A semana começa com os investidores de olho no conflito ucraniano, cujas negociações não avançaram muito desde a última conversa com a Rússia. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve permanece no radar das bolsas pelo mundo nesta segunda-feira (04).
Durante o final de semana, Mary Daly, presidente distrital do Fed de São Francisco, afirmou que o argumento para elevação dos juros em 50 pontos-base “cresceu” nas últimas semanas. Em outras palavras, esse é mais um sinal de que o Banco Central americano deve adotar um tom mais agressivo contra a inflação.
Enquanto isso, no cenário doméstico, o fim do período de janela partidária, quando parlamentares podem trocar de partido sem perda de mandato, terminou na última sexta-feira (1º). Além disso, a desincompatibilização de membros do governo para concorrer a cargos públicos também terminou no último sábado (02).
Ou seja, as movimentações políticas para as eleições de outubro começam a ganhar contornos mais bem definidos. Entretanto, isso pode estressar a bolsa local, com a perspectiva de que alguns candidatos, não tão favoráveis ao mercado, comecem a ganhar destaque.
No pregão da última sexta-feira (1º), o Ibovespa avançou 1,31%, aos 121.570 pontos, uma alta de 2,09% na semana. Ao mesmo tempo, a moeda norte-americana caiu 1,97%, a R$ 4,6673, recuo de 1,69% no mesmo período.
Saiba o que deve movimentar as bolsas, o dólar e o Ibovespa nesta semana:
Incertezas em uma gigante da bolsa
O cenário político é o pano de fundo do Ibovespa esta semana. No entanto, as movimentações em uma das maiores empresas da bolsa brasileira podem chacoalhar o bom humor dos negócios.
A nomeação do economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras (PETR4) pode estar ameaçada. Pires é sócio da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Óleo e Gás Canalizado (Abigás), além da participação de um de seus filhos no conselho do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o que pode gerar conflito de interesses.
Efeito dominó
Somado a isso, Rodolfo Landim desistiu de presidir o conselho da estatal e permaneceu no cargo de presidente do Flamengo. A nota oficial afirma que Landim pretende se dedicar ao clube, mas o jornal O Globo mostrou que ele possui relação próxima com Carlos Suarez, sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil.
A proximidade com Suarez também é um dos motivos levantados para que Pires também desista da sua candidatura à presidência da Petrobras. No entanto, o economista ainda não se pronunciou sobre a desistência.
Dança das cadeiras na estatal
Adriano Pires substitui o general Joaquim Silva e Luna após uma disparada nos preços dos combustíveis. A alta da gasolina está relacionada à política de preços, que segue o mercado internacional, da Petrobras.
Diversas medidas tomadas pelo governo federal visam limitar o avanço dos combustíveis — que geram um efeito em cadeia na inflação. No entanto, com o preço do barril de petróleo acima dos US$ 100, esse controle fica cada vez mais difícil.
E a principal commodity do mundo…
Nesta segunda-feira, o barril de petróleo Brent, utilizado como referência internacional, é negociado em alta de 0,19%, cotado a US$ 104,62. A tensão entre Ucrânia Rússia fez disparar o preço da principal commodity energética do mundo desde o início do conflito em 24 de fevereiro.
Atenção hoje
Para completar o panorama doméstico, a paralisação dos servidores do Banco Central continua nesta segunda-feira. Assim sendo, a divulgação do Boletim Focus e de outras publicações do BC ficam sem horário definido nesta semana.
Bolsas no exterior: o que movimenta a semana por lá
O investidor internacional acompanha a divulgação da ata da última reunião do Fomc, o Copom americano, na próxima quarta-feira (06). Até lá, as falas de representantes do Federal Reserve devem movimentar o sentimento das bolsas.
Um aperto monetário mais intenso do que o esperado pode migrar recursos de ativos de maior risco — como as bolsas — para os de menor risco — e o favorito nesse cenário são os títulos do Tesouro americano, os Treasuries.
Contudo, a continuidade da guerra entre russos e ucranianos pode fazer as autoridades monetárias de Estados Unidos e União Europeia reverem seus planos de alta nos juros.
O que movimenta as bolsas lá fora
Na Ásia, o fechamento do mercado foi positivo, com o apetite de risco dos investidores nas alturas, após relatos de que a China está se preparando para dar aos órgãos reguladores dos EUA acesso a relatórios de auditoria de uma parcela das 200 empresas chinesas listadas em Nova York.
Vale relembrar que o setor de tecnologia chinesa, que tem ações em Wall Street, é alvo constante dos reguladores norte-americanos, em especial no ponto da segurança digital. Dessa forma, o acordo deve aliviar as tensões entre os países.
Enquanto isso, a Europa avança sem força, de olho nos desdobramentos da guerra. O Conselho Europeu deve se reunir mais uma vez ao longo da semana para anunciar novas sanções à Rússia.
De maneira semelhante, os futuros de Nova York operam sem direção definida, antes de uma semana recheada de falas de dirigentes do Federal Reserve.
Agenda da semana
Segunda-feira (04)
- FGV: IPC-S Capitais de março (8h)
- Estados Unidos: Encomendas à indústria em fevereiro (11h)
Terça-feira (05)
- Estados Unidos: Balança comercial de fevereiro (9h30)
- Brasil: PMI composto e de serviços em março (10h)
- Estados Unidos: PMI composto e de serviços em março (10h45)
Quarta-feira (06)
- FGV: IGP-DI de março (8h)
- Estados Unidos: Secretária do Tesouro, Janet Yellen, testemunha em comitê da Câmara sobre estado do sistema financeiro internacional (11h)
- Estados Unidos: Fed divulga a ata da última reunião de política monetária (15h)
- Congresso Nacional: Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve sabatinar novos diretores do BC (sem horário definido)
Quinta-feira (07)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (9h30)
- Estados Unidos: Falas de diferentes representantes do Federal Reserve ao longo da tarde (a partir das 10h)
Sexta-feira (08)
- FGV: 1ª prévia do IGP-M de abril (8h)
- IBGE: Pesquisa industrial mensal regional de fevereiro (9h)
- IBGE: IPCA de março (9h)