Um dia após perder Coaf, Moro ganha afago discreto de Bolsonaro
Moro não ocupou a mesa principal no palco do evento e passou quase despercebido na solenidade, que reuniu outros ministros
Um dia após sofrer derrota no Congresso, com a volta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que luta para ter o conselho em sua pasta, recebeu um discreto afago do presidente Jair Bolsonaro, durante a solenidade de lançamento da pedra fundamental da Ponte de Integração Brasil-Paraguai, nesta sexta-feira, 10, em Itaipu. "Ícone do Brasil", disse o presidente ao citar o ministro.
Moro não ocupou a mesa principal no palco do evento e passou quase despercebido na solenidade, que reuniu outros ministros, como o da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque. Sentado na fileira de frente do público convidado, ele não foi citado pelo cerimonialista oficial na abertura da solenidade. Também não teve o nome lembrado no início do discurso do diretor-geral da Itaipu Binacional, general Joaquim Silva Luna, o primeiro a discursar. A assessoria do presidente informou que apenas os ministros que tinham relação com o evento foram chamados à mesa principal.
Em um discurso de menos de 5 minutos, o presidente elogiou os militares, atacados pela ala de seu governo influenciada pelo escritor Olavo de Carvalho. Ao se referir à sua condição de presidente paraquedista, como o é também o presidente do Paraguai, Mário Abdo Benitez, ele lembrou que, no passado "os presidentes militares nos legaram grandes obras". A primeira ponte ligando Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, foi construída há 54 anos pelos respectivos governos militares da época, Castelo Branco e Alfredo Stroessner.
Bolsonaro lembrou que, durante sua passagem pelo Exército, fez muitos amigos paraguaios e tem grande estima pelo país vizinho. "Uns têm uma camisa paraguaia, outros um relógio, eu tenho um coração", afirmou. No rápido discurso, ele voltou a criticar governos anteriores. "Como é bom estar à frente de um país onde aquelas velhas ideologias foram deixadas para trás. Como é bom ter país vizinho e amigo como este do Estado do Paraguai. Junto somamos forças, proporcionando dias melhores para nossos povos. Para nós, políticos, não existe prêmio maior que a sensação do dever cumprido."
O presidente paraguaio destacou a amizade e a parceria entre os dois países, lembrando que a única ponte entre Brasil e Paraguai está saturada. "Não é só o início de uma obra que esperamos há muito tempo. As pessoas não acreditavam mais, depois de 30 anos desse projeto, que a ponte fosse sair. Estamos vencendo a apatia cultural que envolve a frustração e o pessimismo." Conforme o diretor-geral, os custos de quase R$ 500 milhões serão cobertos, proporcionalmente, pela Itaipu-Binacional, mas não haverá repasse para as tarifas de energia.
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