Crise na Casa Branca: para onde Biden está levando os EUA?
Joe Biden tem tido um governo turbulento frente à Casa Branca — e, com popularidade em baixa e inflação em alta, o futuro dos EUA é nebuloso
No livro “Princípios para a Ordem Mundial em Transformação – Por que as nações prosperam e fracassam”, que acabo de ler, o autor, Ray Dalio, mostra como os Estados Unidos estão se tornando um país de ódio político.
Numa passagem, Dalio escreveu: “(Um) estudo relatou que 80% dos dos democratas consideram que o Partido Republicano foi tomado por racistas e 82% dos republicanos julgam que o Partido Democrata foi tomado por socialistas”.
Biden e as tragédias pessoais
No dia 18 de dezembro de 1972, soou a campainha do telefone do escritório de Joe Biden, de apenas 29 anos de idade, que acabara de se eleger senador pelo estado de Delaware. Era seu irmão, Jimmy, chamando Joe para ir imediatamente para casa.
Chegando lá, o jovem senador ficou sabendo que sua mulher, Neilia, e sua filha, Naomi, de 1 ano, haviam morrido num desastre de automóvel. Os outros dois filhos, Beau (3 anos) e Hunter, 4, estavam gravemente feridos (se recuperariam).
Quarenta e três anos mais tarde, quando Joe já era vice-presidente de Barak Obama, Beau Biden, então com 45, morreu de câncer no cérebro.
Em minha opinião, para quem já recebeu tais golpes, perder uma eleição é não mais do que um aborrecimento. Talvez por isso Joe Biden se mostrasse tão descontraído e pouco raivoso quando, já eleito presidente, via Donald Trump tentar se manter na Casa Branca com alegações de fraudes eleitorais.
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Casa Branca antes da presidência
Joe Biden tentou a presidência pela primeira vez em 2008, ao participar das primárias democratas. Mas retirou seu nome ao ver que havia concorrentes com muito mais apoio do que ele. Em contrapartida, foi escolhido pelo vencedor da seleção, o senador por Illinois Barak Hussein Obama, para formar a chapa como vice-presidente.
No dia 4 de novembro de 2008, a vitória de Obama/Biden foi folgada, no voto popular (52,9% contra 45,7% do republicano John McCain), e esmagadora (landslide, como gostam de rotular os americanos): 365 a 173 no Colégio Eleitoral.
Nos Estados Unidos, a participação de um vice-presidente no governo é muito maior do que no Brasil, embora ele (ao contrário daqui) não assuma o cargo principal quando o chefe de estado viaja. Além de ser presidente do Senado, o vice de lá recebe missões, programas e viagens de Estado para executar.
Em 2020, Joe Biden resolveu concorrer à presidência, com apoio de Barak Obama. Mas precisou enfrentar, nas primárias, dois adversários fortíssimos: Bernie Sanders, um político assumido de esquerda, de 79 anos, popularíssimo, quem diria, entre os jovens; e Elizabeth Warren, digamos que de meia-esquerda, que apregoava ter sangue indígena nas veias, o que lhe valeu o apelido de Pocahontas, por parte de Donald Trump.
Concorreu também Kamala Harris, senadora pela Califórnia, que desistiu da presidência para formar, como vice, a chapa de Biden.
Na verdade, as eleições de 3 de novembro de 2020 foram muito mais um plebiscito sobre a atuação de Donald Trump na presidência, com seu negacionismo inicial da Covid e das vacinas, do que uma avaliação do adversário.
Como se sabe, Biden venceu no voto popular e no Colégio Eleitoral. Só que Trump não aceitou o resultado. Sem apresentar nenhuma prova, disse que a eleição foi uma fraude e se recusou a reconhecer a vitória do adversário, como é de praxe nos Estados Unidos.
Não bastasse essa falta de civilidade, no dia 6 de janeiro de 2021, 64 dias após as eleições e 14 antes da posse, Donald Trump, do portão da Casa Branca, incentivou uma turba de seguidores a marchar até o Capitólio.
Se a intenção do presidente era a de que o pessoal se limitasse a protestar do lado de fora ou a de invadir o prédio (que foi o que aconteceu) é o que está se apurando agora. O certo é que os manifestantes, direta e indiretamente, causaram a morte de seis pessoas, entre elas um oficial legislativo.
O turbulento governo Biden
Pela lógica, esse ataque de militantes republicanos ao Congresso já bastava para que Joe Biden tivesse um início popular no governo. Mas eis que veio a retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, ação acertada com o Talibã por Donald Trump e que Biden resolveu cumprir.
