Nos embalos de um mundo ainda globalizado: como a rotação setorial deve beneficiar a Vale (VALE3)
A Vale tem atravessado uma verdadeira montanha-russa – ou seria uma montanha-chinesa? -, mas sua ação mantém-se com um caso de sucesso entre as teses de valor

As últimas três décadas foram de ampla globalização para os mercados ao redor do mundo inteiro, integrando de maneira significativa as cadeias de suprimentos globais. Como não poderia deixar de ser, as commodities foram parte fundamental deste movimento, possibilitando a otimização dos processos produtivos em diversos países.
Como um grande player global no fornecimento de matérias-primas, o Brasil foi inserido nessa dinâmica, fortalecendo nomes locais, que acabaram se tornando gigantes mundiais nos segmentos que atuam, como Vale e Petrobras. No caso específico da primeira, a relação com o humor internacional é ainda mais evidente.
Enquanto a Petrobras ainda vive em meio aos debates domésticos de interferência política e mercado local de derivados, a tese em Vale (VALE3) é mais pura em sua relação com o mercado externo. Especificamente, quando pensamos em Vale, devemos automaticamente pensar no desempenho da economia chinesa.
VALE3 entregou quase 200% de retorno aos acionistas nos últimos 5 anos
Abaixo, a evolução do preço das ações de Vale listadas na B3. Note que ao longo dos últimos cinco anos as ações entregaram quase 200% de retorno para seus acionistas, sem falar dos fartos dividendos distribuídos ao longo deste período ilustrado abaixo.
Gostaria de destacar os últimos dois anos. Da mínima de 2020, depois da pandemia, a ação subiu cerca de 228% até a máxima no início de 2021, por volta de R$ 115,00. Dali até a mínima do final do ano passado, as ações se desvalorizaram algo como 44,5% para o patamar de R$ 64,00. Houve uma recapitulação até o final do primeiro trimestre de 2022, em que as ações subiram quase 60% para mais de R$ 100,00 novamente, fechando ontem aos R$ 80,14; isto é, uma queda de mais de 20% de março para cá.
Todos esses movimentos poderiam ser muito bem explicados pelo desempenho do preço internacional do minério, que reproduz bem os desdobramentos que destaquei, e pela perspectiva de crescimento chinês, que foi atingida recentemente com os receios de que os lockdowns realizados pelo país, conforme conversamos em colunas passadas, possam prejudicar o crescimento da China, afetando o mundo inteiro.
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Naturalmente, a Vale seria sensível a tais ruídos no curto prazo, apesar de a empresa continuar sendo, como sempre falamos, muito barata frente a seus pares internacionais e ao seu próprio histórico de preços. Aliás, os últimos meses, mesmo com a volatilidade, ainda se provam como uma história de sucesso para as teses de valor.
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Internacionalmente, os índices de valor (teses descontadas) caíram no ano até agora, mas desde que você os coloque na relação com empresas de crescimento, como uma aposta em ações relativamente baratas contra as empresas em crescimento, que dominaram a era pós-crise financeira global, o investidor ganhou dinheiro em 2022.
Como a rotação setorial deve beneficiar a Vale
A Vale está neste grupo de teses descontadas, que deverá continuar ganhando espaço nos próximos meses, ao passo em que seguimos discutindo o aperto monetário em países desenvolvidos, em especial nos EUA. Desta forma, a rotação setorial deverá continuar a acontecer, movendo recursos de teses caras para teses descontadas.
Aliás, a Vale tem, inclusive, um destaque especial. Na última divulgação de resultado, chamou a atenção o programa de recompra de ações, no qual foi aprovada a recompra de 500 milhões de papéis — cerca de 10% das ações em circulação — a ser executada nos próximos 18 meses. Abaixo, os programas de recompra da Vale.
Cabe ressaltar que, diante das atuais cotações (cerca de R$ 80), a companhia desembolsará pouco mais de R$ 40 bilhões com a iniciativa. Outra boa notícia para os acionistas é que, após a conclusão do programa, a Vale terá elevado a participação de cada acionista em mais de 22% desde o início do primeiro programa (abril de 2021).
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É importante enfatizar que o novo programa de recompra de ações reitera o alinhamento da companhia em promover maior valor aos acionistas e reforça a leitura da mineradora de que suas ações seguem negociando a níveis atrativos.
Dessa forma, considerando o programa de recompra e os níveis atuais de valuation, ainda entendo que Vale caiba nas carteiras de ações dedicadas no Brasil. Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Claro, não será um passeio no parque. A China ainda deverá enfrentar problemas no processo de reabertura pós-pandêmica. Ainda assim, levando em conta os estímulos do governo chinês e a boa capacidade operacional da Vale, mesmo que haja volatilidade no curto prazo, o longo prazo ainda me parece convidativo.
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