A queda da Selic para as suas mínimas históricas tornou difícil ganhar dinheiro com as aplicações financeiras mais conservadoras do mercado: os investimentos de renda fixa cuja remuneração é atrelada à Selic ou ao CDI, também chamados de pós-fixados.
É fato que essa situação acaba empurrando o investidor para opções com mais risco, desde os títulos de renda fixa prefixados ou atrelados à inflação, até as ações, passando pelos títulos de crédito privado e fundos imobiliários.
Mas também é fato que uma parte da nossa carteira precisa ficar alocada em ativos conservadores e atrelados à taxa básica de juros. Nós precisamos, no mínimo, manter uma reserva de emergência; mas também pode ser interessante manter uma reserva a mais, para aquele dinheiro que só será alocado quando surgirem boas oportunidades.
Além disso, a baixa rentabilidade da renda fixa mais conservadora prejudica sobretudo os poupadores e investidores iniciantes.
Afinal, para quem está dando os primeiros passos no mundo dos investimentos, sobretudo quem ainda não tem muitos recursos, as aplicações pós-fixadas serão, por algum tempo, as únicas da carteira.
Aqui no Seu Dinheiro, a gente já falou um bocado sobre os investimentos ideais para a sua reserva de emergência, aquela que não suporta qualquer tipo de volatilidade ou risco de crédito e exige liquidez diária.
Se você nos acompanha há algum tempo, já deve estar careca de saber que os investimentos que melhor combinam essas características com um retorno superior ao da poupança são o Tesouro Selic e os fundos Tesouro Selic de taxa zero.
Mas um episódio ocorrido no mercado de juros no ano passado, que fez o Tesouro Selic dar retornos negativos em alguns momentos, levou ao questionamento se talvez diversificar um pouco a reserva de emergência por outras aplicações de baixo risco não seria interessante.
Os CDBs de grandes bancos que pagam no mínimo 100% do CDI, com liquidez diária, surgem como as melhores alternativas, mas nem todos os investidores têm acesso a esse tipo de produto, em geral reservado a quem tem mais grana.
Os CDBs mais acessíveis dos bancões em geral pagam menos de 100% do CDI e chegam a perder da poupança. Se 100% do CDI já é pouco hoje - algo como 1,9% ao ano - menos que isso é uma miséria.
Nas instituições financeiras de médio porte, porém, é bem mais fácil encontrar opções de renda fixa que paguem 100% do CDI ou mais com risco bastante reduzido - ou os recursos do investidor ficam alocados em Tesouro Selic ou num título com proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$ 250 mil por CPF.
O problema é que essas aplicações geralmente não têm a tal da liquidez diária - esta costuma estar presente apenas quando a remuneração é de 100% do CDI, e nada mais. Além disso, apesar das garantias, o risco de quebra da instituição financeira é maior, e o ressarcimento dos investidores, quando isso acontece, não é imediato.
Porém, nos investimentos com liquidez diária até dá para deixar uma parte pequena da sua reserva de emergência, ou mesmo aquele seu caixa para aproveitar boas oportunidades futuras.
A boa notícia é que, hoje, com os juros no chão, diversas instituições financeiras de médio porte começaram a oferecer títulos de renda fixa cobertos pelo FGC que pagam até mais do que 100% do CDI com liquidez diária. Aí a coisa começa a ficar mais interessante, pois a possibilidade de resgatar a qualquer momento é um risco a menos.
Esse tipo de investimento ainda não é tão comum, mas já está presente em instituições financeiras bastante conhecidas e próximas do pequeno investidor. Os valores exigidos para aplicar também são baixos, o que aumenta ainda mais a atratividade e facilita, para o investidor, diversificar as aplicações.
Com a ferramenta de busca da plataforma Yubb, eu levantei os investimentos de renda fixa disponíveis no mercado hoje que pagam mais de 100% do CDI com liquidez diária para diferentes valores de aporte inicial.
Em seguida, eu selecionei aquelas emitidas por instituições de solidez no mínimo razoável. As estimativas de rentabilidade entre parênteses, informadas pelo próprio Yubb, foram calculadas com base na estimativa para o CDI em um ano, de 3,45% (DI futuro). Confira:
R$ 100
- CDB Sofisa Direto 112% do CDI (3,83% ao ano)
- CDB Sofisa Direto 110% do CDI (3,77% ao ano)
- CDB Banco RCI Brasil 112% do CDI (3,83% ao ano)
- CDB BTG Pactual Digital 104% do CDI (3,56% ao ano)
- CDB BTG Pactual Digital 103% do CDI (3,53% ao ano)
R$ 500
- CDB Daycoval 106% do CDI (3,63% ao ano)
- CDB Paraná Banco 105% do CDI (3,59% ao ano)
- CDB Pine Online 103,5% do CDI (3,54% ao ano)
R$ 1.000
- LCI Daycoval 110% do CDI (3,77% ao ano líquido)
- CDB Daycoval 103% do CDI (3,53% ao ano)
- CDB BMG Invest 130% do CDI (4,45% ao ano)
- CDB bs2 102% do CDI (3,49% ao ano) - na corretora Ativa Investimentos
- CDB bs2 101% do CDI (3,46%ao ano) - na corretora Guide Investimentos
- CDB ABC Brasil 101% do CDI (3,46%ao ano)
R$ 5 mil
- LC BRK Financeira 121% do CDI (4,14% ao ano) - na corretora Nova Futura Investimentos
R$ 10 mil
- CDB Daycoval 110% do CDI (3,77% ao ano)
- CDB bs2 105% do CDI (3,59% ao ano) - na corretora Easynvest
- CDB b2S 102% do CDI (3,49% ao ano) - na corretora Nova Futura Investimentos
- CDB BR Partners 102% do CDI (3,49% ao ano) - na corretora Easynvest
Como você pôde ver, a maioria desses investimentos são CDBs. Há apenas uma LC (Letra de Câmbio, uma espécie de CDB das financeiras) e uma LCI, título isento de imposto de renda.
Neste caso, por sinal, a rentabilidade chama a atenção, pois o investidor realmente embolsa 110% do CDI, enquanto nas demais aplicações ainda há cobrança de imposto de renda de acordo com o prazo de investimento.