O bilionário Elon Musk adora contrariar as previsões de Wall Street: num passado não tão distante, quando o CEO da Tesla falava mais abertamente sobre a empresa nas redes sociais, era comum vê-lo tripudiando de quem duvidava da companhia. E, a julgar pelos resultados financeiros da fabricante de automóveis elétricos no primeiro trimestre, a comemoração do executivo nesta quarta-feira (29) deve ir noite adentro.
Afinal, a Tesla conseguiu um feito inédito entre janeiro e março de 2020: reportou um lucro líquido de US$ 16 milhões — foi a primeira vez que a companhia conseguiu ficar no azul nos primeiro três meses de um ano, um período sazonalmente mais fraco para a empresa. No mesmo intervalo de 2019, a companhia reportou perdas de US$ 702 milhões.
Em termos ajustados, o lucro da Tesla chegou a US$ 227 milhões, muito acima da média das projeções de analistas consultados pela Bloomberg, que apontava para um prejuízo de US$ 50 milhões no trimestre.
A linha de receita líquida também bateu recordes para um início de ano, chegando a US$ 5,98 bilhões — uma alta de 32% na base anual e um resultado que também superou as expectativas do mercado, que giravam em torno de US$ 5,80 bilhões.
Como resultado desses números surpreendentemente fortes, as ações da Tesla (TSLA) disparavam no after market de Nova York — uma espécie de prorrogação do pregão regular. Por volta de 19h05 (horário de Brasília), os papéis da companhia tinham forte alta de 9,74%, a US$ 878,50, indicando que o mercado gostou do que viu no balanço.
Projeções otimistas
Dada a incerteza gerada com o surto de coronavírus, a empresa de Elon Musk diz estar revisando suas estimativas financeiras para 2020 — segundo a companhia, uma atualização nas projeções será divulgada ao longo do segundo trimestre.
No entanto, a fabricante de automóveis elétricos segue confiante no lado operacional: a Tesla manteve a previsão de entrega de mais de 500 mil veículos neste ano, mesmo levando em conta as paralisações em suas unidades por causa da pandemia.
A tarefa da Tesla não é nada simples: no primeiro trimestre deste ano, foram entregues 88,4 mil carros — um crescimento de 40% na base anual, mas que implica que deverão ser vendidos, em média, 137 mil veículos por trimestre até o fim de 2020 para que a meta seja atingida.
"Nas fábricas nos EUA, ainda é incerto o quão rápido nós e nossos fornecedores conseguirão acelerar a produção após a retomada das operações", diz a companhia, em mensagem aos acionistas. "Mas estamos coordenando de perto os trabalhos com cada fornecedor e governo associado"