Ela já deixou o brasileiro de cabelo em pé no passado, mas ultimamente parece até meio esquecida. Eu estou falando da inflação, o dragão que nos atormentou nos anos 1980 e 1990, mas que hoje parece até uma lagartixa, de tão comportada. Mas alta ou baixa, a inflação sempre deve ser considerada, não só na hora de planejar os gastos, mas também na hora de investir. No vídeo a seguir, eu explico como a inflação se relaciona com os seus investimentos:
Leia a seguir a transcrição do conteúdo do vídeo sobre a inflação e os seus investimentos
A inflação é a alta generalizada e contínua dos preços numa região, num determinado período de tempo. Por causa da nossa herança inflacionária, o Brasil conta com diversos indicadores para mensurar esse fenômeno, mas o mais importante deles é o IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo. O IPCA é considerado o índice de inflação oficial.
A inflação reduz o poder de compra da moeda com o tempo e pode ser considerada uma medida de desvalorização do dinheiro. Ela está muito relacionada com o nível de atividade econômica e a lei de oferta e demanda.
Para controlar a quantidade de moeda em circulação, o nível de atividade econômica e a inflação, o Banco Central costuma mexer na taxa básica de juros, a Selic. Inflação alta pode levar o BC a elevar os juros, enquanto uma inflação mais baixa e controlada dá espaço pra redução dos juros. Eu já expliquei melhor essa dinâmica neste outro vídeo.
Como a inflação corrói o valor do dinheiro com o tempo, é fundamental escolher investimentos que sejam capazes de, pelo menos, repor essa desvalorização. Em outras palavras, eles precisam, no mínimo, preservar o poder de compra das suas reservas. Ainda que você não veja o seu saldo diminuir, se o seu rendimento for menor que a inflação, na prática isso significa que você está perdendo dinheiro. Afinal, você está perdendo poder de compra.
Mas o ideal mesmo é que a rentabilidade do investimento seja capaz de superar a inflação no prazo que você dispõe para investir. Essa rentabilidade acima da inflação, que nós chamamos de retorno real, é o que realmente faz o seu patrimônio crescer e te deixa mais rico.
Por sinal, mais importante do que olhar pra inflação e juros separadamente é olhar pro juro real da economia, a diferença entre os dois indicadores. Quanto maior o juro real, maior a diferença positiva entre juros e inflação e mais fácil é ganhar dinheiro com os investimentos tradicionais de renda fixa, já que a remuneração dessas aplicações guarda relação direta com a taxa básica de juros.
Em cenários de inflação descontrolada, com muita incerteza, uma boa pedida pode ser optar por investimentos que ofereçam proteção contra a inflação, como os títulos de renda fixa pública e privada com rentabilidade atrelada ao IPCA, além de imóveis e fundos imobiliários, cujos aluguéis são corrigidos por índices de preços.
Mas em tempos de inflação controlada, as preocupações são outras. Por exemplo, se o juro real estiver muito alto e a atividade econômica estiver muito fraca, pode ser que haja espaço para o Banco Central baixar os juros, de forma a incentivar o crescimento. Isso beneficia os investimentos que se valorizam quando os juros caem, como os ativos de risco e aqueles títulos que têm parte ou a totalidade da sua remuneração prefixada.
Já se o juro real estiver baixo e a atividade econômica estiver aquecida, pode ser que o Banco Central aumente a Selic para a inflação não disparar. Isso acaba beneficiando os investimentos que têm remuneração atrelada às taxas de juros, como o Tesouro Selic e os fundos DI.
Mas e se a inflação estiver baixa e a atividade continuar fraca? Isso é o que vem acontecendo no Brasil. Nesse caso, pode ser que a Selic continue caindo a ponto de os juros reais ficarem negativos. Isso mesmo: juro menor que a inflação, um cenário de grande estímulo econômico. Nesse caso, a renda fixa começa a perder da inflação, servindo mesmo só para reserva de emergência. De resto, o melhor é se voltar pra ativos de risco e fundos com maior capacidade de buscar retornos positivos em termos reais.
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