Se o governo brasileiro quiser ver o pacto comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) ser sacramentado, será preciso dar atenção à questão climática.
Em comunicado após reunião ministerial informal com os representantes do bloco sul-americano, ocorrida na segunda-feira, a Comissão Europeia informou que o respeito ao Acordo de Paris, que estabelece metas para a emissão de carbono e de desenvolvimento sustentável, está entre os requisitos chave para estabelecer a criação de um tratado de livre comércio.
Estiveram reunidos ontem o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, o Alto Representante da União Europeia Josep Borell, bem como ministros da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, entre eles o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.
Segundo a declaração, "os dois lados, UE e Mercosul, expressaram a convicção de que a cooperação para estabelecer condições ideais para entrada no acordo irá aumentar o potencial para contribuição nos objetivos compartilhados de desenvolvimento sustentável, observando os princípios e guias para a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável".
"O processo e as ações de aumento no diálogo de políticas públicas devem focar, em particular, nas áreas de preocupação pública do acordo, inclusive no desmatamento", completou o texto.
Tema espinhoso
O Mercosul e a UE assinaram, no ano passado, um acordo para criar uma área de livre comércio entre os dois blocos. Se concretizado, ele vai unir o equivalente a 25% da economia mundial, produzindo um mercado de 780 milhões de pessoas.
No entanto, o tema ambiental tem sido um dos principais entraves para o fechamento do tratado. No momento em que as queimadas na floresta amazônica estavam em seu ponto alto, em agosto, o governo da França anunciou que se opunha ao acordo de livre comércio. A Finlândia, que acumula a presidência rotativa da UE, chegou a pedir o veto à compra de carne bovina brasileira.
Em junho, a maioria dos deputados do parlamento da Holanda aprovou uma moção contra a ratificação do acordo comercial com o Mercosul, citando a questão ambiental.
Não ajuda nada o caso brasileiro o anúncio feito pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na terça-feira passada (8), de que o Brasil vai zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2060, dez anos depois do anunciado pela maioria das nações.
As novas propostas preveem ainda que o País pode chegar a 2030 emitindo 400 milhões de toneladas desses gases a mais do que o objetivo original, de acordo com a ONG Observatório do Clima.
* Com informações da Estadão Conteúdo.