Foi um desastre completo. O mundo inteiro assistiu pela televisão cenas que se assemelharam à vexaminosa fuga dos americanos do Vietnã, em abril de 1975, com o último dos helicópteros partindo do teto da embaixada em Saigon (atual Hó Chi Min).
No aeroporto de Cabul, foi um enorme jato cargueiro quadrirreator da Força Aérea Americana que completou a retirada.
Biden teve pouca ou nenhuma culpa nos incidentes que ocorreram ali, mas terroristas suicidas da al Qaeda, organização que muitos julgavam extinta, explodiram alguns artefatos que deixaram 90 mortos, inclusive 13 soldados americanos.
Fora os afegãos que tentaram fugir agarrados nas asas, turbinas, compartimentos de trem de pouso e até mesmo no teto do jato e que, como não podia deixar de ser, despencaram da aeronave alguns segundos após a decolagem.
Joe Biden também herdou de Donald Trump a belicosidade com a China. Mas não a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, que pegou o presidente de surpresa e o fez tomar decisões controversas, tais como adotar represálias contra russos ao redor do mundo, inclusive esportistas sem nenhuma ligação com Putin.
Como se esse inferno astral não bastasse, após anos e anos de estabilidade nos preços, sobreveio a inflação. Embora a alta de preços seja mundial, cada povo está culpando seu chefe de governo pelo fenômeno. Greves, desordens, protestos, conflitos e mortes estão acontecendo ao redor do mundo.
Em Lima (Peru), Colombo (Sri Lanka), Zimbábue e até em países ordeiros como a Alemanha, multidões estão saindo às ruas em protesto contra a inflação.
Nos Estados Unidos, como o governo Biden monetizou a população, distribuindo trilhões de dólares em dinheiro para cobrir os prejuízos causados pelos lockdowns da Covid-19, o preço está sendo pago com as maiores taxas inflacionárias desde 1981, por ocasião do Segundo Choque do Petróleo.
Os americanos estão culpando o presidente, cujo índice de aprovação neste momento está abaixo de 40% (39,2%). No dia 8 de novembro deste ano, haverá eleições de midterm nos Estados Unidos. Todas as cadeiras da Câmara dos Representantes (House of Representatives) serão renovadas, assim como um terço dos assentos no Senado.
Curiosamente, é de praxe a Casa Branca perder a maioria nessa votação em meio de mandato. Foi o que aconteceu com Barak Obama, por exemplo, que soube lidar bem com o revés.
O que pode ajudar Biden desta vez são as acusações que surgem a cada dia contra Donald Trump, por causa de suas atitudes por ocasião do ataque ao Capitólio.
O futuro dos EUA
Já para as eleições presidenciais de 2024, a situação é bem mais complexa.
Entre os republicanos, pode ser que Donald Trump nem concorra, seja por causa de uma eventual prisão, por tentativa de golpe de estado em 6 de janeiro de 2021, ou por rejeição dos próprios convencionais de seu partido. O ex-presidente George W. Bush está liderando um movimento contra Trump.
A cada dia que passa, a situação do controverso ex-presidente se complica mais. O ideal para os democratas seria a não escolha de Donald Trump como candidato republicano em 2024 e que ele optasse por uma candidatura independente.
Nessa hipótese, haveria uma divisão nos votos do GOP (Grand Old Party) e poderia haver uma repetição do que ocorreu em 1992, quando Ross Perot, concorrendo como candidato avulso, dividiu os votos republicanos com George H. W. Bush (Bush pai), tendo a presidência caído no colo do relativamente pouco conhecido Bill Clinton, governador democrata do Arkansas.
Em meio a tudo isso, a situação dos Estados Unidos perante a China, em termos de competitividade pela liderança mundial, está começando a se deteriorar.
Como conclui Ray Dalio em “Princípios para a Ordem Mundial em Transformação”: é questão de tempo, pouco tempo, para que o império econômico americano dê lugar ao chinês.
Tendo ou não culpa nessa inevitável transição (isso sempre ocorreu na história da Humanidade), o nome de Joe Biden ficará marcado como um dos últimos, senão o último, presidentes que deram as cartas para o mundo do Salão Oval da Casa Branca.
Não se pode acusar Joe Biden de estar levando os Estados Unidos para uma posição secundária. Não. Simplesmente lhe coube estar no lugar errado na hora errada.
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