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad vai conseguir ser bem executado e entregar, olhando para 2024 e 2025, aqueles R$ 100 a R$ 150 bilhões a mais na arrecadação”, com o auxílio do arcabouço fiscal, afirma Ricardo Peretti, do Santander Corretora.
E, atrelado a commodities, o risco fiscal é o segundo fator de risco apontado pelos analistas. “A política expansionista da dívida continua sendo uma questão estrutural”, afirma Jennie Li, da XP.
Sendo assim, o cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo arcabouço fiscal também é um fator importante para monitorar. “A exemplo do teto de gastos, não é necessariamente a existência da regra que faz com que a situação melhore, mas é o cumprimento dela”, diz Victor Natal, do Itaú BBA.
Ainda no âmbito fiscal, a proposta de Reforma Tributária, ainda pouco discutida e com muitos pontos de interrogação, pode trazer certa volatilidade para o Ibovespa nos próximos meses — e também para 2024, segundo os analistas. Isso sem falar no efeito particular que a mudança nos impostos pode ter para cada setor da economia representado na B3.
Por fim, o risco de recessão global segue à mesa, com a continuidade do aperto monetário nos EUA e na Europa, na tentativa de controlar a inflação.
Onde investir na bolsa - 16 ações recomendadas
Nos próximos seis meses, a principal recomendação para a renda variável é concentrar a carteira em ativos expostos ao cenário doméstico. E talvez seja hora de voltar para as small caps, as empresas de menor valor de mercado da bolsa.
Os setores mais sensíveis ao juros tendem a apresentar uma performance melhor em ciclos de quedas da Selic. As companhias de varejo, construção civil e shoppings se destacaram nos últimos dois meses, com a expectativa de afrouxamento do aperto monetário no Brasil, e seguem muito descontadas no Ibovespa.
As empresas de construção, mais especificamente, podem também ser beneficiadas pelo programa de moradia do governo federal, o “Minha Casa, Minha Vida”, afirma Paula Moreno, da Apex Capital.
Nas recomendações de onde investir na bolsa no segundo semestre há, pelo menos, um consenso: papéis de empresas ou de setores cíclicos, de qualidade, endividamento baixo e múltiplos ainda razoáveis.
Quando perguntei sobre nomes, as ações do Grupo Soma (SOMA3) foram citadas por três dos quatro estrategistas ouvidos pelo Seu Dinheiro — a Apex Capital não mencionou ativos para investimento.
Ainda no varejo, Vivara (VIVA3) é a segunda “aposta” com potencial de bom desempenho no próximo semestre. No setor também aparecem Arezzo (ARZZ3), recomendada pelo Santander, e Lojas Renner (LREN3), na visão do Itaú.
As ações ligadas a shopping centers devem dar uma guinada nos próximos meses, na esteira do varejo — embora o setor seja considerado menos cíclico, já que 90% da receita vem de aluguéis dos espaços. Iguatemi (IGTI3) é a mais citada do setor, e, na visão do Santander, Multiplan (MULT3) também deve entrar em jogo.
Com a ajuda do corte na Selic combinado com os últimos incentivos federais do setor de transporte, Rumo (RAIL3) é o papel de destaque. Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3) devem sentir uma melhora no desempenho até o final do ano.
Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4) continuam sendo os queridinhos do setor bancário, com base nos últimos resultados trimestrais.
Vale mencionar que bancos têm sempre um ponto a favor: considerados ativos de renda variável mais conservadores, os papéis do setor “navegam” bem em um cenário de juros mais altos ou em ambientes de desaceleração das taxas.
De olho nas privatizações previstas para os próximos meses, o Itaú BBA recomenda o papel da Sabesp (SBSP3). Já a XP vê com bons olhos o processo de privatização da Copel (CPLE3; CPLE6), que pode turbinar o retorno das ações da estatal paranaense de energia.
Por fim, é importante não esquecer que a bolsa brasileira, e o Ibovespa em particular, é bastante concentrada em commodities. Logo, Vale (VALE3) — apesar do risco China — e Petrobras (PETR4) foram mencionadas por todos os analistas consultados como boas opções para o segundo semestre.
Para quem quer investir no setor de petróleo, mas prefere passar longe de eventuais intervenções do governo, a XP destaca também a petroleira júnior Prio (ex-PetroRio, PRIO3).
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