A BlackRock, uma das maiores gestoras de fundos do mundo, sofreu uma perda bilionária na sua conta, nesta semana, por investir em políticas voltadas ao meio ambiente, sustentabilidade e governança (ESG, na sigla em inglês).
O governo da Flórida decidiu resgatar cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões no câmbio atual) da empresa, investidos pela Divisão do Tesouro do Estado americano. O motivo: segundo o órgão estadual, a BlackRock desviou-se do objetivo de “produzir retornos mais altos” aos investidores.
“A Divisão do Tesouro da Flórida está se desfazendo da BlackRock porque eles declararam abertamente que têm outros objetivos além de produzir retornos”, disse o diretor financeiro do Estado, Jimmy Patronis, ontem (1º). “Não faltam empresas que investirão em nosso nome, então o Tesouro da Flórida levará seus negócios para outro lugar.”
Sendo assim, a Flórida venderá US$ 1,4 bilhão (R$ 7,2 bilhões) em títulos de longo prazo e US$ 600 milhões (R$ 3,1 milhões) em fundos de curto prazo da BlackRock. As operações devem ser realizadas, segundo Patronis, até o início de 2023.
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Diretriz republicana
O desinvestimento por questões de ESG também está relacionado à política adotada na Flórida. Ao menos 19 Estados americanos de tendência republicana — dentre eles, a Flórida — já tomaram medidas para restringir as políticas de diversidade e mudanças climáticas nos investimentos.
E a BlackRock tem sido o alvo mais comum para desinvestimentos, em razão de práticas ESG. Até agora, mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões) foram retirados da gestora por governos republicanos.
A exemplo disso, os Tesouros de Louisiana e de Missouri desinvestiram US$ 794 milhões (R$ 4,1 bilhões) e US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões), respectivamente, em outubro.
Além disso, os bancos Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, JP Morgan e Morgan Stanley já foram obrigados a entregar informações sobre políticas voltadas ao meio ambiente e à sustentabilidade.
BlackRock e o ESG
Ainda que o desinvestimento pelo governo da Flórida seja bilionário, a medida não deve afetar, de forma drástica, a BlackRock. Isso porque a gestora tem mais de US$ 8 trilhões em ativos.
A companhia tem incentivado empresas que compõem o seu portfólio a adotar medidas que amenizem as mudanças climáticas, como a divulgação de informações sobre emissões de carbono. Por outro lado, a BlackRock resistiu a reduzir os investimentos em petroleiras, por exemplo.
*Com informações de Financial Times e Reuters