Justiça do Rio confirma falência da MMX, de Eike Batista, e ações despencam 30%
A empresa ainda pode recorrer da decisão, que foi tomada em segunda instância e marca sua segunda falência apenas neste mês

Quase dois anos após a decisão de primeira instância, o Tribunal de Justiça do Rio confirmou, no início da tarde desta quarta-feira, 19, a falência de duas empresas ligadas à MMX, companhia de mineração do empresário Eike Batista.
A decisão foi tomada em segunda instância, pela 6ª Câmara Cível do TJ do Rio, que seguiu o relatório do desembargador Benedicto Abicair.
Ainda cabe recurso, mas a MMX não retornou aos contatos da reportagem para informar se pretende recorrer da decisão.
Com a decisão, as ações da empresa despencaram 27% e tiveram suas negociações interrompidas por volta das 16h. O tombo se acentuou ainda mais até o final da sessão e os papéis encerram o dia em queda de 30,35%, a R$ 14,00.
Mais uma?
Embora em instâncias e foros diferentes, é a segunda falência da MMX neste mês. No último dia 6, a própria empresa informou ao mercado que a MMX Sudeste, uma de suas subsidiárias, teve falência decretada pela 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, do TJ de Minas Gerais. À época, a companhia informou que recorreria da decisão.
A MMX tem dois processos de recuperação judicial e, em ambos, já teve a falência decretada. No TJ de Minas, corre o processo da MMX Sudeste, subsidiária que, no passado, foi criada, principalmente, para operar o Porto do Sudeste, na Baía de Sepetiba, litoral sul do Rio, terminal originalmente responsável por escoar a produção das minas da MMX em Minas Gerais.
Leia Também
No TJ do Rio, corre o processo de recuperação que envolve a MMX Mineração e Metálicos, holding da companhia de mineração de Eike, e a MMX Corumbá, uma das subsidiárias operacionais, criada para explorar minas.
A confirmação, na decisão desta quarta-feira, 19, veio após a MMX recorrer da decisão da primeira instância. A falência foi decretada em agosto de 2019, pela 4ª Vara Empresarial do TJ do Rio, responsável pelo processo de recuperação no Judiciário fluminense, mas, ainda naquele mês, a companhia conseguiu uma liminar suspendendo seus efeitos até que o recurso foi finalmente julgado agora.
Nem investidor chinês salva
A MMX ainda tentou uma última cartada, pedindo a suspensão do julgamento desta quarta-feira, 19, para apresentar uma nova versão do plano de recuperação. O plano levaria em conta um aporte de US$ 50 milhões, de um novo investidor, a China Development Integration Limited (CDIL), conforme acordo firmado e divulgado em março último.
No julgamento do recurso, a advogada Ivana Harter, que representa a MMX, alegou que o plano de recuperação da companhia não poderia ter sido rejeitado pelo juiz da 4ª Vara Empresarial do TJ do Rio, como foi em 2019, e que, confirmada a decisão, seria o "primeiro caso conhecido em que uma companhia com R$ 300 milhões (os US$ 50 milhões acordados com a CDIL) captados poderá ter falência decretada".
O CDIL chegou a mandar uma representante ao julgamento. A advogada pediu para fazer uma sustentação contra a decretação de falência, mas o pedido foi negado.
Para o advogado Marcello Macêdo, do escritório de mesmo nome que é o administrador judicial do processo de recuperação da MMX no Rio, a apresentação de um novo investidor para apoiar o plano só poderia mudar os rumos do julgamento caso envolvesse um depósito dos valores, para dar segurança aos credores. Não foi o caso da MMX.
E agora, MMX?
Segundo Macêdo, confirmada a falência, os próximos passos da administração judicial serão "maximizar" o valor dos ativos da mineradora, para obter o maior valor possível para ressarcir os credores. Uma consultoria especializada deverá ser contratada para apoiar o processo.
O advogado evitou estimar valores a serem obtidos, mas citou a intenção de investimento por parte da CDIL, de US$ 50 milhões, como um mínimo de referência.
Mesmo que a captação com as vendas das minas fiquem acima disso, "provavelmente, quase tudo será absorvido pela Fazenda nacional", afirmou Macêdo, após lembrar o surgimento recente de passivos tributários e a ordem de prioridade entre os credores.
Conforme estabelecido em lei, em primeiro lugar, vêm os trabalhadores, mas o processo tem "poucos credores trabalhistas", disse o advogado. Em seguida, nas prioridades, vêm o fisco, depois quirográficos e, por fim, os acionistas.
Em abril, a 5ª Vara de Execução Fiscal da Justiça Federal do Rio intimou a MMX a pagar certidões de dívida ativa federais no valor total de R$ 3,454 bilhões, em valores atualizados até novembro de 2020, ou oferecer bens em garantia. Ainda no mês passado, a execução fiscal foi suspensa, mas por causa do processo de recuperação judicial.
