🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

Início da alta

Como ficam os investimentos com a Selic em 2,75% – quem ganha, quem perde e onde investir

Com alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, é o caso de mexer na carteira de investimentos? Veja também como fica o retorno da renda fixa conservadora neste cenário.

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
18 de março de 2021
5:33 - atualizado às 12:09
Homem sobe escada
Ibovespa futuro sobe após abertura e dólar cai - Imagem: Shutterstock

Pela primeira vez após quase seis anos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou ontem a taxa básica de juros (Selic), passando-a de 2,00% para 2,75% ao ano.

Antes desta alta de 0,75 ponto percentual, a Selic permanecia estacionada na mínima histórica desde agosto do ano passado. A elevação já era esperada pelo mercado, que se dividia entre a expectativa de alta de 0,75 ou de 0,50 ponto percentual.

De fato, a alta recente nos juros futuros já apontava para a necessidade de o Banco Central retomar o ciclo de alta, dadas as pressões inflacionárias que temos presenciado.

E o BC optou logo pelo aperto mais duro. Apesar de admitir que o atual momento da pandemia pode retardar a recuperação econômica, a autoridade monetária disse que a atividade já mostra sinais de reação e preferiu não arriscar em relação à inflação.

Com efeito, a expectativa do mercado, de acordo com o último Boletim Focus do Banco Central, é de que o ciclo de alta continue, levando a taxa básica a terminar 2021 em 4,50%.

O Banco Central também apontou nesse sentido, ao comunicar, na sua decisão de política monetária, que novo aumento de 0,75 já deve vir na próxima reunião, levando a Selic para 3,50%.

Leia Também

Tanto o mercado quanto o governo já esperam uma inflação acima do centro da meta de 3,75% em 2021. A estimativa, segundo o Focus, é de 4,60%, enquanto para o governo, o IPCA de 2021 deve ficar em 4,40%.

Tudo nos conformes

Apesar de as apostas do mercado terem ido mais para o lado do 0,5 ponto percentual de alta, o aumento de 0,75 não foi inesperado e estava também dentro das expectativas. Sendo assim, até poderemos ver reações na bolsa, nos juros e no câmbio, mas nada como se tivesse sido surpreendente.

O Copom, portanto, atendeu às expectativas do mercado, que já estava precificando um aumento dos juros de tal magnitude. É fácil verificar isso pelo retorno dos títulos públicos prefixados e atrelados à inflação (Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+, com ou sem juros semestrais).

Com a alta recente dos juros futuros, as taxas de remuneração prefixadas desses papéis vêm aumentando desde o início do ano, enquanto seus preços vêm recuando, que é o que acontece com os títulos de taxa prefixada sempre que a expectativa é de alta nos juros.

"A alta de hoje, assim como as próximas que devem ocorrer, mudam pouco o cenário para investimentos no curto prazo. Mudaria mais se o BC fosse obrigado, por exemplo, a subir os juros acima do que já está precificado", explica Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos.

Sendo assim, não necessariamente veremos uma queda na bolsa, que é o que tende a ocorrer quando os juros sobem, uma vez que a subida de juros era vista como necessária pelo mercado e foi atendida.

Afinal, a inflação também é um risco, e uma perspectiva de inflação mais controlada por uma alta de juros moderada é melhor para os ativos de risco do que uma inflação sem controle que obrigue um aumento de juros mais forte.

Assim, uma alta de juros que ainda deixe o juro brasileiro num patamar historicamente baixo pode acabar sendo benéfica para o investimento em ações.

"Se o Copom tivesse feito menos, talvez fosse até negativo. O mercado poderia começar a precificar que se tratou de um erro de política monetária e que o Banco Central poderia acabar obrigado a aumentar o juro de maneira muito forte lá na frente. Assim, a curva de juros poderia abrir ainda mais, prejudicando os investimentos de risco", diz Kawa.

