Com PIB brasileiro em foco, investidores monitoram juros futuros americanos e tensão em Brasília
O grande evento da semana é a divulgação dos números do Produto Interno Bruto brasileiro no ano passado, mas os investidores também monitoram o clima político em Brasília e os sinais de “superaquecimento” da economia americana
A primeira semana de março promete ser de agenda cheia. Os próximos dias estão repletos de indicadores de peso, como o PIB brasileiro do último ano e números que devem indicar se a preocupação com um “superaquecimento” da economia americana deve se confirmar - o que deve gerar impactos não só na bolsa, como também no mercado de juros futuros e no câmbio.
Além disso, a temporada de balanços não dá trégua e as gigantes do varejo devem ser o grande destaque. No entanto, os números podem ser eclipsados pela tensão política que emana de Brasília. Além da possibilidade de fatiamento da PEC Emergencial, o que levaria a mais problemas fiscais, a preocupação com a gestão das estatais parece mesmo ter vindo para ficar.
Depois da Petrobras sofrer com uma troca de comando, os ruídos que envolvem a possível saída do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, do cargo também pesa sobre os negócios.
Na semana passada, Brasília foi um elemento importante para que a bolsa brasileira não conseguisse decolar mesmo diante de bons resultados de empresas de peso do Ibovespa. O principal índice brasileiro recuou mais de 7%, de volta aos 110 mil pontos. Já o dólar, pressionado pelo comportamento internacional e pela cautela local, disparou acima dos R$ 5,60.
Enquanto isso, as bolsas na Ásia fecharam em alta, motivadas pelo otimismo da aprovação do pacote de estímulos à economia americana. Além disso, a aprovação de uma nova vacina em solo norte-americano deve estimular positivamente os investidores.
Os futuros de Nova York também apontam para um dia de ganhos após fecharem a semana passada de maneira mista. Por volta das 6h30, o índice futuro do S&P 500 avançava 1,14%, enquanto o Nasdaq futuro ia na mesma direção, subindo 1,43% e o Dow Jones futuro também operava com ganhos de 1,07%.
Leia Também
Confira um resumo do que esperar nos próximos dias e a agenda semanal de divulgações econômicas.
De olho nos números
O grande destaque da agenda de divulgações brasileira nos próximos dias são os números do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020, depois de um ano marcado pela grave crise econômica herdada do coronavírus e enquanto se discute a retomada do auxílio emergencial para tentar reaquecer a economia.
Embora o mercado tenha melhorado as suas projeções para o resultado de 2020 após a divulgação do IBC-Br de dezembro, considerado a prévia do PIB do Banco Central, ainda devemos ver o maior recuo anual desde o plano Collor.
A mediana das projeções feitas pelos analistas é de uma queda de 4,20% no ano. Para o período do quarto trimestre do ano passado, a mediana das projeções coletadas pela Broadcast é de um avanço de 2,80% com relação ao período anterior.
Mas outros números que também devem ser monitorados e podem acabar refletindo nos negócios são os da pandemia da covid-19. Na última semana, o registro de novos casos e mortes voltou a se acentuar, com diversas capitais registrando 100% de ocupação nos leitos de UTI. A situação pressiona por novas medidas de isolamento social e pesam sobre as projeções futuras para a economia.
Sem esquecer Brasília
Dois eventos principais devem movimentar o noticiário. O primeiro diz respeito à permanência de André Brandão, presidente do Banco do Brasil, no cargo, o que pode pesar mais uma vez como uma intervenção política na estatal. Já o segundo ponto é a votação da PEC Emergencial, marcada para quarta-feira (03).
Não é de hoje que o relacionamento de Brandão com o presidente Jair Bolsonaro anda abalado. No começo do ano, quando o BB anunciou o seu processo de reestruturação - com o fechamento de agências e desligamento de funcionários - o ministro da Economia Paulo Guedes precisou intervir para manter Brandão no cargo.
Agora, os atritos recentes entre o chefe do Executivo com o comando da Petrobras parecem ter aprofundado a crise. O Banco do Brasil disse não ter recebido a renúncia do presidente, mas a possibilidade fez com que as ações da companhia recuassem 5% no último pregão da semana.
Na quarta-feira (03), os investidores esperam uma definição sobre a PEC Emergencial e o financiamento das novas rodadas do auxílio para a população mais carente.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar que a nova fase deve conter quatro pagamentos de R$ 250, mas ainda não se sabe como a medida, com um impacto estimado de R$ 30 bilhões aos cofres públicos, será financiada.
