Baixas em Brasília, furo no teto e Guedes em apuros: os vilões do Ibovespa hoje
O mal estar visto hoje no Ibovespa não nasceu das falas indigestas ao cenário fiscal dadas pelo ministro Paulo Guedes na noite de ontem, mas ele certamente se alimentou delas. É que antes, os discursos e promessas do presidente Jair Bolsonaro eram, de fato, apenas promessas, sem o crivo do chefe do ministério da Economia.
Mas Paulo Guedes jogou a toalha e admitiu a possibilidade de furar o teto de gastos para pagar o valor de R$ 400 imposto pela ala política do governo. A “licença para gastar'” era a última coisa que o mercado financeiro gostaria de ouvir e parece ter sido uma grande divisora de águas.
Para muitos, o caráter eleitoreiro das decisões fica cada vez mais escancarado, o que prejudica a previsibilidade do governo com relação à austeridade fiscal. Sem o compromisso com as contas públicas, já muito castigadas durante a pandemia, problemas como a inflação e a desaceleração econômica podem ficar ainda maiores.
Durante a tarde, o presidente Jair Bolsonaro voltou a confirmar essa tendência, ao falar que irá ajudar a “compensar” a alta do preço do diesel para evitar uma possível paralisação dos caminhoneiros.
Talvez o ponto mais delicado para o mercado financeiro nesta tarde tenha sido o claro enfraquecimento de Paulo Guedes. A perda de autoridade do ministro não é novidade, porém Guedes parecia controlar os impulsos populistas do presidente, o que dava certa tranquilidade ao mercado.
A derrota para a ala política do governo deixou o Ministério da Economia ferido. As baixas vieram logo após o encerramento do pregão: pediram exoneração no fim da noite Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento; Gildenora Dantas, sua adjunta; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e seu adjunto, Rafael Araujo.
Mas esse é um acontecimento que deve ser digerido amanhã. Hoje, a leitura do texto da PEC do precatórios aliviou um pouco o cenário e afastou o Ibovespa da queda de mais de 4% vista no meio da tarde.
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O relator Hugo Motta confirmou a intenção de adiantar a correção do teto de gastos (que antes aconteceria em 2026) pela inflação para encaixar o auxílio de R$ 400 para 17 milhões de famílias até dezembro de 2022. Houve discussão para que o texto não fosse votado hoje, mas o pedido para a retirada da pauta foi rejeitado e a Câmara segue analisando o tema.
Foi o suficiente para que o Ibovespa fechasse o dia em uma queda de 2,75%, aos 107.735 pontos, mas analistas acreditam que esse efeito não será duradouro. O dólar à vista, que chegou a encostar em R$ 5,70, encerrou a sessão em alta de 2,16%, a R$ 5,6676.
O retrato perfeito do estresse dos investidores e da elevação do risco-Brasil foi visto na curva de juros. O mercado começou a elevar as apostas para o fim do ciclo de ajuste da Selic e já projeta um tom mais duro nos próximos comunicados do Banco Central.
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RENDA FIXA VIVE
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EM BUSCA DA CREDIBILIDADE PERDIDA
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PRESENTE DE GREGO
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A VOLTA DA MÁSCARA
A covid ainda está solta: países têm nova alta de casos após reabertura e voltam a levantar restrições contra a pandemia. Tudo isso também pode ter efeitos na economia e nos mercados, por isso os investidores acompanham os dados sobre o contágio.
MELOU O NEGÓCIO
Ações da Evergrande saem de suspensão e despencam em meio a desacordo sobre venda de fatia da incorporadora. A própria empreiteira chinesa cancelou um acordo para a venda de uma participação de 50,1% em unidade de serviços imobiliários para a Hopson Development Holdings.
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