* Com informações do Estadão Conteúdo
CVM condena irmão de Eike e mais sete por uso de informação privilegiada
Lars Batista foi multado em R$ 44.755,80, duas vezes os ganhos obtidos com as operações; segundo o inquérito, ele teria apresentado fundamentações contraditórias para a realização da operação day-trade
CVM vai julgar Eike Batista por ‘inconsistência’ em informações sobre currículo
Fundador do Grupo X se apresentava com diferentes credenciais para cada uma delas e, consequentemente, aos acionistas, já que os dados eram divulgados ao mercado
CVM multa Eike Batista em R$ 150 mil por conflito de interesse
Empresário votou em decisão que aprovou, em 2015, a quebra de um contrato de fornecimento de energia elétrica firmado com a MPX Energia, empresa irmã da MMX
Eike Batista é condenado a 11 anos de prisão por crimes contra mercado
Justiça também condenou o empresário a pagar multa de R$ 871 milhões por uso de informação privilegiada e manipulação de mercado
Empresa de ex-executivo de Eike e da XP capta US$ 200 milhões em IPO na Nasdaq
A Itiquira foi criada com o propósito específico de adquirir uma ou mais companhias no mercado brasileiro usando o dinheiro captado dos investidores no IPO
OSX, de Eike Batista, fecha acordo com acionista e ações sobem
Acerto permite convocação de assembleia para eleger nova administração para companhia de logística portuária
OSX, de Eike Batista, deixa recuperação judicial após seis anos
Fundada em 2009, empresa de equipamentos para exploração de petróleo no mar chegou a realizar um dos maiores IPOs da história da bolsa brasileira
Eike Batista sofre revés na Justiça em tentativa de mudar conselho da OSX
2ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro suspendeu a assembleia da companhia marcada para 14 de outubro; ação da empresa disparou na semana
MMX, de Eike Batista, vira alvo de especulação com busca por ativos na Justiça
Papéis dispararam mais de 200% nesta quarta-feira com a empresa buscando reaver o ativo Mina Emma; companhia promoveu no último mês mudanças no conselho
Eike Batista é condenado a 8 anos de prisão por manipulação do mercado financeiro
Segundo a decisão judicial, as informações ao mercado financeiro tinham como propósito elevar as cotações das participações acionárias e outros ativos vinculados à OGX
Ministra Rosa Weber rejeita acordo de delação premiada de Eike Batista e determina reajuste
Caso está no Supremo porque o empresário citou pessoas com foro privilegiado na Corte
CVM aceita acordo com Morgan Stanley para encerrar processo envolvendo manipulações de ações da OGX, de Eike Batista
No total, o banco norte-americano se comprometeu a pagar a quantia de R$ 13,2 milhões
CVM absolve ex-conselheiros que liberaram Eike Batista da ‘put’ de US$ 1 bilhão na OGX
Adriano Salvi, Jorge Rojas e Roberto Paulino foram acusados pela área técnica da CVM de violarem seu dever de diligência
Justiça condena Eike Batista a oito anos de prisão e multa de R$ 82,8 milhões
Em ação na Justiça Federal do Rio, empresário foi acusado pelo Ministério Público de usar informações privilegiadas e de manipular o mercado nas negociações com ativos da OSX
O caminho do dinheiro de Eike no exterior
Processo que bloqueou R$ 778 milhões de Thor Batista, filho de Eike Batista, tenta traçar o caminho dos recursos que o ex-megaempresário enviou para o exterior
Prisão temporária de Eike Batista é revogada por desembargadora do TRF-2 no Rio
A prisão havia sido decretada, dentre outros motivos, para impedir que o acusado combinasse estratégia com outros indiciados a respeito do teor dos depoimentos que ainda terão que dar
Eike Batista é preso pela PF na Operação Lava Jato
Batista foi criador do MMX, de exploração de petróleo, entre outras empresas do “Grupo X”. Nesta semana, esteve na CPI do BNDES onde se disse injustiçado e usado para tirar o foco da real caixa-preta do BNDES
Eike Batista: Me usaram para tirar atenção da real caixa-preta do BNDES
Batista foi a mais uma CPI do BNDES para falar que seu grupo quitou todos os empréstimos que teve com o BNDES. Ele também disse que não foi coagido a fazer doações eleitorais: não teve revólver na minha cabeça
Tribunal de Minas confirma bloqueio de R$ 778 milhões de Thor Batista
Processo contra filho de Eike é movido por Bernardo Bicalho, administrador judicial da MMX – mineradora do grupo do empresário que tem sede em Minas e que está em recuperação judicial
Anitta e Amoedo veem erros de Eike Batista como lição para empreendedores
Anitta contou que seu pai faliu quando ela ainda era criança – ele tinha uma loja de baterias para carros – e que, com isso, aprendeu a gastar e a poupar.