O texto da PEC Emergencial é o caminho mais rápido para a liberação dos recursos e estava previsto para ser votado na semana passada, mas a retirada dos gastos mínimos em saúde e educação causou polêmica no Congresso e a pauta acabou sendo adiada. O dispositivo obrigaria que as decisões sobre as despesas com esses dois setores fossem rediscutidos todos os anos e que a prioridade concorresse com outros pontos do Orçamento.
Com o adiamento e diante das negociações complicadas no Senado, os especialistas já acreditam (e temem) que somente as cláusulas que envolvem a situação de calamidade sejam aprovadas, ou seja, o pagamento do auxílio sem regras claras de contrapartida fiscal, o que deve pressionar ainda mais a questão fiscal no país.
Fique de olho
A temporada de balanços promete mais uma semana agitada para a bolsa brasileira, principalmente as empresas do setor de varejo, como Magazine Luiza, B2W e Via Varejo. Você pode conferir o que esperar dos números de cada uma delas nesta matéria.
Outra novidade que deve mexer com os negócios é o anúncio de que as operadoras de saúde Hapvida e Notre Dame Intermédica chegaram a um acordo para unir as suas operações. O acordo prevê a criação da maior operadora de saúde do país e uma das maiores operadoras verticalizadas do mundo.
As companhias ainda devem votar em Assembleia a proposta. Inicialmente, cada acionista da Notre Dame receberá 5,2490 ações ordinárias da Hapvida por papel da empresa, além do valor de R$ 6,45. Na nova companhia, acionistas da Hapvida passariam a deter 53,6% do capital social, enquanto os da Intermédica terão 46,4%. O valor total estimado da operação é de R$ 116 milhões.
Tá quente ou tá frio?
O que deve continuar dando o que falar nos próximos dias também é a disparada do rendimento dos títulos públicos americanos, que acaba levando a uma migração dos recursos investidos em ativos de risco (principalmente nos países emergentes e no setor tech) para esses investimentos considerados mais seguros.
Essa alta, que caminha de forma mais expressiva desde o fim do ano passado, reflete uma preocupação com o efeito dos estímulos econômicos abundantes na economia mundial, principalmente uma pressão inflacionária antes do esperado, o que levaria os bancos centrais a apertarem suas políticas monetárias em breve.
Na semana passada, diversos dirigentes do Federal Reserve, incluindo o presidente Jerome Powell, tentaram acalmar o mercado ao afirmar que o banco central americano deve manter o atual ritmo de estímulos e que uma pressão inflacionária fora do controle está descartada.
Com a aprovação do pacote de ajuda de US$ 1,9 trilhão na Câmara nos Estados Unidos, os investidores devem seguir monitorando os sinais de “superaquecimento” da economia americana. O projeto segue agora para o Senado, mas, nos próximos dias, indicadores importantes como o relatório de emprego (payroll) e os índices de atividade econômica podem calibrar o cenário.
Devemos voltar a ter também sinalizações do Federal Reserve. Jerome Powell deve participar de evento público na quinta-feira e o Fed divulga o seu tradicional relatório sobre a economia americana, o livro bege, na quarta-feira.
Confira uma agenda com os principais indicadores da semana:
Segunda-feira (01)
- Europa: PMI industrial (6h)
- EUA: PMI industrial (11h45), índice de atividade industrial (12h)
- Brasil: PMI industrial (10h), Balança comercial (15h), índice de evolução de emprego (18h)
Terça-feira (02)
- Europa: inflação (7h)
- Ásia: PMI composto e de serviços (Japão: 21h30; China: 22h45)
Quarta-feira (03)
- Europa: PMI composto e de serviços (6h)
- EUA: Relatório ADP de empregos no setor privado (10h15), PMI composto e de serviços (11h45), índice de atividade do setor de serviços (12h), publicação do livro bege do Fed (16h)
- Brasil: PIB do quarto trimestre e anual (9h), PMI composto e de serviços (10h)
Quinta-feira (04)
- Europa: taxa de desemprego (7h), vendas no varejo (7h)
- EUA: Pedidos semanais de auxílio-desemprego (10h30), participação de Jerome Powell em evento (14h05)
Sexta-feira (05)
- EUA: Balança comercial (10h30), Relatório de emprego - payroll (10h30)
- Brasil: Produção industrial (9h)
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
