Previsões, bolsa volátil e juros altos: o que você precisa saber para investir bem em 2022
A grande maioria das matérias sobre o que esperar da bolsa no ano são negativas e enchem o investidor de medo. Mas as previsões e a realidade nem sempre conversam entre si
Deixa eu adivinhar: você nem esperou terminar a primeira semana do ano e já foi procurar no Google "onde investir em 2022", não é?
Se você realmente fez isso, muito bem! Preocupação com as nossas finanças é algo que devemos ter o ano todo.
Apenas lembre-se de ter cuidado com o que você lê por aí.
Sobre as previsões para a bolsa
Todo começo de ano é a mesma história. Não faltam matérias sobre as perspectivas para os investimentos no ano que acaba de começar.
Mas antes de sair por aí acreditando em qualquer previsão, vale a pena lembrar quais eram as perspectivas doze meses atrás.
Naquele momento, as Bolsas marcavam máximas, as taxas de juros estavam nas mínimas e o fluxo de investimentos dava toda a pinta de que iria continuar migrando para os emergentes, incluindo o Brasil.
O otimismo dominava, como você pode ver em algumas das manchetes que eu peguei daquela época:
"2021 será o ano da Bolsa e dos emergentes" (31/12/2020)
"Mercado financeiro projeta ano de recordes para a bolsa brasileira" (4/1/2021)
"Bolsa deve subir mais em 2021" (4/1/2021)
Doze meses depois, sabemos muito bem que nada disso aconteceu.
A inflação disparou, a Selic acompanhou e tudo isso ainda veio junto com a paralisação das reformas e do aumento dos riscos fiscais.
O resultado? A bolsa marcou uma queda de mais de 10% que não estava no cenário de ninguém antes de o ano começar.
Antes de mais nada, quero esclarecer que não tenho nada contra essas matérias. Elas sempre farão parte do mundo dos investimentos e, de certa forma, acabam nos ajudando a entender como está "a cabeça" dos investidores de maneira geral.
No entanto, esse exemplo relativamente recente nos mostra que a tarefa de fazer previsões é muito mais difícil do que parece.
Neste início de 2022, a grande maioria das matérias sobre o que esperar da bolsa no ano são negativas e, na maioria das vezes, enchem o investidor de medo.
É nestes momentos que devemos olhar para o passado e nos lembrar que as previsões e a realidade nem sempre conversam entre si.
Não é impossível que o ano que está começando cheio de receios termine de maneira positiva para os investidores.
Mas como podemos lidar com essa incapacidade de prever o futuro? Admitir a nossa incapacidade já é um ótimo começo.
Warren Buffett já disse várias vezes que nunca olhou previsões de PIB, inflação, juros, nem nada disso para comprar ações — que homem!
Ele limita o seu trabalho a escolher empresas boas, com uma gestão competente e que estão negociando por múltiplos atrativos, e capazes de atravessar qualquer que seja o cenário.
Negociando por apenas 10 vezes lucros e pagando ótimos dividendos, Hypera (HYPE3) é um nome que se encaixa nessa categoria e segue firme na série Vacas Leiteiras, focada em dividendos.
Volatilidade é ruim para a bolsa?
Ainda sobre os prognósticos para a Bolsa em 2022, você deve ter se deparado várias vezes com a palavra "volatilidade", principalmente por causa das eleições.
Mas o que isso significa em termos de retorno para os seus investimentos?
A resposta é nada! Absolutamente nada!
A volatilidade é apenas uma medida de movimento. Quanto maior a volatilidade, maior a quantidade de movimento dos ativos.
Mas esses movimentos podem ser tanto para cima quanto para baixo, e não indicam desvalorização das ações, como a maioria das reportagens dá a entender.
Pelo contrário. Como podemos ver abaixo, a volatilidade do Ibovespa atingiu níveis mais elevados em 2017, 2018 e 2020 do que no ano passado.
Ainda assim, o índice Ibovespa subiu em todos esses anos mais "turbulentos" e apresentou um desempenho pífio justamente no pouco volátil 2021.
Ano | Retorno | Volatilidade Máxima |
2017 | +26,9% | 27,7% |
2018 | +15,0% | 27,6% |
2019 | +31,6% | 24,3% |
2020 | +2,9% | 87,4% |
2021 | -11,9% | 26,8% |
Ou seja, não se assuste com o fato de 2022 ser um ano de maiores movimentos, isso não é necessariamente negativo.
Mais importante do que a volatilidade em si é o fato de as ações estarem negociando por preços descontados, que já embutem um cenário bastante ruim e abrem espaço para grandes valorizações em caso de um resultado apenas menos ruim que o esperado.
Negociando por 3x lucros e em um momento operacional fantástico, a Petrobras (PETR4) guarda justamente esse perfil de risco vs retorno, e é por isso que faz parte da série Palavra do Estrategista..
Sobre os juros
O ano começou cheio de incertezas, mas uma coisa é certa: a Selic vai ultrapassar os 10% em 2022.
O que ninguém sabe ainda é até quando ela vai permanecer naqueles níveis.
Isso porque o Banco Central do Brasil agiu rápido na subida de juros (linha vermelha) para conter a inflação (linha preta), que já começa a dar sinais de reversão.
O Super Renda Fixa, que já tem conseguido oferecer ótimos títulos semanalmente com a Selic nos níveis atuais, deve começar a ter oportunidades ainda melhores quando a taxa básica de juros superar os 10%.
O problema é que essa janela pode durar pouco tempo se a inflação começar a recuar rapidamente. Por isso, é bom estar preparado para quando essas oportunidades surgirem.
Ano de oportunidades
Apesar de começar mais difícil do que gostaríamos, 2022 deve ser um ano de grandes oportunidades, seja em ações, em renda fixa, fundos imobiliários, criptomoedas e por aí vai.
Sabe qual é a melhor parte? A partir de hoje, você não precisa mais escolher de qual desses ativos você prefere receber sugestões de investimento.
Com o Empiricus Pass, você tem acesso à todas as carteiras essenciais da Empiricus.
Você vai ter acesso a sugestões de investimento criptomoedas, ações locais, ações focadas em dividendos, ações internacionais, renda fixa, fundos imobiliários e muito mais!
Se quiser conferir essa oferta, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Opção é apenas para investidores profissionais? O fundo dos sobrinhos de Armínio Fraga acaba de nos mostrar que você pode se sair bem melhor do que eles
Um desastre recente tratou de mostrar que, no mercado financeiro, todo mundo pode cometer erros, até os profissionais
Tudo tem preço, até mesmo aquela ação ‘pra vida inteira’ que você tem na carteira
Como nos ensinou Benjamin Graham, o Senhor Mercado é um sujeito bipolar, disposto a pagar preços absurdamente baixos ou altos por suas ações, dependendo do humor
Por que a Gerdau acertou mais uma vez ao segurar aquele caminhão de dividendos que todos estavam esperando
Um ano depois, a Gerdau continua ensinando os analistas sobre a gestão disciplinada de recursos que diferencia as boas empresas do mercado
Se Warren Buffett fosse brasileiro, qual ação ele compraria? Um investimento recente do mago de Omaha dá uma pista
O megainvestidor está interessado em uma petroleira norte-americana, mas um nome brasileiro do setor é ainda mais atraente
Você é um pequeno investidor? Descubra as vantagens que você tem sobre o resto do mercado e ainda não sabia
Investidores institucionais muitas vezes são obrigados a abrir mão de oportunidades das quais nós, pequenos investidores, podemos obter ganhos vultosos
Investir em estatal vale a pena? Uma reflexão sobre como o Banco do Brasil (BBAS3) subverteu as máximas dos manuais de investimentos
Banco do Brasil (BBAS3) negocia com múltiplos baixos demais para a qualidade dos resultados que tem apresentado e ainda guarda um bom potencial de valorização
Com a Selic em 13,75%, ainda vale a pena investir em ações?
Com essa renda enorme de mais de 1% ao mês, sem riscos e sem sustos, será que ainda vale ter ações na carteira?
A armadilha dos dividendos: cuidado para não cometer o maior erro dos investidores que buscam ‘vacas leiteiras’ na bolsa
Quem não gosta de ver um dinheirinho pingando na conta? O problema é que muitas vezes os dividendos prometidos são insustentáveis; entenda
Bolsonaro venceu? Petrobras enfim reduz o preço da gasolina, mas até que ponto vai a influência do presidente?
Se a Petrobras tivesse baixado os preços por mera pressão do governo, as ações teriam desabado; entenda o que está por trás da redução
A Vivo (VIVT3) e sua estabilidade à prova de crise nos mostram: negócios chatos não são maus negócios
A Vivo (VIVT3) manteve suas receitas praticamente estáveis nos últimos anos. Ainda assim, esse ‘negócio chato’ gera muito valor ao acionista
Leia Também
Mais lidas
-
1
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
-
2
Após prejuízo bilionário, CEO da Casas Bahia está “confiante e animado” para 2024 — mas mercado não compra ideia e ação BHIA3 cai forte na B3
-
3
Ação do ex-dono do Grupo Pão de Açúcar desaba quase 50% na bolsa francesa em um único dia e vira “penny stock”