Dólar perde força e vira para leve queda; Ibovespa tem sessão instável
Os ativos brasileiros têm uma sessão bastante volátil, com os investidores mudando rapidamente de posição em meio às diversas incertezas que permanecem no horizonte

A volatilidade típica dos momentos de incerteza elevada se faz presente na sessão desta quinta-feira (14). Após chegar aos R$ 5,97 mais cedo, o dólar à vista foi perdendo força e, neste meio de tarde, já opera no campo negativo; o Ibovespa se afastou das mínimas e tenta se firmar em alta, mas ainda atravessa bastante turbulência.
Por volta de 15h30, o dólar à vista recuava 0,48%, a R$ 5,8723, depois de tocar os R$ 5,9718 na máxima (+1,20%) — um novo recorde nominal em termos intradiários. Lá fora, a divisa americana também perdeu força em relação às demais moedas de países emergentes, mas o real se destaca na comparação com os pares.
Na bolsa, o Ibovespa chegou a cair 2,67% mais cedo, aos 75.696,95 pontos. O índice ganhou terreno ao longo do dia, indo aos 78.390,01 pontos na máxima (+0,79%) — agora, tem leve alta de 0,25%, aos 77.967,74 pontos.
- Eu gravei um vídeo para explicar um pouco da dinâmica dos mercados brasileiros nesta quinta-feira. Veja abaixo:
Essa melhoria dos ativos domésticos ocorreu em linha com o fortalecimento dos mercados internacionais: nas bolsas, o Dow Jones (+0,80%) e o S&P 500 (+0,22%) viraram para alta; nas commodities, o petróleo WTI (+8,54%) e o Brent (+6,58%) aceleraram os ganhos.
Mas não há um grande catalisador para essa mudança de rumo lá fora. Trata-se mais de um movimento de ajuste e correção, considerando as perdas recentes nas bolsas — e as notícias de que há esforços mais intensos para a reabertura das economias da Europa e dos EUA surge como pretexto para os compradores atuarem.
Isso não quer dizer, no entanto, que o clima esteja melhorando de maneira concreta no exterior. As declarações dadas ontem pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmando que uma recessão mais forte ainda está porvir no país e descartando a adoção de juros negativos, elevaram a aversão ao risco entre os investidores.
Leia Também
E mesmo a reabertura econômica é fonte de estresse, considerando que a China e outros países asiáticos começam a registrar novos casos do coronavírus — assim, cresce o temor quanto a uma 'segunda onda' da doença na região e a um fenômeno semelhante no Ocidente.
No câmbio, o dólar à vista já tinha passado por uma primeira fase de alívio ainda durante a manhã: assim que a moeda tocou os R$ 5,97, o Banco Central convocou um leilão extraordinário de swap cambial no montante de até R$ 1 bilhão, de modo a injetar recursos novos no sistema.
A operação afastou a divisa das máximas, mas não foi suficiente para provocar uma virada do dólar ao campo negativo — o que ocorreu apenas durante a tarde, com o alívio externo.
Tensão contínua
No Brasil, o clima em Brasília permanece sem grandes alterações: a turbulência tornou-se o novo normal. Por lá, segue a expectativa quanto à divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 — um material cujo conteúdo pode ter implicações negativas ao presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, também continua a novela do veto presidencial ao reajuste de servidores, previsto na PEC do auxílio financeiro emergencial a Estados e municípios — Bolsonaro tem sinalizado desde a semana passada que irá barrar o aumento, mas, até agora, não há uma decisão oficial.
Nesse ambiente cheio de incertezas, é natural que os investidores assumam uma postura mais defensiva, aguardando maior visibilidade no cenário político — e, para os mercados, isso implica em busca por dólares para proteção e diminuição das posições em bolsa, de modo a evitar uma exposição desnecessária ao risco.
Juros avançam
Considerando os níveis ainda elevados do dólar e a sinalização de que o BC americano não vai mais cortar juros, os DIs curtos operam em leve alta — os longos, por outro lado, têm perdas moderadas.
Trata-se de um movimento de ajuste às condições desfavoráveis ao mercado brasileiro: a perspectiva de diminuição do diferencial nas taxas em relação aos EUA, num cenário de dólar já bastante estressado, faz os investidores reduzirem as apostas quanto à magnitude do próximo corte na Selic:
- Janeiro/2021: de 2,64% para 2,65%;
- Janeiro/2022: de 3,64% para 3,67%;
- Janeiro/2023: de 4,91% para 4,89%;
- Janeiro/2025: de 6,88% para 6,85%.
Agenda cheia
No front corporativo, diversas empresas que fazem parte do Ibovespa reportaram seus números trimestrais desde a noite de ontem. Em destaque, aparece Azul PN (AZUL4), em baixa de 5,70% — a empresa fechou o período com um prejuízo líquido de R$ 6,1 bilhões.
Já Via Varejo ON (VVAR3) apresenta uma reação tímida ao balanço trimestral: a ação tem alta de 0,77%, após a companhia reverter o prejuízo reportado há um ano e encerrar os primeiro três meses de 2020 com lucro líquido de R$ 13 milhões.
Outras companhias que integram o índice, como GPA e Ultrapar, também divulgaram seus números — veja aqui um resumo dos resultados.
Confira abaixo as cinco maiores altas do Ibovespa nesta quinta-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
CSNA3 | CSN ON | 8,33 | +10,77% |
UGPA3 | Ultrapar ON | 14,56 | +8,01% |
BRDT3 | BR Distribuidora ON | 18,45 | +6,65% |
CYRE3 | Cyrela ON | 13,41 | +6,51% |
CMIG4 | Cemig PN | 8,43 | +6,44% |
Veja também as maiores quedas do índice no momento:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
SULA11 | SulAmérica units | 36,63 | -9,96% |
PCAR3 | GPA ON | 59,51 | -6,87% |
SUZB3 | Suzano ON | 47,32 | -6,46% |
AZUL4 | Azul PN | 11,59 | -5,70% |
PETR3 | Petrobras ON | 17,40 | -4,03% |
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal