BC entra no jogo, traz alívio ao câmbio e faz o dólar cair a R$ 4,33; Ibovespa fecha em baixa
Declarações do ministro Paulo Guedes trouxeram estresse ao mercado durante a manhã e fizeram o dólar bater os R$ 4,38 mais cedo, um novo recorde nominal em termos intradiários. Em meio à tensão, o Banco Central convocou um leilão de swap cambial, tirando pressão do dólar
Tudo parecia encaminhado para a sexta alta consecutiva do dólar à vista. No exterior, o clima era de tensão com o coronavírus e, no Brasil, o cenário era igualmente pesado, em meio às declarações polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes.
E, na abertura da sessão desta quinta-feira, esse diagnóstico mostrou-se verdadeiro: logo nos primeiros minutos, o dólar à vista começou a subir forte, batendo os R$ 4,3830 na máxima (+0,74%) — um novo recorde nominal em termos intradiários.
Foi a deixa para o Banco Central (BC) arregaçar as mangas e entrar no jogo.
Ao ver a moeda americana disparar rumo aos R$ 4,40, a autoridade monetária finalmente atuou no mercado de moedas, convocando um leilão extraordinário de swap cambial no valor de US$ 1 bilhão — uma operação que, na prática, servia para injetar recursos novos nas negociações.
Ao aumentar a disponibilidade da divisa, o BC equilibrou a equação entre oferta e demanda por dólares, reduzindo a pressão compradora. Mas, mais que isso: a autoridade deu um sinal de que está atenta às oscilações do câmbio e que não vai deixar o real se desvalorizar demais.
A sinalização, assim, acalmou os ânimos dos investidores e fez o dólar perder força num estalar de dedos. Em questão de minutos, a divisa americana se afastou das máximas e virou ao campo negativo — de onde não mais saiu.
Leia Também
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Gestora aposta em ações 'esquecidas' do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Ao fim da sessão, o dólar à vista caiu 0,39%, a R$ 4,3339 — um nível ainda bastante elevado, mas que, ao menos, não representa mais uma máxima nominal.
O comportamento do mercado doméstico de câmbio chama a atenção porque, no exterior, o dia foi de valorização do dólar em relação às demais divisas de países emergentes, como o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano.
Afinal, a sessão desta quinta-feira foi marcada por uma maior aversão ao risco lá fora, em meio ao aumento súbito nos casos de coronavírus na China — um noticiário que também afetou os mercados acionários.
Por aqui, o Ibovespa fechou em queda de 0,87%, aos 115.662,40 pontos; nos Estados Unidos, o Dow Jones (-0,43%), o S&P 500 (-0,16%) e o Nasdaq (-0,14%) recuaram em bloco; na Europa e na Ásia, as principais praças também terminaram no vermelho.
Tensão com o coronavírus
O grande foco de apreensão entre os investidores globais nesta quinta-feira foi o salto no número de contaminados pelo coronavírus na China, após uma revisão na metodologia para o diagnóstico da doença.
Ontem, os dados oficiais davam conta de cerca de 45 mil pessoas infectadas, mas, hoje, esse número já está acima de 60 mil. Os óbitos também aumentaram subitamente: agora, são mais de 1.300 pessoas mortas — até ontem, eram pouco mais de mil.
Esse aumento expressivo jogou por terra a percepção de que o surto de coronavírus estava perdendo força, e que, consequentemente, os impactos da doença à economia global seriam diminutos.
Com esses números em mente, os investidores voltaram a assumir uma postura mais defensiva — ou seja: diminuíram a exposição ao mercado de ações e aumentaram a busca por opções mais seguras, comprando dólares.
O mercado doméstico de câmbio, assim, conseguiu destoar do exterior graças à atuação do Banco Central, que trouxe alívio à disparada da moeda americana por aqui.
Mal estar
"Todo mundo indo pra Disneylândia. Empregada doméstica indo para a Disneylândia. Uma festa danada"
Paulo Guedes, ministro da Economia
A declaração, obviamente, gerou imenso mal estar em Brasilia — o ministro referia-se ao nível mais elevado do dólar, ao defender que combinação entre juros em queda e desvalorização do real era positiva e que, no passado, a moeda americana mais barata trouxe consequências negativas ao país.
Imediatamente, houve uma enorme repercussão negativa nas redes sociais — no Twitter, os assuntos "Paulo Guedes" e "Caco Antibes" estiveram entre os mais discutidos pelos usuários brasileiros. Vale lembrar que, na semana passada, Guedes já havia gerado polêmica ao chamar servidores públicos de 'parasitas'.
Juros em alta
As curvas de juros fecharam em alta nesta quinta-feira, devolvendo parte das baixas acumuladas nos últimos dias. Veja abaixo como ficaram os principais DIs hoje:
- Janeiro/2021: de 4,22% para 4,26%;
- Janeiro/2023: de 5,37% para 5,40%;
- Janeiro/2025: de 6,03% para 6,07%;
- Janeiro/2027: de 6,39% para 6,44%.
Suzano se recupera
As ações ON da Suzano (SUZB3) subiram 3,25% e apareceram entre os destaques positivos do Ibovespa, com o mercado reagindo positivamente ao balanço da companhia no quarto trimestre de 2019.
A companhia reportou lucro líquido de R$ 1,2 bilhões nos três últimos meses do ano passado, uma queda de 61% na base anual — o resultado, no entanto, representa uma reversão em relação às perdas de R$ 3,46 bilhões registradas no terceiro trimestre de 2019.
O dado que agradou os investidores, no entanto, foi a redução nos estoques de celulose, que superou as expectativas dos analistas e abriu a possibilidade de uma dinâmica de preços mais favorável em 2020.
Top 5
Veja as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa hoje:
- Usiminas PNA (USIM5): +4,97%
- Marfrig ON (MRFG3): +4,82%
- B2W ON (BTOW3): +3,38%
- Suzano ON (SUZB3): +3,25%
- BTG Pactual units (BPAC11): +2,58%
Confira também as maiores quedas do índice:
- Fleury ON (FLRY3): -3,49%
- Braskem PNA (BRKM5): -3,23%
- IRB ON (IRBR3): -2,67%
- Rumo ON (RAIL3): -2,62%
- Gol PN (GOLL4): -2,48%
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações de risco no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
