Temporada de balanços e inflação dos EUA devem movimentar bolsa em dia de dados de serviços no Brasil
Somado a isso, crise política deve pesar no índice brasileiro, mesmo com mudança de tom do presidente Jair Bolsonaro
O cenário interno brasileiro não tem agradado muito os investidores ultimamente. O aumento da pressão sobre o governo federal, a proposta de taxação de lucros e dividendos e a perspectiva de volta do ex-presidente Lula ao panorama político têm dado indigestão à bolsa brasileira.
Depois de sucessivos pregões de perdas, o Ibovespa nem parece mais aquele com perspectivas de 135 mil pontos. Na sessão de ontem (12), o principal índice da bolsa brasileira pegou carona nas altas de Nova York e subiu 1,73%, aos 127.593 pontos. O dólar à vista, por sua vez, também deu uma pausa nas altas e caiu 1,25%, a R$ 5,1740.
Para esta terça-feira (13), o frágil tecido do otimismo deve contar com a sorte.
A mudança de tom do presidente da República, Jair Bolsonaro, deve amenizar temporariamente o avanço da crise política do governo. A pressão tem feito até mesmo a equipe econômica ceder alguns pontos, como na reforma do Imposto de Renda, para manter o apoio do empresariado ao presidente.
Por falar em economia, o IBGE deve divulgar o volume de serviços de maio ainda hoje. A mediana das expectativas aponta uma expansão de 1,0% no setor, frente aos 0,70% do mês imediatamente anterior, de acordo com as projeções do Broadcast. O dado pode ajudar a melhorar o humor da bolsa, mas terá que contar com um cenário externo em compasso de espera.
Confira o que mais movimenta os mercados hoje:
Eletrobras
O presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou a MP que viabiliza a privatização da Eletrobras com 14 vetos. Entre eles, está um uma medida que autorizava funcionários e ex- funcionários a comprar até 1,0% das ações remanescentes em poder da União.
As ações da empresa devem sentir os vetos e a venda conjunto de algumas linhas de transmissão de energia, como a Norte Brasil Transmissora de Energia (NBTE).
Reforma do IR
O relator da proposta de reforma do Imposto de Renda na Câmara, Celso Sabino (PSDB-PA), deve apresentar parecer em reunião com líderes da Casa ainda hoje.
Os ajustes no texto devem vir em linha com o que foi acordado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que inclui isenção de imposto sobre rendimentos de fundos imobiliários e redução de 12,5 pontos percentuais no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.
A proposta original de reforma do IR para empresas ainda incluía uma taxação sobre lucros e dividendos. No total, os impostos para empresários subiriam de 34% para 49%, o que desagradou o mercado em geral durante alguns dias.
Jair Bolsonaro, mais calmo
O presidente da República, Jair Bolsonaro, que saiu na tarde de ontem de uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, é outra pessoa. No último final de semana, Bolsonaro deu declarações sobre eleições com voto impresso e ofendeu ministros da Suprema Corte.
Os ataques de Bolsonaro ocorrem em um momento de pressão para o governo federal, após pesquisas do Datafolha indicarem que o presidente tem perdido popularidade e pode perder as eleições em 2022.
O avanço da CPI da Covid também tem colocado o atual presidente contra a parede, o que tem feito toda a estrutura do governo ter que se adequar a esse momento, inclusive ceder em pontos da reforma tributária e do Imposto de Renda.
Inflação dos EUA e balanços
Grandes empresas deram início à temporada de balanços nos Estados Unidos. A PepsiCo já divulgou seus resultados do segundo trimestre deste ano, com lucro líquido de US$ 2,36 bilhões, o que deve movimentar o cenário internacional hoje.
Ao longo da manhã, JP Morgan e Goldman Sachs também devem divulgar seus resultados para compor o panorama externo. Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA também deve movimentar o exterior.
É esperado que o indicador avance 0,5% na comparação mensal e 5,0% na base anual, de acordo com projeções do Broadcast. O avanço da inflação é motivo de preocupação por parte dos investidores, que esperam que o Banco Central americano, o Federal Reserve, tome alguma providência.
Alguns dirigentes do Fed devem discursar a partir das 13h de hoje, o que traz alguma esperança para os investidores de que falem mais sobre os planos da instituição. Na quarta-feira (14), deve ser divulgado o Livro Bege, trazendo as perspectivas do BC americano para a economia dos EUA.
Bolsas pelo mundo
Depois de mais um dia de recordes em Wall Street, os principais índices asiáticos encerraram o pregão do lado positivo dos gráficos. Os dados de exportação da China também chegaram a animar os negócios, tendo em vista que as projeções apontavam para um aumento de 23,2%, mas cresceram 32,2%.
Mas o otimismo ainda não chegou no Velho Continente, com as bolsas da Europa caindo majoritariamente. Os principais balanços do dia devem ser divulgados agora pela manhã, o que coloca os índices em compasso de espera. O aumento da cautela também se deve ao aguardo dos dados de inflação dos EUA.
Por fim, os futuros de Nova York se recuperam da festança de recordes e operam de maneira mista. O CPI dos Estados Unidos e a temporada de balanços devem dar os tons das bolsas hoje.
Agenda do dia
- IBGE: Volume de serviços de maio (9h)
- Estados Unidos: Dados da inflação, chamados CPI e Núcleo do CPI de junho (9h30)
- Banco Central: Diretor de regulação do BC, Otavio Ribeiro Damaso, participa de live da XP sobre Open Banking (13h)
- Estados Unidos: Estoques de petróleo (17h30)
- Relator do projeto de reforma do IR na Câmara, Celso Sabino (PSDB-PA), deve apresentar parecer em reunião com líderes
Balanços
- Estados Unidos: PepsiCo (7h)
- Estados Unidos: JPMorgan (8h)
- Estados Unidos: Goldman Sachs (8h30)
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