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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Em busca de segurança

Poupança ganhou espaço na carteira do investidor de varejo no 1º semestre – e a culpada é a pandemia

Pagamento do auxílio-emergencial e busca de um porto seguro na crise acabaram fazendo a poupança avançar no semestre, mesmo em um cenário de juros baixos e cadentes

Dinheiro Salva Vidas - Proteção - Segurança - Emergência
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Mesmo com a taxa Selic renovando mínimas históricas a cada reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom), o que vem reduzindo a rentabilidade dos investimentos mais conservadores, a caderneta de poupança ganhou espaço na carteira dos investidores de varejo no primeiro semestre de 2020.

Segundo levantamento semestral da Anbima - a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais -, entre os investidores do varejo tradicional, a participação da caderneta de poupança passou de 67,1% do volume total investido em junho do ano passado para 68,8% em junho deste ano.

Já no segmento de varejo alta renda (classificação que varia de acordo com a instituição financeira), esse percentual passou de 12,1% para 13,8% do volume total aplicado, nos mesmos períodos de comparação.

Considerando-se todos os investidores pessoas físicas (segmentos de varejo tradicional, varejo alta renda e private, que são os clientes de altíssima renda e grande patrimônio), a poupança foi o único tipo de investimento que cresceu em participação no volume investido no semestre.

Enquanto em dezembro de 2019, a poupança respondia por 24,1% dos R$ 3,263 trilhões investidos pelas pessoas físicas, em junho deste ano, ela respondia por 25,9% dos R$ 3,367 trilhões investidos. Todos os outros investimentos (renda fixa, renda variável, híbridos e outros) tiveram redução na participação.

É claro que, por um lado, muitos investimentos se desvalorizaram em razão do pânico nos mercados em março, o que contribuiu para que seu volume diminuísse ou pelo menos não aumentasse tanto em relação aos demais. Já os investimentos conservadores, como a caderneta, só tiveram retornos positivos.

O aumento de participação da caderneta é explicado por um efetivo crescimento na captação. Mas não é que a poupança tenha ficado mais atrativa frente a outros investimentos. Afinal, com a queda de juros, seu rendimento, que é de 70% da Selic mais TR, tem ficado cada vez menor. Na verdade, provavelmente se trata de um efeito da crise desencadeada pela pandemia de covid-19.

Para José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, um dos motivos é o depósito do auxílio-emergencial justamente em contas-poupança. Outra razão é que a caderneta de poupança, mesmo não rendendo quase nada, é muito associada à segurança, o que tem sido uma prioridade dos poupadores em tempos de crise.

"A sensação é de que a pandemia trouxe a busca por um porto mais seguro, e a poupança passa isso. Tanto que ela aumentou a participação mesmo no varejo de alta renda", comentou Rocha Neto, em teleconferência com jornalistas na manhã desta quinta (6).

Fundos de renda fixa sofreram um baque

Mas os fundos de renda fixa, que em grande parte são conservadores e também poderiam ser considerados portos seguros, não tiveram o mesmo desempenho da poupança. Pelo contrário, perderam espaço ao longo do semestre.

Segundo os dados da Anbima, sua participação no volume investido pelos clientes de varejo caiu de 13,5% em junho de 2019 para 11,1% em junho de 2020; no caso do varejo de alta renda, passou de 36,1% para 27,1%, no mesmo período de comparação.

Na análise de variação do volume financeiro por produto no semestre, houve queda de 2,7% no volume aplicado em fundos de renda fixa no varejo tradicional e de 18,2% no varejo alta renda.

Por um lado, os fundos de renda fixa menos conservadores, que investem em crédito privado e títulos prefixados ou atrelados à inflação, sofreram forte desvalorização no momento mais agudo da crise, quando os juros futuros dispararam. Na época, houve ainda um forte movimento de resgates desse tipo de fundo.

Por outro, os fundos conservadores perderam atratividade mesmo diante da poupança e do Tesouro Direto, pois sua rentabilidade caiu com a queda da Selic, mas suas taxas de administração continuaram altas - sobretudo para os clientes do varejo tradicional. De fato, esses fundos passaram a não compensar mais.

Mas embora ainda estejam com captação negativa no ano (em R$ 57 bilhões), os fundos de renda fixa viram uma recuperação no mês de julho, apresentando captação positiva de R$ 35,5 bilhões. Para José Ramos Rocha Neto, isso pode ter a ver tanto com o movimento recente de redução das taxas de administração, para readequá-las à nova realidade de Selic baixa, como pela busca de oportunidades de olho numa possível queda dos juros de longo prazo, que valorizaria os títulos prefixados e atrelados à inflação.

CDB em alta

Outro ponto curioso do levantamento da Anbima foi o forte crescimento apresentado pelos CDBs no semestre. No varejo tradicional, o volume financeiro alocado em CDBs cresceu 17,1%, enquanto no varejo alta renda o crescimento foi de 48,4%, de longe as maiores variações entre todos os tipos de ativos analisados.

Duas hipóteses podem explicar esse desempenho: a primeira é o fato de os CDBs também serem vistos como portos seguros pelos investidores, assemelhando-se à poupança, em função.

A outra é o fato de que os bancos parecem ter começado a oferecê-los com mais frequência do que os fundos de renda fixa conservadora. Já que as altas taxas de administração tornam os fundos pouco atrativos num cenário de Selic baixa, uma alternativa conservadora mais interessante seria justamente o CDB, que além de ser uma ferramenta de captação para o banco, também não sofre a cobrança de taxa.

Renda variável não deveria ter crescido?

Num cenário de juros tão baixos - e cadentes ao longo do primeiro semestre -, seria de se esperar um crescimento nos volumes alocados em renda variável. Mas, além da questão do auxílio-emergencial e da busca por segurança, a forte desvalorização nos preços dos ativos durante o período mais agudo da crise nos mercados também não ajudou as classes de ativos de maior risco a avançarem mais.

Assim, no varejo tradicional, os fundos multimercados tiveram um crescimento modesto de participação, de 1,0% em junho de 2019 para 1,3% em junho de 2020. No semestre, houve uma queda de 0,6% do volume financeiro alocado nesses produtos.

No caso das ações, a participação subiu de 1,2% para 1,4% de junho de 2019 para junho de 2020. No semestre, houve uma queda de 2,5% do volume financeiro alocado em fundos de ações, mas uma alta de 11,7% dos investimentos diretos em ações na bolsa.

Já no varejo alta renda, a participação dos fundos multimercados no volume investido subiu de 9,8% para 11,0% de junho de 2019 para junho de 2020. No semestre, houve uma alta de 2,0% no volume financeiro alocado nesses produtos.

Quanto às ações, sua participação no volume total subiu de 6,6% para 8,1% de junho de 2019 para junho de 2020. E, no semestre, o volume alocado nos fundos de ações caiu 9,5%, enquanto o volume investido em ações diretamente avançou 14,4%.

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