Aconteceu: sua reserva de emergência está oficialmente na ‘perda fixa’
Com Selic em 4,25%, aplicações voltadas para a reserva de emergência perdem ou se igualam à inflação projetada

Quando a Selic bateu 5,00% ao ano, eu escrevi aqui no Seu Dinheiro que a poupança tinha passado a perder da inflação, dando retorno real negativo.
Na ocasião, as demais aplicações de renda fixa voltadas para a reserva de emergência e objetivos de curto prazo - como os fundos de renda fixa, os CDB, o Tesouro Selic e as contas de pagamento tipo NuConta - estavam com retorno real muito baixo.
Para não perderem da inflação, os CDBs não poderiam pagar menos de 95% do CDI, e fundos de renda fixa não poderiam cobrar taxa de administração superior a 0,2% ao ano. O ideal mesmo seria investir num daqueles fundos Tesouro Selic de taxa zero.
Pois bem, eis que aconteceu: a Selic continuou em queda e, agora que a taxa básica bateu 4,25% ao ano, a sua reserva de emergência está dando retorno real negativo ou praticamente zero, ao menos no curto prazo. Ou seja, seu dinheiro está oficialmente aplicado na “perda fixa”:

Como já era de se esperar, se a Selic se mantiver constante nos próximos 12 meses, e o IPCA de 3,40% projetado pelo mercado para o período se concretizar, o rendimento da caderneta da poupança perderá facilmente da inflação.
Afinal, apesar de ser isenta de impostos e taxas, a poupança atualmente só rende 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR), e esta se encontra zerada faz tempo.
Leia Também
Banco Pan aumenta rentabilidade da aplicação de sua conta digital para 115% do CDI - mas benefício é temporário
Onde os brasileiros investem: CDBs ultrapassam ações no 1º semestre, e valor investido em LCIs e LCAs dispara
Mas agora, repare que o Tesouro Selic (LFT), nas mesmas condições, também perderia da inflação caso fosse resgatado em um ano.
É que, no caso do Tesouro Direto, há uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano (mesmo que a corretora não cobre taxa de administração) e um spread entre as taxas de compra e venda, uma espécie de pedágio para quem sai do título antes do vencimento.
Como o Tesouro Direto não oferece, atualmente, Tesouro Selic com prazo de um ano, para investir por este prazo o investidor teria que, obrigatoriamente, vender seu título antecipadamente.
E no resgate ainda há a incidência de uma alíquota de imposto de renda de 17,5%, válida depois que a aplicação completa 360 dias.
Eu também pus na tabela o rendimento bruto, sem o desconto de IR, que é mais ou menos o que o investidor receberia caso não vendesse o título. Ou seja, se não houver resgate e o dinheiro continuar rendendo, aí sim o título consegue superar a inflação projetada.
A situação das aplicações financeiras que não cobram taxa, não têm o problema do spread e pagam 100% do CDI é um pouco melhor. É o caso dos fundos Tesouro Selic de taxa zero (que apenas investem em títulos Tesouro Selic), dos CDB de bancos médios com liquidez diária e da NuConta, conta de pagamentos do Nubank.
Resgatadas dentro de um ano e sujeitas ao IR de 17,5%, essas aplicações praticamente empatam com a inflação projetada. Ou seja, elas se limitam a proteger o poder de compra das reservas do investidor, e só.
Se o dinheiro permanecer aplicado, por outro lado, o retorno em um ano será equivalente ao CDI do período. Com uma Selic de 4,25% ao ano, supomos que o CDI permanecerá em 4,15%, que é o que tem ocorrido. Nesse caso, há um pequeno retorno real.
Mas repare que se a inflação convergir para a meta do Banco Central, que é de 4,00% em 2020, a situação piora para as aplicações conservadoras.
Em 2019, o IPCA ficou acima das estimativas e fechou o ano em 4,31%, praticamente o retorno da caderneta de poupança no período, que foi de 4,32% (considerando uma aplicação de 28 de dezembro de 2018 a 28 de dezembro de 2019).
Já o CDI foi de aproximadamente 5,97% no ano passado, ainda com certa folga sobre a inflação. Mas se descontarmos o IR de 17,5%, válido para uma aplicação de um ano, teremos um retorno líquido de apenas 4,92% em 2019.
