Hoje é dia 14/3. Ou 3/14, na forma adotada nos Estados Unidos. Não por acaso, é também o dia do número matemático Pi, que equivale a (aproximadamente) 3,14. E menos acaso ainda foi a escolha da data para o lançamento da Pi, a plataforma de investimentos do Santander.
Eu estive nesta quinta-feira na entrevista coletiva que marcou o lançamento oficial da Pi, que está disponível nas lojas de aplicativos de celular e no site www.vemprapi.com.br.
O Santander chega com certo atraso em um mercado que enfrenta uma concorrência entre as plataformas independentes e as grandes instituições financeiras, onde ainda estão concentrados os recursos da maior parte dos investidores. O plano é conquistar pelo menos 1 milhão de clientes em um prazo de três a quatro anos.
Para chegar lá, a Pi aposta em dois diferenciais em relação às plataformas existentes no mercado. Além de ter uma prateleira de produtos com fundos e aplicações como CDBs, LCI, LCA e outros, a Pi vai oferecer também o serviço de gestão de carteiras de gestores que hoje atuam apenas para clientes multimilionários, do segmento private dos bancos e dos chamados "family offices".
"O conceito de democratização parece batido, mas hoje o investidor não consegue montar uma carteira de excelência", disse Felipe Bottino, CEO da Pi.
As carteiras da corretora serão montadas com base em objetivos, como aposentadoria, montar um negócio ou a educação dos filhos. Um exemplo disponível hoje no site é o "F*#da-se idade mínima", uma referência à proposta de reforma da Previdência e criada para o investidor com foco no longo prazo. A carteira tem uma meta de retorno de 140% do CDI e uma volatilidade média de 5%.
A corretora fechou com quatro gestoras para fazer a administração das carteiras: Tag Investimentos, Vitreo e CA Indosuez, além da própria equipe do private do Santander. Outros quatro gestores devem ser incluídos futuramente.
As taxas de administração das carteiras também serão competitivas e variam de 0,7% a 1% ao ano, em alguns casos com taxa de performance sobre o que exceder o CDI. A expectativa é que a escala da plataforma remunere o trabalho desses gestores, mais caros que a média do mercado, segundo Bottino.
No lugar do agente autônomo, pontos
Assim como outras plataformas de investimento, a Pi não trabalha com a figura do agente autônomo, como fazem concorrentes como a XP Investimentos e o BTG Pactual Digital.
A diferença é que a Pi decidiu devolver para o cliente uma parcela da remuneração dos produtos de investimento que seria destinada ao agente autônomo.
Para isso, a plataforma do Santander criou um sistema de acúmulo de pontos, parecido com os programas de milhagem de cartões de crédito e empresas aéreas, e que são revertidos em dinheiro na conta.
Por exemplo: o investimento de R$ 5 mil em um CDB com vencimento em 2024 daria ao cliente 2 mil pontos, o equivalente a R$ 20.
Em fases
A Pi nasceu com uma oferta bem limitada de produtos. Hoje estão disponíveis apenas as aplicações de títulos bancários. A prateleira de fundos e as carteiras só devem entrar no sistema em abril.
O investimento no Tesouro Direto, previdência privada e ações também ficou mais para frente. Mas a ideia é ter toda a gama de produtos de investimentos disponível até o fim do ano, segundo Bottino, que veio da Icatu Seguros para comandar o projeto.
Embora o Santander tenha 100% do capital, a Pi opera de forma independente e funciona em um "coworking" que fica a aproximadamente três quilômetros da sede do banco em São Paulo.
O Santander não revelou os investimentos na Pi, mas sabe-se que se trata de um projeto estratégico para o banco. A equipe conta hoje com 70 pessoas de várias especialidades, inclusive uma especialista em games que veio da Nintendo. A plataforma começou a operar em fase de testes há algumas semanas, quando atraiu os 2 mil primeiros clientes.
Se você é um dos clientes que testou a plataforma, conte nos comentários logo abaixo ou no meu Twitter como foi a sua experiência.