Invista no exterior em um dos maiores fundos globais (sem sair da sua corretora)
Está na hora de olhar para fora do país não apenas como destino de turismo, mas também de investimentos. Conheça as duas versões do fundo de uma gestora global para diversificar o seu portfólio
Onde está o touro? Eu procurei pela enorme escultura de bronze para tirar uma foto assim que cheguei em frente ao imponente prédio da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). Foi só mais tarde que descobri que a enorme escultura de bronze não fica na famosa Wall Street.
A foto ao lado do touro que simboliza a pujança do mercado acionário era um típico programa de turista, mas visita à Bolsa de Nova York, não. A viagem aos Estados Unidos fez parte do MBA que cursei em 2004, patrocinado pela antiga BM&F (atual B3).
O objetivo da turnê ao exterior, que incluiu as bolsas de Chicago e a sede do FMI em Washington, era aprender e ter uma dimensão do funcionamento do mercado financeiro fora das fronteiras do país.
No meu caso, a ficha só caiu quando me vi dentro do prédio da Nyse. Sim, uma coisa era escrever sobre os números superlativos dos mercados, outra era ter a experiência de ver o pregão acontecer diante dos meus olhos.
De volta à realidade
Voltei da minha primeira viagem ao exterior convencido de que o Brasil não passava de um mero figurante no grande palco do mercado financeiro global.
O acesso a opções de investimento para os brasileiros fora do país sempre foi restrito. Na época em que visitei as bolsas norte-americanas, os fundos tradicionais não podiam aplicar nem sequer um real (ou dólar) no exterior.
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Ainda hoje, por uma limitação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) os fundos voltados ao público em geral podem manter no máximo 20% do patrimônio em ativos internacionais.
Havia ainda outra barreira para o investimento fora do país, e que não tem nenhuma relação com questões regulatórias: as altas taxas de juros. Afinal, por que se dar ao trabalho de buscar opções no exterior se era possível garantir um bom retorno na renda fixa mais conservadora aqui dentro?
A queda da Selic para a marca histórica de 2,25% ao ano enfim obrigou o brasileiro a sair do casulo. Mas eu entendo que, seja qual for o nível dos juros, faz sentido manter uma parcela da sua carteira em ativos que não dependam diretamente do desempenho da nossa economia.
Ou seja, está na hora de olhar para fora do país não apenas como destino de turismo, mas também de investimentos.
Um fundo para começar
Em uma herança das décadas em que a nossa economia foi totalmente fechada e o câmbio controlado, aplicar recursos fora do país ainda é associado a práticas ilegais no imaginário de muita gente.
Então é sempre importante ressaltar que não há nada errado em manter dinheiro e contas fora do país — desde que tudo seja declarado à Receita Federal, é claro.
O avanço da tecnologia permite hoje que um investidor consiga comprar ações de empresas nas bolsas norte-americanas com relativa facilidade.
Mas também é possível manter exposição a ativos no exterior de forma ainda mais simples e sem tirar o dinheiro da sua corretora ou banco. As principais plataformas de investimento oferecem hoje uma série de produtos de renomadas gestoras internacionais.
Um dos primeiros fundos do tipo que surgiu nas prateleiras das corretoras brasileiras foi o Pimco Income, o nosso destaque nesta edição da Lupa dos Fundos.
A gestora norte-americana responsável pelo produto é um dos pesos-pesados do mercado financeiro internacional: possui um total de US$ 1,9 trilhão em recursos — mais do que toda a indústria de fundos brasileira somada.
O Income aqui no Brasil é essencialmente um veículo que aplica seus recursos em um fundo global da gestora, que possui um patrimônio de US$ 64 bilhões em ativos de renda fixa. Mas a estratégia não se parece nem um pouco com a renda fixa que você conhece.
Na carteira aparecem desde títulos de dívida de países de todo o mundo — com foco nos melhores pagadores —, a papéis emitidos por agências ligadas ao governo norte-americano, empresas e bancos. Ou seja, o tipo de investimento que pessoas como eu e você não teríamos acesso nem conhecimento suficiente para investir por conta própria.
O poder da diversificação
O investimento fora do país em fundos como o Pimco Income traz ainda a vantagem da diversificação em relação aos demais ativos do seu portfólio, que provavelmente vão sofrer em momentos de maior incerteza por aqui.
Um exemplo do poder da diversificação ocorreu em maio de 2017, marcado pelo fatídico Joesley Day. Enquanto o Ibovespa amargou uma queda de 4,12% naquele mês e o índice que mede o desempenho dos principais fundos multimercados brasileiros recuou 1%, o Pimco Income rendeu 1,80% — o equivalente a 194% do CDI.
Embora tenha como foco o equilíbrio entre geração de renda e proteção de capital, vale lembrar que o fundo da Pimco não está livre de riscos e tem uma volatilidade maior do que os produtos de renda fixa convencionais do mercado brasileiro. E inclusive é bom que seja assim porque só desta maneira ele conseguirá retorno em um mundo de taxas de juros baixas.
Em dólar ou em real?
Ao lançar o Pimco Income no Brasil, em 2016, a gestora decidiu oferecer o produto com proteção contra a variação cambial. Nessa versão, o retorno do fundo fica livre das flutuações para o dólar — para o bem ou para o mal.
Foi só no ano passado que a gestora trouxe para o país a versão "completa" do fundo, o Pimco Income Dólar. Nesse caso, a rentabilidade final inclui a variação da moeda norte-americana.
Os investidores com o perfil mais conservador, mas que desejam alguma forma de diversificação da carteira, podem optar pela versão protegida do Pimco Income, que certamente terá uma volatilidade menor.
Mas eu particularmente prefiro a alternativa do fundo sem a proteção cambial. Não porque eu ache que o dólar possa disparar no curto prazo, mas por entender que o objetivo de se investir no exterior é ter uma diversificação completa, inclusive de moeda.
Fundos na lupa
No admirável mundo novo dos juros baixos, quem está em busca de maior retorno e diversificação precisa ter à mão a maior quantidade possível de investimentos, e isso inclui alternativas no exterior.
As plataformas de investimento de bancos e corretoras já oferecem uma série de produtos, a maior parte de gestores renomados.
Com US$ 1,9 trilhão sob gestão, a Pimco é uma das gigantes globais e também uma das primeiras a criar estruturas para investidores brasileiros aplicarem em seus fundos globais.
Você pode ter acesso à estratégia de renda fixa internacional da gestora pelos fundos Pimco Income e Pimco Income Dólar. A diferença básica entre eles é a que o primeiro conta com proteção cambial.
Infelizmente, ambos os fundos estão disponíveis apenas para investidores qualificados, que possuem pelo menos R$ 1 milhão em aplicações. Trata-se de uma restrição da CVM, e não da gestora. Confira as características e onde encontrar ambos os produtos:
Pimco Income FIC FIM IE
Aplicação mínima: R$ 25 mil
Taxa de administração total: 1,56% ao ano (sendo 0,93% do fundo local)
Resgate: 6 dias após o pedido
Data de início: 03/02/2016
Retorno desde o início: 52,75% (o equivalente a 125% do CDI até 17 de julho de 2020)
Por onde investir: Ágora, Andbank, Ativa Investimentos, BNP Paribas, Daycoval, Inter, Bradesco, BS2, BTG Pactual Digital, Consulenza, Geração Futuro, Guide, Indosuez, Itaú, Modalmais, Necton, Órama, PWI, RB Capital, Rico, Safra, Socopa, Terra Investimentos, Unicred, UNIFinance, Warren e XP Investimentos
Pimco Income Dólar FIC FIM IE
Aplicação mínima: R$ 25 mil
Taxa de administração total: 1,57% ao ano (sendo 0,93% do fundo local)
Resgate: 6 dias após o pedido
Data de início: 27/02/2019
Retorno desde o início: 48,47% (o equivalente a 707% do CDI até 17 de julho de 2020)
Por onde investir: Ágora, Daycoval, BTG Pactual Digital, Genial, PWI, Terra, Warren e XP Investimentos
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