Acabou o limite de tolerância
Nas atuais condições, algumas coisas ficam claras. Primeiro, que não dá mais para deixar nessas aplicações ultraconservadoras mais do que o estritamente necessário para a sua reserva de emergência. Para qualquer outro objetivo, de curto, médio ou longo prazo, há aplicações mais rentáveis.
Eu sugiro que a reserva de emergência corresponda à quantia que você precisaria para se manter por um ano caso fique totalmente sem gerar renda. É o que eu faço. Tenho uma grana aplicada em um fundo de taxa zero que não vai fazer nada além de preservar o poder de compra do meu dinheiro, pois é disso que eu preciso para me sentir tranquila.
Essa quantia, portanto, pode ser maior ou menor dependendo da sua carreira, da quantidade de fontes de renda que você tem, da sua facilidade de se recolocar no mercado de trabalho em caso de demissão, das suas necessidades familiares etc. Então vale a regra do bom senso.
A segunda coisa que fica clara é que não dá mais para tolerar CDB que paga menos de 100% do CDI ou fundo que cobra taxa de administração só para dar um retorno igual ao CDI (ou até menor). A isenção de custos para investir nesse tipo de fundo ultraconservador se tornou um imperativo - não há mais taxa máxima tolerável.
E ainda tem muita gente por aí que paga mais de 1%, até 2% ao ano em fundos desse tipo. Se este é o seu caso, saiba que você está perdendo dinheiro e não é de hoje. Perder para a inflação é, na prática, perder dinheiro, porque você perde poder de compra.
O terceiro ponto é que eu acho que o investimento direto no Tesouro Selic perdeu um pouco a razão de ser. Se o retorno vai ficar abaixo da inflação caso ele seja resgatado em até um ano, e se para mais de um ano há aplicações mais rentáveis, para que comprar Tesouro Selic, se você pode investir num fundo de taxa zero? Já não fazia tanto sentido antes, e agora faz menos ainda.
“Ah, mas as aplicações mais rentáveis têm mais risco”, você poderia dizer. Claro. Elas provavelmente não terão liquidez diária, ou terão algum risco de crédito, ou mesmo de volatilidade.
Mas se você tem mais prazo, você também tem mais condições de se haver com o risco. Você pode, por exemplo, se planejar para conseguir investir em ativos de prazos mais longos e sem liquidez diária. Além disso, você teria tempo de se recuperar de eventuais oscilações de mercado.
Chegamos, então, ao quarto ponto: planejar seus investimentos se tornou ainda mais importante. Se você tem noção de que não vai precisar mexer naquela parte dos seus recursos a qualquer momento, ou se sabe as datas certas em que vai precisar do dinheiro, é muito mais vantajoso - talvez mais do que nunca - casar os prazos das suas aplicações com os dos seus objetivos, quando for o caso.
Com Selic a 12,75%, já é possível ganhar 1% ao mês líquido de IR. Veja 16 opções e saiba onde encontrar esses tesouros
Após nova alta da taxa de juros, LCI e LCA que pagam 100% do CDI passam a render a remuneração dos sonhos do investidor conservador brasileiro
Em parceria com a Órama, Mercado Pago lança plataforma de investimentos com CDB que rende 150% do CDI
Conta de pagamento do Mercado Livre estreia no mundo dos investimentos com CDBs que pagam mais de 100% do CDI, com aplicações a partir de R$ 1
Com Selic a 11,75%, já dá para dobrar seu capital na renda fixa, de forma simples e com baixo risco; veja como
Não, você não vai precisar investir por 30 anos, nem colocar o seu dinheiro em um título de dívida de uma empresa próxima da bancarrota para conseguir tal feito; veja os investimentos que proporcionam isso hoje
Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 11,75%
Taxa básica de juros deve subir mais ao longo do ano. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa com a nova alta da Selic
Veja o título do Tesouro Direto mais indicado para proteger seu dinheiro da inflação em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia
A alta dos preços em razão do conflito já se faz sentir no bolso do brasileiro – vide o aumento dos combustíveis. Mas este título do Tesouro Direto ajuda a preservar seu patrimônio
A guerra na Ucrânia pode corroer seu patrimônio! Veja onde investir na renda fixa para se proteger da inflação
Com a pressão do conflito sobre preços de commodities e cadeias de abastecimento globais, investimentos atrelados a índices de inflação voltam ao radar; veja quais são os mais rentáveis e seguros a oferecerem essa proteção, no momento
CDB: como ganhar mais que a poupança de forma prática e com a mesma segurança
Entenda o que é e como funciona o CDB, investimento de renda fixa de baixo risco que costuma ficar mais interessante em épocas de juro alto
Ela voltou com tudo! A hora e a vez da renda fixa: Tesouro, CDB e tudo mais que você precisa saber para passar com mais tranquilidade pela turbulência
O terremoto político, econômico e fiscal que se abate sobre o Brasil abriu uma fenda por meio da qual a renda fixa voltou a proporcionar retornos interessantes depois de anos perdendo espaço para a renda variável
Com juros em alta, esses títulos de renda fixa te pagam 1% ao mês, com baixíssimo risco e pouco esforço
A rentabilidade dos sonhos do brasileiro está de volta aos investimentos conservadores, e CDBs que pagam 1% ao mês ou mais já estão fáceis de encontrar
Reserva de emergência e aplicações de curto prazo: CDB 100% do CDI pode ser melhor que Tesouro Selic?
Com a Selic mais alta, vale a pena voltar a discutir qual a opção ideal para a reserva de emergência; e, nesse sentido, os CDBs que pagam 100% do CDI com liquidez diária podem sim ser uma boa pedida
Com Selic em alta, já é possível vislumbrar retorno acima da inflação na renda fixa tradicional
Juros projetados para diferentes prazos mostram que investir em renda fixa pós-fixada e atrelada ao CDI voltou a ficar interessante para diversificar a carteira
Por que a poupança ainda atrai o investimento de milionários mesmo com retorno real negativo
Especialistas explicam quais fatores levam mais de 22 mil pessoas a deixaram essa dinheirama toda na aplicação que teve em 2020 o pior desempenho dos últimos 18 anos
As opções conservadoras para ganhar mais de 100% do CDI com liquidez diária
Com a Selic tão baixa, algumas instituições financeiras de médio porte passaram a oferecer investimentos de renda fixa conservadora que pagam mais de 100% do CDI com liquidez diária; saiba onde encontrá-los
Poupança completa 160 anos – confira três investimentos na renda fixa para ‘aposentar’ a caderneta
Aplicação continua sendo a preferida dos brasileiros, mas já existem opções mais rentáveis e de baixo risco
Onde investir em 2021: Renda fixa dá susto, mas deve recompensar quem tiver sangue frio
A renda fixa vai seguir mais viva do que nunca em 2021, o que abre oportunidades de retorno que podem ir muito além dos 2% ao ano da Selic
Com Tesouro Selic negativo, é o caso de rever a sua reserva de emergência?
Título público mais conservador tem apresentado retorno negativo desde meados de setembro; será que vale a pena migrar a reserva de emergência para outro investimento, ou pelo menos diversificá-la?
Onde investir no 2º semestre: A renda fixa não morreu e ainda reserva oportunidades
O que pode ficar no passado é o CDI como referência de rentabilidade. Aliás, quem mirar a renda fixa além desse parâmetro verá que ainda existem boas opções de investimento
Ainda vale correr algum risco na renda fixa para ganhar um pouco mais que o CDI?
Títulos emitidos por empresas e papéis de bancos com cobertura do FGC prometem pagar mais que a renda fixa conservadora, mas com a Selic no chão e num cenário de crise, não ficaram arriscados demais?
NuConta, CDB e fundos Tesouro Selic podem perder da poupança?
Aplicações que pagam 100% do CDI costumam ser vendidas como mais rentáveis que a poupança, mas nem sempre é o caso; mesmo assim, elas ainda são mais interessantes que a caderneta.
CDB com remuneração de até 124% do CDI? É a oferta do C6 Bank
O C6 Bank oferece novas opções de investimento em CDB com resgates mais longos. A rentabilidade pode chegar a 124% do CDI