Cotações por TradingView
Estadão Conteúdo
Setores se movimentam

Insatisfeito com alíquota de 12%, setor de serviços ameaça travar a reforma tributária

O texto do governo prevê a fusão de dois impostos federais: PIS e Cofins. Atualmente algumas empresas pagam esses impostos num sistema complexo, que permite a cobrança em várias etapas da produção

Moeda Nacional, Real, Dinheiro, notas de real
Imagem ilustrativa - Imagem: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Um dia depois do envio do projeto de reforma tributária, lideranças do setor de serviços em peso bateram na porta do ministro da Economia, Paulo Guedes, para pedir mudanças na proposta. Insatisfeitos com a alíquota de 12% para a Contribuição Social sobre Operações com de Bens e Serviços (CBS) - tributo que será criado pela unificação do PIS/Cofins)-, as empresas querem uma compensação com a desoneração da folha de pagamentos (redução nos encargos que pagam sobre os salários dos funcionários) e ameaçam trabalhar para travar a reforma tributária.

Eles contam com o poder de pressão do setor, que representa 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega 50 milhões de pessoas, no Congresso e não aceitam o avanço da proposta com a desoneração para depois.

O texto do governo prevê a fusão de dois impostos federais: PIS e Cofins. Atualmente algumas empresas pagam esses impostos num sistema complexo, que permite a cobrança em várias etapas da produção. Agora a ideia é cobrar o imposto uma única vez, sobre o todo o dinheiro gerado com bens e serviços.

Diferentemente da indústria, o setor de serviços não tem muitas etapas de produção e é formado basicamente por mão de obra. Por isso, não tem espaço para abater os impostos em fases anteriores da produção. Em média, o setor paga 4,5%, abaixo dos 12% que prevê a alíquota unificada.

A lista de atividades de empresas do setor de serviços que devem observar um aumento na carga tributária inclui clínicas médicas, telecomunicações, escolas, telemarketing, plataformas digitais, hotelaria, entre outros. Caso a primeira etapa da reforma tributária seja aprovada como propôs o governo, a indústria poderá se beneficiar de mais deduções via crédito; serviços devem ter aumento da carga tributária e plataformas digitais devem ser mais tributadas.

Na reunião por videoconferência, que durou mais de duas horas, Guedes, segundo relato de participantes, fez uma defesa eloquente da ampliação da base tributária com a criação de novo imposto para substituir o que chamou de “imposto criminoso sobre trabalho”. A maioria dos empresários do setor defende a recriação da CPMF para bancar a desoneração e o ministro tem aproveitado esse apoio para angariar apoio ao novo tributo que pretende propor ao Congresso no mês que vem. Parlamentares contrários à volta da CPMF veem com desconfiança os movimentos do ministro.

Na reunião, um dos empresários sugeriu ao ministro ampliar a base da CPMF para incluir, por exemplo, transações interbancárias e mercado de capitais. Guedes respondeu que "não se pode ir tão longe".

Peso dos tributos. Para o presidente executivo do SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, a proposta que promove a unificação do PIS e da Cofins trouxe simplificações importantes, mas poderá implicar aumento de cerca de dois pontos porcentuais em uma carga tributária que já é elevada (46,7% em 2019) - a maior tributação de banda larga entre os 20 maiores mercados do mundo.

Para ele, a proposta prejudica o consumidor e a expansão do acesso da população aos serviços de telecomunicações, essencial no cotidiano dos brasileiros e para o desenvolvimento econômico, especialmente no momento de retomada pós-pandemia. Ferrari também disse que esse aumento dificulta a digitalização e prejudica a implantação do 5G no Brasil.

O vice-presidente da Confederação Nacional de Serviços, Luigi Nese, disse que representantes dos setores falaram abertamente da necessidade da desoneração devido à alíquota de 12%. Segundo ele, o setor tem influencia no Congresso e pode travar a discussão da reforma: "Eu acho que deve travar a discussão, porque a carga é excessiva."

"O que surgiu da conversa é uma espécie de um consenso em torno da desoneração para que a reforma tributária seja uma reforma que de fato contribua para que o Brasil", disse o presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), Sergio Paulo Gallindo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

DE OLHO NAS REDES

A Faria Lima está torcendo contra Lula? Para 95% do mercado, déficit zero é missão impossível e quase metade dos gestores rejeita o governo atual — Haddad também vai mal

21 de setembro de 2023 - 19:21

Que a Faria Lima não vai muito com a cara do Lula não é novidade. E, agora, a relação delicada entre os dois ganhou um novo capítulo: quase metade do mercado se declara pessimista com a gestão petista, de acordo com pesquisa da Genial/Quaest divulgada na última terça-feira (19). A proporção do mercado financeiro que […]

DE OLHO NAS REDES

Nova tesourada de Campos Neto não quer dizer que é hora de fugir da renda fixa — veja como ainda é possível ter um rendimento de dois dígitos ao ano com investimentos conservadores

21 de setembro de 2023 - 16:55

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu mais uma vez a taxa básica de juros na última quarta-feira (20), de 13,25% para 12,75% ao ano — uma queda de 0,50 ponto percentual, já amplamente esperada pelo mercado. Para o investidor pessoa física, o novo corte nos juros significa que os investimentos de renda […]

FINANÇAS

Crédito mais barato: Caixa e Banco do Brasil cortam juros para pessoas físicas e empresas após redução na Selic pelo Copom; veja as novas taxas

21 de setembro de 2023 - 8:15

Para o presidente da Febraban, a redução da Selic indica um mercado de crédito menos pressionado à frente, com “menor pressão das condições financeiras e da inadimplência”

LOTERIAS

Mega-Sena oferece prêmio grandão hoje; Lotofácil e Quina também estão acumuladas

21 de setembro de 2023 - 5:52

Prêmio da Mega-Sena pode chegar a R$ 35 milhões na faixa principal — isso se alguém acertar sozinho ou sozinha

MAIS MEIO PONTO

Campos Neto segue o “plano de pouso”: Copom reduz Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano e antecipa novos cortes “na mesma magnitude”

20 de setembro de 2023 - 18:41

Ao contrário da última reunião, quando os diretores do BC se dividiram sobre o tamanho da redução da Selic, desta vez a decisão foi unânime

DE OLHO NAS REDES

Campos Neto não recebeu os sinais que precisa para corte de 0,75 pp na Selic hoje – mas queda do juros ainda pode surpreender daqui para frente, enxerga economista

20 de setembro de 2023 - 17:12

No mais recente episódio do podcast Touros e Ursos, nossa equipe de repórteres especiais conversou com a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, para entender o que esperar da política monetária até o final deste ano. Será que existem chances de o Banco Central acelerar os cortes na Selic? A maior parte do mercado acredita que o […]

DE OLHO NAS REDES

Banco central pode não conseguir ‘bancar’ cortes mais severos na Selic e aqui estão os culpados, de acordo com economista; veja

20 de setembro de 2023 - 16:22

Chegamos a mais uma Super Quarta, como são apelidadas as quartas-feiras em que são anunciadas as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Após o banco central norte-americano bater o martelo e interromper mais uma vez a alta dos juros, agora a expectativa se volta para a reunião do Comitê de Política Monetária […]

MORADIAS PELO MUNDO

O que coloca São Paulo e Nova York na mesma faixa de risco de se transformarem em bolha imobiliária

20 de setembro de 2023 - 15:21

Segundo a edição deste ano do Índice Global de Bolha Imobiliária do UBS, os desequilíbrios dos mercados imobiliários mundiais diminuíram em 2023

OLHA O BREQUE

Em decisão unânime, Fed mantém taxa de juros no EUA no maior nível em mais de 20 anos, mas sinaliza nova alta ainda este ano

20 de setembro de 2023 - 15:02

Analistas de mercado já esperavam a manutenção da taxa de juros pelo Fed, o banco central dos EUA, na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano

AGORA VAI?

Investidores mantêm otimismo com a bolsa, mas veem Ibovespa no máximo em 130 mil pontos no fim do ano, segundo pesquisa XP

20 de setembro de 2023 - 14:30

Cenário no mercado ainda exige cautela com renda variável, mas expectativas com a bolsa crescem em 98%

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies