Diante da forte queda das ações, que na mínima de hoje despencaram mais de 17%, os principais executivos da resseguradora IRB Brasil promoveram uma teleconferência com investidores para negar as contestações feitas pela gestora de fundos Squadra ao balanço da companhia.
A gestora carioca publicou no início do mês uma carta aos investidores na qual argumenta que os resultados da resseguradora não são sustentáveis.
A Squadra voltou à carga com uma nova publicação depois que executivos do IRB comentaram sobre os pontos questionados pela gestora em conferências com analistas na semana passada.
Hoje pela manhã a XP Investimentos decidiu retirar a recomendação de compra para as ações da empresa diante da falta de esclarecimentos.
A teleconferência não ajudou muito a apaziguar os ânimos entre os investidores. As ações (IRBR3) até chegaram a reduzir um pouco a queda, mas voltaram a ficar perto das mínimas e fecharam cotadas a R$ 33,01, queda de 16,49%.
Desde a publicação da primeira carta da Squadra, o IRB já perdeu mais de 1/4 do valor de mercado, o equivalente a pouco mais de R$ 11 bilhões.
"Estou chocado diante dos acontecimentos e negativamente surpreso. Não sou só eu, mas toda a empresa", afirmou o presidente do IRB, José Carlos Cardoso.
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Coube a Fernando Passos, vice-presidente executivo, financeiro e de relações com investidores, tratar dos pontos específicos questionados pela Squadra, que calcula uma diferença de R$ 1,5 bilhão entre o resultado contábil do IRB nos nove primeiros meses de 2019 e aquele que seria recorrente.
Dos seis itens que teriam inflado os resultados, o único que o diretor do IRB contestou com números foi o ganho estimado pela Squadra com a venda da participação no Minas Shopping.
Nas contas da gestora, essa operação teria elevado o lucro da companhia em R$ 119 milhões. Mas Passos disse que o ganho de capital na transação foi de apenas R$ 27 milhões.
Dupla auditoria
O diretor do IRB também negou a estimativa feita pela Squadra para a expectativa de ganho com compensações por sinistros que ainda não foram pagos, que teria elevado em R$ 605 milhões para o resultado da resseguradora.
Passos disse que o número correto será divulgado no próximo balanço da companhia, cuja divulgação está prevista para o próximo dia 18, após o fechamento dos mercados.
Ele reconheceu, contudo, que a reconciliação entre os dados divulgados pela companhia e os publicados pela Susep – método usado pela Squadra – pode levar a algum mal entendido. "A companhia vai fazer as normas de conciliação, para que inclusive o emissor da carta [Squadra] refaça as contas", disse.
O diretor afirmou que o resultado será auditado pela PwC e contará com uma segunda avaliação de uma das "big four" – que inclui Deloitte, E&Y e KPMG – especificamente na parte atuarial.
Ainda segundo Passos, o IRB trará no próximo balanço uma maior abertura dos dados e também das projeções para os resultados de 2020.