Um mercado que talvez veja uma reação mais significativa é o de câmbio. O juro no chão por tempo prolongado contribuiu para uma forte depreciação do real, dado que os estrangeiros foram deixando de achar vantajoso investir nos títulos públicos brasileiros. Pela pequena diferença entre as taxas de juros do Brasil e dos países ricos, o risco tupiniquim deixou de valer a pena para o gringo.

Mas uma alta na Selic, sobretudo um ajuste mais forte como foi o de ontem, pode ajudar a conter a depreciação do real, conferindo um alívio à cotação do dólar.

Sua reserva de emergência continua rendendo pouco

A alta na Selic dá uma melhorada no retorno das aplicações pós-fixadas, aquelas cuja remuneração está atrelada à própria Selic ou ao CDI. Mas 2,75% ainda é um juro baixo, então não espere grandes retornos naquelas aplicações mais conservadoras, ou mesmo na sua reserva de emergência.

É claro que, com a tendência de alta na Selic, o esperado é que a remuneração desses investimentos vá subindo ao longo do ano, o que não é ruim para quem é mais conservador. Se a Selic de fato chegar perto de 5% no fim do ano, como espera o mercado, isso poderá significar uma volta das aplicações pós-fixadas ao páreo da diversificação, e não só mais como reserva de emergência.

Segundo Dan Kawa, como a alta de ontem já estava dentro das expectativas do mercado e já vinha sendo precificada, não seria o caso de o investidor fazer grandes mudanças na sua carteira neste momento.

A única coisa que ele acha que realmente mudou, neste sentido, por enquanto, é que agora os fundos de crédito privado high grade - isto é, aqueles que investem em títulos de renda fixa privada de baixo risco de crédito e boa classificação de risco - voltam a fazer sentido na carteira do investidor.

Os fundos que investem majoritariamente em papéis cuja remuneração é atrelada ao CDI passarão a ter um retorno mais alto. São fundos que costumam dar retornos equivalentes a CDI + 0,5%, CDI + 1% ou CDB + 2%.

Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 2,75% ao ano

Agora, vamos a ela: a simulação de como fica a remuneração dos principais investimentos conservadores, atrelados à Selic e ao CDI. Desde agosto do ano passado que não vemos essa comparação.

Eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 2,75% ao ano e o CDI constante de 2,65%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.

Vale frisar aqui que o retorno do Tesouro Selic é um pouco maior do que o que aparece na tabela, pois aplicações de até R$ 10 mil nesse título são isentas da taxa de custódia cobrada pela B3, de 0,25% ao ano. Aplicações superiores a este valor sofrem cobrança dessa taxa apenas sobre o que exceder os R$ 10 mil.

Para montar a tabela, eu considerei aportes de R$ 1.000, mas a calculadora do Tesouro Direto, utilizada para fazer as contas do Tesouro Selic, ainda não foi atualizada com os novos parâmetros para a taxa de custódia.

Parâmetros

A poupança atualmente paga 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada. Não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.

Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread).

O rendimento é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano, paga à B3, apenas sobre o que exceder o saldo investido de R$ 10 mil. Na simulação acima, eu considerei, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia.

Para simular o retorno do fundo de renda fixa, considerei um fundo que só invista em Tesouro Selic e não cobre taxas. Supus, portanto, que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Seria similar, por exemplo, para um CDB, RDB ou conta de pagamentos que pagasse 100% do CDI.

Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver que 100% do CDI, atualmente, não é lá grande coisa.

Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos). Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.

Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado

21 de abril de 2025 - 8:15

Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)

DIA 89

Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell

18 de abril de 2025 - 17:45

Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato

DIA 88

Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell

17 de abril de 2025 - 19:55

“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta

17 de abril de 2025 - 8:36

Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.

APERTEM OS CINTOS

Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump

16 de abril de 2025 - 17:34

O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre

AGENDA DE RESULTADOS

Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências

15 de abril de 2025 - 6:47

De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar