Site icon Seu Dinheiro

Vale tem prejuízo de US$ 1,7 bilhão em 2019; provisões e despesas por Brumadinho chegam a US$ 7,4 bilhões

Barragem da Vale desaba em Brumadinho (MG)

Barragem da Vale desaba em Brumadinho (MG)

O rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), completou um ano no último dia 25 de janeiro. A tragédia, que deixou 259 mortos — outras 11 pessoas ainda estão desaparecidas — e provocou enormes danos ambientais à região, também mexeu profundamente com a Vale, responsável pelas instalações que ruíram.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E o balanço da mineradora em 2019 dá uma dimensão dos impactos financeiros que o desastre gerou à empresa: a Vale terminou o ano passado com um prejuízo líquido de US$ 1,7 bilhão — em 2018, a companhia obteve um lucro líquido de US$ 6,86 bilhões.

Boa parte desse resultado se deve aos eventos pós-Brumadinho. Ao todo, as provisões e despesas ligadas à ruptura da barragem somaram US$ 7,4 bilhões ao longo do ano passado — essa quantia já inclui a descaracterização de estruturas e acordos de reparação.

A tragédia trouxe ainda muitos outros impactos indiretos à Vale: paralisação em diversas barragens ao longo do ano, maiores despesas com segurança e manutenção e incertezas quanto ao ritmo de produção da mineradora, entre outros pontos.

Mesmo diante da complexidade desse cenário, a companhia ainda conseguiu fechar o ano com uma receita operacional líquida de US$ 37,6 bilhões, alta de 2,7% na comparação com 2018, impulsionada pela forte valorização de 34% nos preços do minério de ferro em 2019.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já o Ebitda — ou seja, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — recuou 36,2% em 2019 na comparação com 2018, chegando a US$ 10,6 bilhões, também fortemente impactado por Brumadinho. A margem Ebitda caiu de 45% para 28%.

Trimestre de perdas

No quarto trimestre de 2019, a Vale contabilizou mais US$ 1,1 bilhão em despesas relacionadas ao rompimento da barragem em Brumadinho. No entanto, esse não foi o único efeito extraordinário a impactar os números da mineradora no período.

A Vale precisou lançar um impairment de US$ 4,2 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, ligado aos ativos da Nova Caledônia e da mina de carvão de Moçambique — a mineradora encerrou as atividades no arquipélago no Pacífico e diminuiu sua participação no ativo africano.

Assim, a Vale registrou um prejuízo líquido de US$ 1,6 bilhão no quarto trimestre de 2019, revertendo o lucro de US$ 3,8 bilhão reportado há um ano — o resultado do trimestre e os volumosos impairments, assim, também foram decisivos para o resultado negativo no ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em termos de receita, a Vale divulgou um aumento de 1,6% na mesma base de comparação, para US$ 10 bilhões. O Ebitda, por outro lado, caiu 20,8%, para US$ 3,5 bilhões.

Dívida em queda

Nem tudo foi ruim no balanço da Vale. Do ponto de vista de administração de caixa e gestão do endividamento, a mineradora conseguiu mostrar evoluções importantes ao longo do ano passado.

A Vale gerou US$ 8,1 bilhões em fluxo de caixa livre em 2019, quantia que foi utilizada para pagar dívidas, recomprar compromissos futuros e aumentar o nível dos cofres da empresa, entre outros pontos.

Ao fim de 2019, a dívida líquida da mineradora era de US$ 4,88 bilhões, uma baixa de 8,3% em relação aos níveis vistos em setembro. Apesar disso, os níveis de alavancagem da Vale permaneceram inalterados em 0,5 vez.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Projeções

Em mensagem aos acionistas, a companhia diz permanecer positiva em relação à demanda de aço na China, em meio à recuperação dos investimentos em infraestrutura pelo país. Tal cenário tende a elevar os embarques de minério de ferro com destino ao gigante asiático, mantendo os preços da commodity em níveis altos.

No entanto, a Vale diz estar atenta aos riscos ligados ao coronavírus, que restringiram viagens e provocaram impactos no setores de serviços e fabricação de bens de consumo na China.

"O preço do minério de ferro pode ser impactado no curto prazo por tais incertezas e pelo sentimento geral, mas deve se recuperar, em resposta à atividade de reestocagem e políticas de estímulo"

Vale, em mensagem aos acionistas

Quanto às perspectivas para o mercado de carvão térmico, a Vale diz continuar enxergando uma tendência negativa — o níquel e o cobre, por outro lado, possuem dinâmicas mais saudáveis à frente, de acordo com a companhia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os investidores internacionais reagiram negativamente aos resultados da mineradora. Por volta de 20h50 (horário de Brasília), os recibos de ações (ADRs) da Vale operavam em baixa de 1,01% no after market de Nova York — uma espécie de prorrogação do pregão regular nos EUA.

Exit mobile version