Ruídos em torno do Orçamento limitam ‘efeito Petrobras’, e Ibovespa fecha em queda
Com uma alta que chegou a 7%, a Petrobras puxou o Ibovespa para o positivo durante boa parte do dia. Mas Brasília mais uma vez entrou em cena e mudou o jogo (para pior)

Mais um dia com reviravoltas marca a bolsa brasileira. De um lado, tivemos o mercado respirando aliviado com a posse de Joaquim Silva e Luna na Petrobras, o que puxou o Ibovespa para cima. Do outro, sinais de que os vetos do Orçamento de 2021 podem ser menores do que o necessário puxaram a bolsa para baixo.
A sessão ainda foi marcada pelo vencimento de opções, o que trouxe ainda mais volatilidade para a bolsa na primeira metade do dia, e um exterior negativo, pressionado pela realização de lucros dos recordes recentes. Depois de encostar nos 122 mil pontos na máxima do dia e sustentar o sinal positivo por boa parte do pregão, o principal índice da bolsa brasileira acabou fechando em leve queda de 0,15%, aos 120.933 pontos.
Com Petrobras em alta, parecia quase certo o sexto pregão consecutivo de alta, mas Brasília azedou os negócios na reta final. Mais uma vez. A segunda reviravolta do dia veio com a declaração da ministra Flávia Arruda de que o governo deve vetar R$ 10,5 bilhões em emendas do orçamento, número considerado baixo pelo mercado.
Embora tenhamos registrado mais um tropeço no longo caminho do Orçamento, os investidores parecem seguir otimistas com um desfecho mais amigável. Isso permitiu que o dólar à vista recuasse 0,61%, a R$ 5,5505, em linha com o comportamento da divisa no mercado internacional.
A esperança nos ajustes que devem ser feitos no texto que aguarda sanção presidencial também sustentou um movimento de queda dos juros futuros. Confira as taxas do dia:
- Janeiro/2022: de 4,66% para 4,62%
- Janeiro/2023: de 6,33% para 6,26%
- Janeiro/2025: de 7,98% para 7,88%
- Janeiro/2027: de 8,63% para 8,50%
- VÍDEO: O repórter Victor Aguiar traz um resumo completo do que esperar para o mercado na próxima semana. Clique aqui.
Impressionando a plateia
O indicado do governo ao comando da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, finalmente assumiu a chefia da companhia. É bem verdade que a estatal ainda não está com o seu conselho completamente formado, mas essa é uma incerteza a menos no radar dos investidores.
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Em seu primeiro discurso, Silva e Luna surpreendeu o mercado, pregando um tom conciliador e reafirmando o compromisso da Petrobras com temas caros aos investidores. O novo CEO falou sobre reduzir a volatilidade dos preços (uma das principais críticas de Bolsonaro) sem abrir mão da política de paridade internacional.
A fala pegou bem e fez os papéis ordinários e preferenciais da companhia liderarem as maiores altas do dia. O bom desempenho da Petrobras - que subiu mais de 5% - quase garantiu o sexto pregão consecutivo de alta para o índice. Se não fosse Brasília...
Corta ou não corta?
Com o prazo para sanção do Orçamento se encerrando no dia 22, o mercado está na expectativa de uma resolução a qualquer momento. O presidente havia ventilado a informação de que uma solução poderia ser anunciada hoje, mas não foi o que ocorreu.
A grande expectativa do momento é para saber qual a extensão dos vetos presidenciais. Afinal, o presidente irá ou não vetar os trechos polêmicos do texto? A orientação da equipe econômica é pelo veto, mas ele não deve ser integral, como uma forma de conciliação entre Congresso e Executivo.
Os analistas de mercado parecem otimistas com relação à possibilidade de um desfecho “positivo” dentro do possível para as contas públicas, mas a fala da ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, azedou os negócios e fez o Ibovespa mais uma vez se firmar no negativo.
Arruda confirmou que o governo deve vetar parcialmente o valor destinado às emendas parlamentares. Segundo a ministra, o corte deve ser na casa dos R$ 10,5 bilhões, muito abaixo do que era esperado pelo mercado. No texto original do Orçamento, são mais de R$ 30 bilhões destinados ao pagamento de emendas.
Enquanto nada está certo, o que se sabe é que o governo busca outras formas de acomodar despesas obrigatórias fora do teto de gastos.
Não se esqueça
Não é só o Orçamento que anda dando dores de cabeça em Brasília. A CPI da Covid, que irá investigar a atuação do governo federal durante a pandemia e as razões que levaram o estado do Amazonas ao colapso, também segue no radar.
Nos próximos dias, a Comissão deve ouvir diversos membros e ex-membros do governo de Jair Bolsonaro. Segundo informações do jornal O Globo, a comissão deve tratar de quatro pontos principais: compra de vacinas, colapso da saúde em Manaus, insumos para tratamentos de enfermos e repasse de recursos.
Aquecendo os motores?
Dentre tantas pautas que inspiram cautela, os bons sinais da economia brasileira também ajudaram o Ibovespa a sustentar o desempenho positivo durante boa parte do dia.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do PIB, teve um crescimento de 1,70% em fevereiro. A mediana das estimativas dos analistas indicava uma alta de 0,90%. Vale destacar que o período não sofreu com o impacto do endurecimento das medidas de isolamento social que ocorreram em março por todo o país.
A surpresa positiva do indicador deve levar os analistas a reverem suas projeções de queda para a atividade brasileira no primeiro trimestre, o que deve melhorar as expectativas de crescimento.
Liberou geral
Enquanto boa parte do mundo (incluindo o Brasil) ainda patina para adquirir ou fabricar doses suficientes para imunizar a população, os Estados Unidos parecem prontos para deixar de vez a crise do coronavírus no passado.
O presidente americano Joe Biden utilizou o Twitter para anunciar que, a partir de amanhã, qualquer norte-americano maior de 16 anos pode se vacinar contra a covid-19. O sucesso da campanha de vacinação no país e a perspectiva da volta a uma vida normal têm aumentado as perspectivas de recuperação econômica. Essa leitura segue impactando principalmente o retorno dos títulos mais longos do Tesouro americano, já que o Federal Reserve pode ver a necessidade de controlar a pressão inflacionária antes do tempo.
As bolsas americanas fecharam no vermelho, assim como a maior parte das bolsas na Europa, em um movimento de realização de lucros e antecipação pela semana cheia de balanços corporativos pela frente. Na semana passada, o S&P 500 e o Dow Jones renovaram suas máximas históricas seguidas vezes.
Com a alta dos Treasuries e a realização de lucros, o Nasdaq recuou 0,98%, o S&P 500 teve queda de 0,53% e o Dow Jones caiu 0,36%.
Sobe e desce
O discurso de posse de Silva e Luna animou os investidores e "libertou" as ações da Petrobras da pressão dos últimos meses. Mas a petroleira não foi o único destaque positivo do noticiário corporativo de hoje.
A Odebrecht, que há anos tenta se desfazer da sua fatia na Braskem, parece ter encontrado um possível interessado. A notícia de que o fundo soberano Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, tem interesse em adquirir uma fatia da empresa tem animado o mercado
Outro destaque importante ficou com a JBS, após a aquisição de uma empresa de produtos à base de plantas, a Vivera. O acordo foi fechado por R$ 341 milhões. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 24,28 | 5,80% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 52,79 | 5,62% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 23,79 | 5,03% |
JBSS3 | JBS ON | R$ 34,66 | 3,74% |
BRDT3 | BR Distribuidora ON | R$ 22,16 | 2,59% |
Depois de brilharem nos últimos pregões, após a proposta recusada da Arezzo pela Hering e ruídos sobre a possibilidade de uma nova oferta de ações das Lojas Renner, o setor de varejo de moda recuou nesta segunda-feira, em um movimento de realização de lucros.
A Renner, que subiu mais de 10% somente na última sexta-feira, recuou após anunciar uma nova oferta de ações acima do esperado pelo mercado, na casa dos R$ 6 bilhões. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
HGTX3 | Cia Hering ON | R$ 22,44 | -3,98% |
ENEV3 | Eneva ON | R$ 16,06 | -3,60% |
LREN3 | Lojas Renner ON | R$ 45,23 | -3,56% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 31,20 | -2,99% |
SBSP3 | Sabesp ON | R$ 41,74 | -2,91% |
*Colaboraram Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, e Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
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