🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

O conclave dos banqueiros centrais vai começar: saiba o que esperar do simpósio de Jackson Hole

Foi em Jackson Hole que Jerome Powell previu erroneamente que a inflação nos Estados Unidos seria um fenômeno transitório

23 de agosto de 2022
9:17 - atualizado às 18:19
Placa indicando a localidade de Jackson Hole, onde se realiza o simpósio anual do Federal Reserve (Fed) e outros bancos centrais
Imagem: Divulgação Jackson Hole

Estamos em uma semana importante para os mercados internacionais. Depois de uma recuperação relevante entre meados de julho e o início de agosto, com alta de mais de 15% do S&P 500 (mais de 10% para o Dow Jones e cerca de 20% para o índice Nasdaq, que mais havia sofrido no primeiro semestre), voltamos a ver certa pressão sobre os ativos de risco.

Nos últimos dias, o mercado norte-americano interrompeu a sequência positiva.

O centro da questão é aquele que já tenho discutido em certo grau aqui nesta coluna: estamos em um novo mercado de alta ou o que vivemos nas últimas semanas, até a interrupção mais recente, é apenas um rali do mercado de baixa que se dissipará em breve, abrindo espaço para que os ativos busquem novas mínimas?

Minha resposta: para os mercados internacionais, entendo que seja o segundo caso.

Dados de inflação e emprego mudaram perspectiva dos investidores

Desde a última reunião do Federal Reserve, uma série de dados robustos da economia americana, de emprego e inflação, resultados do segundo trimestre não tão ruins quanto o esperado e uma retração nos preços das commodities proporcionaram uma mudança de perspectiva para os investidores.

Isto é, tais fatores funcionaram como catalisadores positivos para o sentimento geral.

Leia Também

Essa perspectiva de soft landing, no entanto, me parece um pouco de afobação do mercado. A inflação ainda parece distante de ser controlada, o ciclo de aperto monetário nas economias centrais está longe de acabar e a economia ainda precisa entrar em recessão.

Como Felipe Miranda, Estrategista-Chefe da Empiricus, colocou em recente carta para investidores:

"[...] se você vê atratividade no S&P 500 a 4.300 pontos [...], é como se concordasse também que: a capacidade explicativa de juros e inflação para determinar o comportamento das ações é a menor da história, lutar contra o Fed funciona ("fight the Fed works”) e o quantitative tightening (enxugamento do balanço do Banco Central) não traz grandes impactos, ainda que o quantitative easing (expansão do balanço do BC) tenha sido fundamental para guiar o preço dos ativos alguns anos atrás."

Ele tem um bom argumento.

O movimento parece não fazer sentido.

Dos 43 ralis de bear market desde 1929, nos quais o S&P 500 subiu mais de 10%, a valorização média foi de 17,2% e a subida durou 39 dias de negociações. Desta vez, o índice chegou a subir mais de 15%, num total de 41 pregões.

Olhando para isso, parece mesmo um "bear market rally".

Na semana passada, a ata dessa última reunião do Fed, junto de falas de autoridades monetárias americanas, pressionou a expectativa mais otimista de que o pior já passou.

Ainda vejo um tom hawkish a ser devidamente precificado pelo mercado. O Banco Central dos EUA parece bastante determinado em vencer a inflação, o que voltaria a elevar os yields nos diferentes vértices da curva, machucando novamente ativos de risco.

O que esperar de Jackson Hole

Por isso, os investidores estão bem atentos ao grande evento dos próximos dias: o Simpósio Anual de Política Econômica de Jackson Hole.

O encontro realizado em Wyoming é marcado por discussões de banqueiros centrais, ministros das finanças, acadêmicos e participantes do mercado financeiro de todo o mundo. Nele, comentários e discursos de banqueiros centrais e outras autoridades influentes podem gerar volatilidade significativa no mercado.

Tradicionalmente, as falas podem dar mais cor sobre os próximos passos da política monetária americana e, de maneira mais genérica, do mundo desenvolvido.

No ano passado, no evento de Wyoming, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse acreditar que as pressões inflacionárias provavelmente seriam transitórias. Ele logo percebeu que estava errado e teve que tentar recuperar o atraso (inflação fora de controle).

O desafio do combate à inflação

Com isso, os mercados voltam a esperar cada vez mais aumentos agressivos das taxas de juros do Fed, uma vez que ainda há muito trabalho pela frente para retornar a inflação de 8,5% para sua meta de 2% (levar a inflação de 8,5% para 4% será uma batalha e de 4% para 2% será outra, talvez muito mais difícil) — esperar mais uma alta de 75 pontos-base para a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em 21 de setembro, já é a principal aposta do mercado, pelo menos por enquanto.

Em sendo o caso, o mercado poderia amargar novamente; afinal, ainda estamos com taxas de juros reais negativas nos EUA. A última vez em que o Fed encerrou um ciclo de aperto monetário com taxas de juro reais negativas foi em 1954.

Ou seja, há mais espaço para juros.

Dois outros pontos me chamaram a atenção:

  • i) na sexta-feira teremos o PCE, ou o Índice de Preços de Despesas com Consumo Pessoal dos EUA, que costumava ser o indicador favorito de inflação do Fed, por capturar melhor mudanças no padrão de consumo; e
  • ii) nem só de alta de juros que vive o aperto monetário ao redor do mundo.

Como fica o balanço de ativos do Fed

Sobre este segundo ponto, vale o espaço para lembrar que há também o aperto monetário sendo conduzido pela redução do balanço de ativos Fed. Em setembro, a autoridade monetária americana passará de uma redução de ativos de US$ 35 bilhões por mês para US$ 95 bilhões por mês.


Fonte: Soc Gen.

Vale lembrar que a função de liquidez do Fed tem uma correlação relevante com o desempenho do S&P 500. Poderíamos até justificar a alta recente, inclusive, com uma melhora marginal das condições de liquidez no curto prazo.

Se a liquidez voltar a piorar em um mês de volta das férias nos EUA (setembro), que costuma ser sazonalmente mais difícil e volátil que agosto, ao menos historicamente, temos uma fórmula interessante para correção adicional dos ativos de risco.

O Simpósio de Jackson Hole também poderá nos dar dicas de para onde o Fed quer levar esse balanço nos próximos anos, o que será um vetor importante para a valorização dos ativos no futuro.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

Insights Assimétricos

A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump

24 de abril de 2025 - 6:08

Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado

21 de abril de 2025 - 8:15

Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)

INDEPENDÊNCIA EM RISCO

Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina

19 de abril de 2025 - 10:55

As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial

DIA 89

Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell

18 de abril de 2025 - 17:45

Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato

DIA 88

Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell

17 de abril de 2025 - 19:55

“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta

17 de abril de 2025 - 8:36

Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.

APERTEM OS CINTOS

Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump

16 de abril de 2025 - 17:34

O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta

16 de abril de 2025 - 8:37

Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio

14 de abril de 2025 - 19:55

Citando Michael Hartnett, o excepcionalismo norte-americano se transformou em repúdio. O antagonismo nos vocábulos tem sido uma constante: a Goldman Sachs já havia rebatizado as Magníficas Sete, chamando-as de Malévolas Sete

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: PIB da China, política monetária na Europa e IGP-10 são destaques em semana de balanços nos EUA

14 de abril de 2025 - 6:30

Após dias marcados pelo aumento das tensões entre China e Estados Unidos, indicadores econômicos e os balanços do 1T25 de gigantes como Goldman Sachs, Citigroup e Netflix devem movimentar a agenda desta semana

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed

9 de abril de 2025 - 8:45

Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil — mas há chance de transformar Trump em cabo eleitoral improvável de Lula?

8 de abril de 2025 - 6:37

Impacto da guerra comercial de Trump sobre a economia pode reduzir pressão inflacionária e acelerar uma eventual queda dos juros mais adiante no Brasil (se não acabar em recessão)

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar