Ajuste positivo: impulsionado por Magazine Luiza e B2W, Ibovespa sobe mais de 1% após feriado
Índice compensou exterior positivo de ontem e chegou a flertar com 99 mil pontos; dólar também registrou ganhos com aversão ao risco lá fora
O Ibovespa conseguiu sustentar alta firme na sessão desta terça-feira (13), em ajuste ao feriado de Nossa Senhora Aparecida, quando os mercados locais estiveram fechados e as bolsas globais tiveram um dia de alta consistente.
O principal índice acionário da B3 chegou a atravessar uma série de oscilações, mas se firmou no terreno positivo no início da tarde e fechou em avanço de 1,05%, aos 98.502,82 pontos.
Na máxima, o Ibovespa chegou a flertar com os 99 mil pontos, avançando 1,55%, para 98.998,47 pontos, sem conseguir manter o patamar.
Após os ganhos firmes de segunda, as bolsas americanas iniciaram o dia com um tom menos positivo, o que até chegou a limitar o otimismo por aqui, e fecharam em queda.
Por lá, os agentes financeiros ponderaram uma pesada bateria de balanços corporativos e notícias frustrantes sobre os testes de vacinas para o coronavírus, além da falta de visibilidade sobre novos estímulos fiscais.
Enquanto isso, a bolsa brasileira não estava "nem aí" para a performance das bolsas americanas hoje: repercutiu antes de tudo o desempenho positivo de ontem desses índices.
"Se olhar só para hoje, estamos descolados do exterior negativo, mas ontem foi feriado e o que ocorre é um ajuste", diz Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, escritório de investimentos filiado à XP Investimentos.
Para seguir o bom humor da véspera, Ibovespa se beneficiou especialmente das performances de duas varejistas que têm ido muito bem, obrigado, em 2020: B2W e Magazine Luiza foram as duas maiores altas percentuais hoje.
"Acompanham o desempenho positivo de ontem e de hoje das empresas de tecnologia listadas nos EUA, diante da expectativa de lançamento do iPhone 5G da Apple e o Amazon Prime Day", diz Paloma Brum, analista de ações da Toro Investimentos.
No ano, os papéis de ambas as companhias acumulam alta de 74% e 119%, respectivamente.
Top 5
O setor do varejo no geral foi bem hoje, com altas superiores a 2% de papéis como Via Varejo e Lojas Americanas. Ações de exportadoras como Marfrig e BRF se aproveitaram da alta do dólar e também marcaram dia positivo no índice. Confira as maiores alta de hoje:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
BTOW3 | B2W ON | R$ 95,02 | 6,73% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 104,00 | 5,96% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 14,87 | 4,72% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 48,86 | 4,00% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 18,09 | 3,67% |
Veja também as maiores quedas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO | VARIAÇÃO |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 6,49 | -2,99% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 26,65 | -2,63% |
MRVE3 | MRV ON | R$ 17,84 | -2,19% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 66,30 | -2,00% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 71,75 | -1,64% |
Bolsas em NY caem
Depois da sessão positiva de ontem, as bolsas americanas abriram mistas hoje e terminaram exibindo sinais negativos.
No fim do dia, o S&P 500 recuou 0,58%, e o Dow Jones, 0,53%. A Nasdaq, por sua vez, terminou o pregão perto da estabilidade.
Os balanços trimestrais de JP Morgan e Citigroup vieram melhores do que o esperado por analistas — o JP, inclusive, mostrou números ainda melhores do que os vistos no mesmo período do ano passado. O CEO do bancão, James Dimon, no entanto, vê que a economia pode piorar sem estímulos do governo.
Enquanto isso, a Delta Air Lines registrou um prejuízo multibilionário e uma queda vertiginosa da receita no terceiro trimestre, demonstrando o alcance dos impactos do coronavírus nos negócios das empresas do setor aéreo.
A semana traz ainda mais nomes pesados para o mundo corporativo dos EUA, como outros grandes bancos, o que deve influenciar o sentimento de investidores ao redor do mundo todo.
Já a Johnson & Johnson, apesar do balanço positivo, tem as ações negativamente impactadas pela notícia de que teve de paralisar os testes clínicos com a vacina contra covid-19.
Em meio às notícias corporativas, permanece a incerteza a respeito de um novo pacote fiscal, com o impasse a respeito de uma nova rodada de estímulos entre democratas e republicanos.
Dólar sobe com aversão ao risco
A moeda americana teve alta forte hoje em relação ao real, marcando um avanço de 0,94%, para R$ 5,5783.
A divisa até chegou a operar em baixa no início da sessão, mas não segurou o movimento positivo e, em linha com a aversão ao risco vista nas bolsas americanas, passou a subir.
Na máxima, o dólar alcançou ganho de 1,80%, para R$ 5,6260.
O Dollar Index (DXY), índice que compara o dólar a uma cesta de moedas entre as quais estão euro, libra e iene, subiu 0,5% hoje, indicando a valorização global da divisa.
"Hoje tem deterioração do sentimento no exterior", diz Cleber Alessie, operador de câmbio da Commcor.
Juros caem e previsão de inflação sobe
Aqui no Brasil, saiu hoje pela manhã a nova edição do Boletim Focus do Banco Central, que mostrou um aumento na expectativa para a inflação em 2020.
A mediana das projeções agora é de 2,47%, acima dos 2,12% do boletim divulgado na semana passada. A piora acontece depois de o IPCA alcançar 0,64% em setembro, maior resultado para o mês desde 2003.
Os juros futuros dos contratos de depósitos interbancários apresentam alívio geral hoje na B3, sob a visão de que a falta de novas notícias no front fiscal dá aos investidores relativa calmaria.
"A gente teve um fim de semana ausente de notícias fiscais", diz Patricia Pereira, gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, afirmando que isso influencia sensivelmente a ponta longa da curva, que é a que mais cai hoje.
A gestora cita ainda a ação coordenada entre Banco Central e Tesouro Nacional para encurtar os vencimentos de ofertas de títulos públicos como um paliativo, uma vez que é a âncora fiscal a principal determinante da performance das taxas.
Na sexta pós-mercado, BC e Tesouro anunciaram a mudança na oferta sentindo a redução da demanda por liquidez no curto prazo. As LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), títulos pós-fixados, com prazo para 2022 passarão a ser ofertadas semanalmente, enquanto as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional), também pós-fixadas, serão emitidas com vencimento em 2023 para algumas datas.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que os investidores têm demandado menos LFTs e exigido prêmios maiores pelos títulos.
Uma das principais gestoras independentes de fundos do mercado, a SPX vê que a questão fiscal continuará a pesar sobre o risco dos títulos públicos e sobre a curva de juros pré-fixada. Leia a nossa reportagem completa.
Confira o desempenho de algumas taxas:
- Janeiro/2021: estável em 1,98%
- Janeiro/2022: de 3,24% para 3,21%
- Janeiro/2023: de 4,68% para 4,59%
- Janeiro/2025: de 6,57% para 6,41%
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