Por que o Ibovespa caminha para ter o pior mês desde o pico da pandemia e o que esperar daqui para frente
Para especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o desempenho ruim do Ibovespa em abril não é motivo para pânico, mas é preciso ter paciência com a volatilidade

Com uma velocidade de 206 km/h e uma altura que chega a 139 metros de altura, a montanha-russa Kingda Ka é um dos programas mais radicais e eletrizantes que você pode fazer no mundo. Se você não tem uma passagem para Nova Jérsei comprada, mas acompanha a bolsa brasileira com alguma proximidade, dá para ter um gostinho da emoção da rapidez e da adrenalina sem sair do sofá.
Na virada do ano, quando se esperava uma maior cautela dos investidores com as pressões locais, o que se viu foi uma forte injeção de dinheiro estrangeiro no país que fez a bolsa disparar, mesmo com uma guerra em curso no leste europeu. Quando o mercado brasileiro começou a sonhar com voos cada vez mais altos, o Ibovespa entrou em queda livre.
De forma acelerada, o índice ganhou 20 mil pontos em apenas três meses, mas foram precisos apenas vinte dias de abril para que mais de 10 mil pontos fossem por água abaixo, junto com o dinheiro gringo que parou de entrar. Nem mesmo o mais competente economista ou analista conseguiu prever tantos solavancos.
Com a queda de 8,87% em acumulada em abril, o principal índice de ações da B3 caminha para ter o pior mês desde março de 2020, o que reduziu os ganhos no ano para apenas 4,32%.

O que aconteceu com a bolsa em abril?
A persistência da guerra na Ucrânia, que já se arrasta por dois meses, é um elemento explosivo e de difícil manejo, mas duas novas variáveis entraram na equação no último mês e deterioraram o humor dos investidores: o discurso mais duro do Federal Reserve com relação à alta dos juros e uma possível desaceleração da economia global, puxada pela China e a nova onda de covid-19 no país.
Os novos lockdowns nas principais cidades chinesas possuem potencial para pressionar ainda mais a cadeia de suprimentos, gerando mais inflação em um momento em que os Bancos Centrais correm contra o tempo para evitar uma catástrofe.
Leia Também
Ao mesmo tempo, a paralisação da segunda maior economia do mundo também significa uma menor demanda por produtos importantes para a bolsa brasileira, como commodities.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mercado tenta assimilar uma realidade que o investidor brasileiro enfrentou quase um ano antes – as projeções de inflação estão cada vez mais altas e o Fed se vê obrigado a acelerar o passo e subir os juros de forma mais rápida.
O sentimento de aversão ao risco que tomou conta das bolsas coincide com falas de dirigentes da instituição defendendo mais de uma alta de 50 pontos-base ou até mesmo 75 pontos-base na próxima reunião.
Na prática, temos uma menor demanda pelos produtos exportados pelo país, maior risco de inflação e uma fuga de capital, principalmente de países emergentes, em busca de rendimentos mais seguros na forma dos títulos do Tesouro americano
O que vem por aí?
A maior sequência de quedas desde 2016, o pior desempenho desde março de 2020 e o rápido declínio do Ibovespa assustam os investidores. Mas os especialistas com quem eu conversei para esta matéria estão confiantes de que o que vimos no mês de abril não representa uma reversão de tendência.
Alguns fatores que ajudaram a derrubar a bolsa ao longo deste mês já estavam no radar, segundo Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos.
É o caso, por exemplo, da alta dos juros nos Estados Unidos, apesar do tom mais agressivo adotado pelos diretores do BC norte-americano nas últimas semanas. “Já com a China tememos o pior. É mais inflação e desaceleração da economia”, diz.
Por outro lado, as medidas de estímulo anunciadas por Pequim como forma de remédio para a segunda maior economia do mundo podem reduzir o nível de incerteza global com uma potencial desaceleração e aliviar a barra do Ibovespa.
Para Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, ainda não dá para cravar as razões da saída de capital estrangeiro do país e por quanto tempo a tendência deve perdurar. Mas quatro pontos o deixam confiante para uma recuperação nos próximos meses, mesmo diante de um prolongamento da situação de estresse internacional:
- Geograficamente falando, o Brasil se encontra afastado do conflito na Ucrânia. Na prática isso significa que a Europa tende a ser mais afetada pela guerra. Ainda assim, todos os mercados sentem os efeitos econômicos originados da invasão.
- Embora a situação da China e da Ucrânia preocupe e mexa com o preço das commodities, elas seguem em um ciclo positivo, impactando positivamente a balança comercial.
- O Santander vê o nível atual da bolsa como barato, bem abaixo do seu patamar histórico de negociação. O Ibovespa está sendo negociado a cerca de 7 vezes o seu preço sobre lucro, quando a média aponta para uma faixa de 11 vezes.
- O Federal Reserve e o Banco Central europeu intensificaram a conversa sobre a elevação de juros, mas o BC brasileiro saiu bem na frente nessa história e deve encerrar em breve o seu movimento de aperto monetário.
E o Brasil, vai ajudar a bolsa?
A maior parte dos problemas que afetaram a bolsa veio de fora, mas não podemos nos esquecer que o Brasil também tem seus problemas para resolver. Será que a economia — e, principalmente, a política local — podem atravessar o caminho do investidor de ações?
O fato de a inflação continuar persistente e mostrando forte disseminação não é ignorado, mas os especialistas acreditam que o ajuste que está por vir é apenas “residual”, com pouco a ser precificado pelo mercado.
Em outras palavras, o Banco Central já fez boa parte do trabalho de combater a inflação. Mesmo que a turma de Roberto Campos Neto tenha que subir um pouco mais os juros, o impacto não deve ser tão grande para a bolsa.
E quanto à eleição presidencial? Também é uma preocupação e está no radar, mas não nesse momento. Com outros temas macroeconômicos interferindo no cenário projetado, o fator político acabou ficando um pouco de lado, principalmente por não apresentar surpresas no que já vinha sendo esperado pelo mercado.
A terceira via ainda não conseguiu emplacar um nome que consiga rivalizar contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, e os dois candidatos já são velhos conhecidos do mercado.
Qual caminho seguir?
A grande onda de otimismo inesperado do começo do ano levou uma série de bancos, corretoras e casas de análise a uma corrida desenfreada para revisar suas projeções para o Ibovespa e o câmbio. Então, fique atento! É possível que a persistência de um cenário mais avesso ao risco no exterior os levem a fazer o caminho inverso.
O Santander, no entanto, ainda se mantém fiel à sua projeção feita no início de 2022, antes mesmo da forte injeção de dinheiro gringo chegar ao Ibovespa. O banco espera que o índice feche o ano na casa dos 125 mil pontos, mas muito do potencial de alta previsto para ocorrer ao longo do ano foi antecipado para os primeiros três meses.
Para aqueles que buscam opções na bolsa mesmo diante da alta volatilidade, o estrategista do banco acredita que o setor de commodity – agrícolas, energéticas e metálicas – ainda vale a pena. A incerteza na China pressiona o preço, mas o patamar atual ainda é considerado alto e deve ser suficiente para que as empresas sigam apresentando resultados consistentes.
Isabel Lemos, da Fator Administração de Recursos, diz que o desconto da bolsa brasileira torna o momento atrativo para a entrada, mas é preciso estar ciente de que se trata de um momento de alta volatilidade para o Ibovespa.
No caso de uma recuperação chinesa, ela aposta que todos os setores devem se beneficiar. Embora a inflação elevada penalize as empresas mais ligadas à economia local, as ações desse segmento são as favoritas da casa devido ao patamar baixo de preço, um desconto que se estende desde o início de 2021, impulsionado pelo ajuste na taxa de juros realizado pelo Banco Central.
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
Banco do Brasil (BBAS3), será que você volta? Ação é uma das mais recomendadas para junho — veja o ranking
A ação do Banco do Brasil divide o primeiro lugar com a JBS. Ambas levaram três recomendações entre as 14 corretoras consultadas
Rede D’Or (RDOR3) tem uma das maiores quedas do Ibovespa nesta terça (3): o que está acontecendo com as ações?
As ações reagiram à atualização do plano de expansão da companhia, que revisou para baixo a projeção de criação de leitos até 2028
É hora de sair da bolsa dos EUA? S&P 500 está caro, alertam BofA e XP — e há riscos (ainda) fora do preço
Os patamares de múltiplos atuais do S&P 500, o índice de ações mais amplo da bolsa norte-americana, fizeram o Bank of America (BofA) e a XP acenderem a luz de alerta
Queda da ação do Banco do Brasil (BBAS3) prejudica desempenho das carteiras recomendadas de maio; veja ranking
Ações do banco derreteram quase 20% no período, arrastadas por um balanço muito abaixo das expectativas do mercado
Fusão Petz e Cobasi: Cade aprova negócio sem restrições; veja quais os próximos passos e o que acontece com os acionistas
A Superintendência-Geral do Cade emitiu parecer favorável à combinação de negócios das gigantes do mercado pet. O que esperar agora?
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
De “venda” à compra: Ecorodovias (ECOR3) recebe duplo upgrade de recomendação pelo BofA. O que está por trás do otimismo?
Com a mudança, os papéis ECOR3 saem de uma recomendação underperform (equivalente à venda) e aceleram para classificação de compra
Nem só de aço vive a B3: Gerdau brilha, mas alta do petróleo puxa ações de petroleiras no Ibovespa
O petróleo ganhou força no exterior nesta manhã depois que a Opep+ manteve os aumentos de produção em julho no mesmo nível dos dois meses anteriores
Trump pode ter dado o empurrão que faltava para Gerdau (GGBR4) saltar na B3 — e mercado ainda não percebeu o potencial, diz BTG
Para os analistas, a ação da siderúrgica está barata e pode encontrar justamente nesse movimento de Trump e no balanço do 2T25 o “gatilho necessário” para valorizar na B3
San Francisco ou Los Angeles: qual cidade da Califórnia tem mais a ver com você?
As duas cidades mais proeminentes do estado são responsáveis por encantar os turistas, cada uma à sua maneira
Tem que aumentar mais: o que pensam os economistas que esperam mais uma elevação da Selic pelo Copom, para uma taxa terminal de 15% ao ano?
O comitê deixou o cenário em aberto na última reunião e agora o mercado está dividido entre os que esperam a manutenção dos juros e os que projetam um aumento residual de 0,25 p.p.
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Bradesco Asset aposta em 5 ações para investir na bolsa brasileira no segundo semestre — e uma delas já subiu 35% em 2025
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Rodrigo Santoro revelou as maiores posições da carteira de ações da gestora, que atualmente administra mais de R$ 940 bilhões em ativos
Com ‘mundaréu’ de dinheiro gringo chegando à bolsa brasileira, Ibovespa aos 140 mil é só o começo, afirma gestor da Bradesco Asset
Na avaliação de Rodrigo Santoro Geraldes, head de equities na gestora, o cenário virou completamente para a bolsa brasileira — e nem mesmo a falta de corte de juros deve atrapalhar a valorização das ações locais em 2025
Nem o ‘trade de eleições’ do Banco do Brasil (BBAS3) anima a XP: analistas rebaixam ação e cortam preço-alvo
Com resultado fraco no 1º trimestre e alerta para inadimplência no agro, XP entra no modo cautela quanto às ações do BB (BBAS3)
Ação defensiva, com motor de crescimento ligado e boa rentabilidade: Frasle (FRAS3) ganha novo selo de aprovação do Santander
Para analistas, empresa combina defesa em tempos difíceis com projeções robustas de lucro e expansão internacional
No bater das Azzas: Itaú BBA eleva preço-alvo para AZZA3 após disparada de quase 50% em 2025
O banco elevou o preço-alvo das ações de R$ 47 para R$ 53 para o fim de 2025. O que está por trás da tese otimista?
Favorita da saúde na B3: ação da Rede D’Or (RDOR3) já subiu 50% em 2025, mas Itaú BBA ainda vê espaço para mais
Analistas elevaram o preço-alvo para R$ 46 para o fim de 2025 e reforçaram o favoritismo da ação no setor de saúde