Nos últimos dias, uma companhia virou a sensação do mercado financeiro norte-americano: a Occidental Petroleum. Depois de comprar cerca de 20% das ações da petroleira, Warren Buffett pediu permissão à agência reguladora dos Estados Unidos para poder aumentar a sua participação para até 50%.
Após o anúncio, as ações chegaram a subir 10% no dia, com investidores interessados em pegar carona na aposta de Buffett.
Mas o que mais me surpreendeu foram os motivos pelos quais o mago de Omaha fez essa aquisição.
Cara de uma, focinho da outra
Lendo uma matéria em um site de investimentos gringo sobre essa aquisição, me deparei com o seguinte trecho:
"Impulsionada pelos preços crescentes das commodities, a Occidental reduziu substancialmente a sua dívida e está gerando muito caixa. A empresa agora parece ser uma boa opção para Buffett, dizem investidores e analistas. Ela está fortalecendo seu balanço e retornando a geração de caixa para os acionistas; e detém a maior posição no campo de petróleo mais ativo dos EUA."
O trecho é, obviamente, sobre a norte-americana Occidental. Mas troque Occidental por Petrobras e EUA por Brasil no trecho acima e o sentido será perfeitamente mantido:
"Impulsionada pelos preços crescentes das commodities, a Petrobras reduziu substancialmente a sua dívida e está gerando muito caixa. A empresa agora parece ser uma boa opção para Buffett, dizem investidores e analistas. Ela está fortalecendo seu balanço e retornando a geração de caixa para os acionistas; e detém a maior posição no campo de petróleo mais ativo do Brasil."
Cada dia melhor
A Petrobras tem aproveitado muito bem a alta nos preços das commodities. Assim como a Occidental, ela tem vendido barris de petróleo por preços absurdamente altos.
Além disso, a estatal possui posição dominante no pré-sal brasileiro, onde a produtividade está entre as três melhores do mundo e os custos são extremamente baixos. Na linguagem do setor, dizemos que os campos da Petrobras são ativos de "classe mundial", dadas as qualidades.
Essa combinação tem permitido à Petrobras uma geração de caixa de dezenas de bilhões de reais trimestre após trimestre, o que tem se traduzido em uma enorme redução da dívida...
… e proporcionado distribuições de dividendos gigantescos para os acionistas. O yield esperado para 2022 é de mais de 40% (!). Para os anos de 2023 e 2024 o mercado espera mais de 20% de yield.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio
Melhor que a Occidental
Mas as semelhanças não param por aí. Esses papéis estão muito baratos em relação à média dos seus mercados. E Warren Buffett adora ações baratas!
A Occidental está precificada hoje por 4 vezes o seu fluxo de caixa, níveis muito mais descontados do que o índice norte-americano S&P 500, que negocia por 12 vezes.
A Petrobras, por sua vez, negocia por apenas 2 vezes a sua geração de caixa, também muito mais barata do que o Ibovespa, que negocia por 6 vezes.
Na verdade, se analisarmos friamente, vemos que a Petrobras é ainda mais atrativa. Ela paga mais dividendos, é mais barata, está menos endividada e atua em ativos que proporcionam melhores margens.
Aliás, a decisão de vender ativos de baixa rentabilidade para focar os investimentos no pré-sal mostra uma enorme capacidade de alocação de capital da companhia, qualidade que Warren Buffett também aprecia muito.
No entanto, outro trecho dessa mesma reportagem mostra que o nosso sonho de ver Buffett colocar seu dinheiro na Petrobras é muito difícil de se tornar realidade.
Ainda falando sobre o aporte de Buffett na Occidental, um outro analista comentou: “Ela preenche uma série de requisitos que ele gosta. Ela tem um bom fluxo de caixa, é uma ótima alocadora de capital e é norte-americana".
Azar o de Warren Buffett
Dadas as qualidades até superiores da Petrobras, é provável que se o Warren Buffett fosse brasileiro ele olharia com bastante carinho para as ações da companhia.
Mas ele não é, fazer o quê? Azar o dele.
Com uma enorme evolução operacional nos últimos anos, foco no rentável pré-sal e capacidade de distribuir enormes dividendos para os seus acionistas, a Petrobras é uma das estrelas da série Vacas Leiteiras, e uma das grandes responsáveis pela valorização de 19% da série no ano, mais que o dobro do Ibovespa.
Se quiser conferir o portfólio completo das melhores pagadoras de dividendos do Brasil, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy