Segredos da bolsa: prévia do PIB, ata do Copom e FOMC são destaques em semana pesada
Banco Central concentra agenda local, divulgando também Relatório de Inflação, com Ibovespa perto das máximas
E o Ibovespa, leitor? Cada vez mais perto do topo histórico. Se você bem se lembra, havíamos falado disto aqui na edição passada do Segredos da bolsa, algo que honestamente não cogitava escrever em 2020...
Bem, a esta altura já nos acostumamos a aberrações e ao inimaginável. Essa volta do principal índice da bolsa brasileira para perto da máxima histórica não é "bizarrice", certamente, mas ao menos produz muita surpresa.
Afinal, quem aí diria que o Ibovespa não apenas ficaria muito perto de zerar as suas perdas em 2020 (faltando ainda duas semanas para o ano acabar) como também abriria espaço para, dentro de uma ou duas sessões, ainda reverter a baixa e passar a anotar ganhos?
Há alguns meses, era difícil apostar nessa tendência de alta, e eu certamente estaria inclinado a não depositar nem metade das minhas fichas em tal cenário.
Mas o rali de novembro fez o índice sonhar com voos mais altos, encetando uma recuperação que de fato se consolidou até aqui no último mês do ano.
A semana passada continuou a mostrar ganhos importantes, de 1,6%, levando o Ibovespa a marcar alta superior a 5% em dezembro.
O vigor da Petrobras arrefeceu nesta semana, com uma realização de lucros de investidores, e foi a Vale que mais se destacou entre as gigantes de commodities.
Ações de bancos, trazendo pressões altistas mediante maior ingresso de fluxo estrangeiro no país, também ajudaram a sustentar o índice, bem como os papéis da Eletrobras, que dispararam.
Nesse período, ações de empresas mais tradicionais como Azul, Gol e Embraer, severamente penalizadas pela pandemia, também voltaram a cair, com incertezas sobre o processo de vacinação no Brasil e uma realização de lucros da parte dos investidores.
Com essa figura toda pintada, aonde irá o Ibovespa? É certo que o viés é positivo e apagar as perdas no ano, se antes aparecia como uma loucura, parece mais do que uma certeza. É questão de tempo.
E a nova semana trará pela frente novos dados sobre o estado da economia brasileira que poderão ajudar manter o principal índice acionário da B3 em alta, além da ata do último Copom (Comitê de Política Monetária).
Outro destaque vai para o Relatório Trimestral de Inflação, após o comitê demonstrar preocupação sobre a situação dos núcleos de inflação em seu comunicado. De novo, a agenda macroeconômica dá o tom.
Enquanto isso, será a vez da política monetária concentrar as atenções no exterior, com o FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto, da sigla em inglês), o "Copom dos Estados Unidos", decidindo a taxa básica de juros e sua visão sobre a atividade econômica do país.
Banco Central toma os holofotes com agenda pesada
A agenda doméstica tem foco no BC, depois de o Copom endurecer o discurso sobre a inflação e fechar definitivamente a porta para cortes de juros.
Os diretores do BC ressaltaram também que as condições de manutenção do "forward guidance" poderão não mais ser satisfeitas no futuro, na medida em que as projeções de inflação para 2022 — atualmente exatamente no centro da meta para o ano, como apontado no comunicado — ganham peso em seu cenário-base.
Na próxima semana, veremos o BC detalhar a sua visão para inflação à frente (com a ata) e destrinchar a sua avaliação para a trajetória da inflação do ponto de vista trimestral (com o Relatório Trimestral de Inflação).
No entanto, essas "atrações" só entram em cartaz a partir do meio da semana. Logo no início, teremos os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), também chamado de prévia do PIB, demonstrando o estado da atividade econômica em outubro, depois de o PIB do 3º trimestre decepcionar com um crescimento abaixo do esperado.
Além disso, a agenda está recheada de dados de inflação que podem apontar a manutenção da tendência de aceleração da alta dos preços e sustentar o discurso mais "hawkish" do BC. Veja a agenda doméstica abaixo:
- Segunda-feira (14)
- Pesquisa Focus do BC (8h30)
- IBC-Br de outubro (9h)
- Terça-feira (15)
- Ata do Copom (8h)
- IGP-10 (dezembro)
- Quarta-feira (16)
- IPC-S (2ª quadrissemana de dezembro)
- IPC-S (2ª quadrissemana de dezembro)
- Quinta-feira (17)
- Relatório Trimestral de Inflação (8h)
- IGP-M (2ª prévia de dezembro)
- IPC-Fipe (2ª quadrissemana de dezembro)
- Reunião do Conselho Monetário Nacional (15h)
- Sexta-feira (18)
- Transações correntes (novembro)
FOMC no radar
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) deverá manter as taxas dos Fed Funds, os juros básicos dos EUA, parados na faixa entre 0% e 0,25%, com sinais de que a instituição já fez o que podia — e que agora a questão é os estímulos fiscais virem à tona.
Na sua última reunião, o Fed compartilhava os holofotes do mercado com nada mais, nada menos que a eleição americana, que apontou Joe Biden como o presidente do país.
Na ocasião, o banco central disse que não via necessidade de alta de juros até 2023.
“A atividade econômica e o emprego continuaram se recuperando, mas permanecem bem abaixo dos níveis do início do ano”, afirmou o Fed, em comunicado.
A autoridade monetária ressaltou, uma vez mais, que persegue os objetivos de máximo nível de emprego e a inflação média de 2%.
O comunicado do Fed disse também sinalizou que a instituição poderia realizar compras de ativos em um cenário de aumentos de casos da covid-19 para "ajudar a promover condições financeiras acomodatícias".
Este, sem dúvida, será um ponto importante, se for apontado uma iminência de pôr em curso uma nova compra de ativos por parte do Fed.
Na ata da última reunião, o Fed julgava apropriado não apenas a manutenção, como o aumento da compra de títulos — sem indicar, no entanto, nenhuma mudança imediata.
A discussão dos membros na reunião versou sobre maneiras pelas quais a compra de títulos poderiam fornecer mais estímulos à economia, se estes forem necessários.
A maioria dos dirigentes do banco enxergava o risco de que o atual e o previsto suporte fiscal para famílias, empresas e governos estaduais e locais não fosse o bastante para retomar níveis de atividade pré-pandemia.
Enquanto isso, o cenário para estímulos fiscais à economia americana permanece nebuloso. A perspectiva de que a classe política em Washington encontre pontos comuns e firme um pacote de ajuda econômica contra os impactos do coronavírus enfraqueceu nesta semana, pesando nas bolsas americanas.
Após sinais de progresso do lado de tanto republicano como democratas por um pacote de US$ 900 bilhões, os republicanos do Senado sugeriram na quinta que não poderiam aceitar alguns aspectos das propostas.
Os EUA ainda divulgam o dado de vendas do varejo na quarta e o número semanal de pedidos de seguro-desemprego, na quinta. A produção industrial da segunda maior economia do mundo também fica no radar. Outra decisão de juros ganha importância, a do Banco da Inglaterra, também na quinta. Confira a agenda do exterior:
- Segunda-feira (14)
- Produção industrial da China em novembro (23h)
- Produção industrial da China em novembro (23h)
- Quarta-feira (16)
- Vendas do varejo dos Estados Unidos em novembro (10h30)
- Comunicado da decisão de política monetária do Fed (16h)
- Jerome Powell, presidente do Fed, fala em coletiva (16h30)
- Quinta-feira (17)
- Inflação da União Europeia em novembro (7h)
- Comunicado da decisão de política monetária do BoE (Bank of England) (9h)
- Número semanal de pedidos de seguro-desemprego dos EUA (10h30)
- Sexta-feira (18)
- Vendas do Varejo do Reino Unido em novembro (4h)
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