Mercado mantém expectativa com guerra comercial
EUA confirmam aumento da tarifa sobre produtos chineses a partir de sexta-feira, mas China deve enviar delegação a Washington para rodada final de negociação

O mercado financeiro está em suspense, após os Estados Unidos confirmarem o aumento da tarifa sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses para 25% a partir desta sexta-feira. Mas as esperanças de um acordo comercial permanecem, já que a China ainda deve enviar uma delegação a Washington nesta semana para uma rodada final de negociações.
A reunião com representantes do alto escalão deve começar na quinta-feira - portanto, um dia depois do planejado originalmente - e se estender até o dia seguinte. Com isso, os ativos de risco devem ficar mais voláteis, oscilando ao sabor do noticiário envolvendo o conflito entre as duas maiores economias do mundo.
O governo Trump acusa a China de “renegar” os compromissos assumidos durante as rodadas anteriores, o que resultou na decisão de sobretaxar os produtos importados do país. O problema é que Pequim pode resolver adotar uma postura mais defensiva, evitando ficar vulnerável às ameaças e pressões adicionais da Casa Branca.
Afinal, a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, mostra como tende a ser a dinâmica de longo prazo caso um acordo seja, enfim, alcançado. De qualquer forma, as autoridades chinesas mostram interesse em encerrar a disputa, mas não querem se curvar às demandas de longo alcance de Washington, minando as chances de um grande desfecho.
Na visão da China, se tal postura de submissão for adotada, o modelo econômico liderado pelo partido comunista pode ser testado. Ainda assim, a expectativa é de que, com a retomada das negociações nesta semana, cresce a possibilidade de um acordo comercial sino-americano no curto prazo, o que traz um alívio entre os investidores.
Mercados mistos
As principais bolsas da Ásia encerraram a sessão de forma mista. Tóquio voltou do feriado nacional de 10 dias em baixa e caiu 1,5%, ao passo que Hong Kong (+0,55%) e Xangai (0,7%) subiram. Ainda na região, Cingapura e Indonésia tiveram alta, enquanto, na Oceania, Sydney também avançou.
Leia Também
Já no Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho desde ontem, após o representante do comércio dos EUA, Robert Lighthizer, confirmar o aumento das tarifas chinesas a partir desta sexta-feira. As perdas sinalizadas para o dia ultrapassaram 1%, mas agora são mais moderadas.
Esse desempenho misto prejudica a abertura do pregão na Europa, que não exibe uma direção única. O velho continente também está receoso com a estratégia de negociação de Trump, que tem mantido um padrão de ameaçar os parceiros comerciais com o pior cenário possível para, então, alcançar um acordo e reivindicar vitória.
Nos demais mercados, o petróleo oscila em baixa, monitorando a escalada da tensão geopolítica com o Irã, ao passo que o dólar segue firme. Os destaques ficam com a queda da lira turca e a alta do dólar australiano, que se fortalece após o banco central local (RBA) se abster de cortar os juros no país.
US x Them
Como pano de fundo do embate entre EUA e China, está a desaceleração no crescimento mundial - exceto nos EUA. Aliás, Trump se sentiu encorajado em endurecer o tom contra a China em meio à valorização recorde em Wall Street e à robustez da economia norte-americana. Segundo ele, a sobretaxa já em vigor é “parcialmente responsável” por esses resultados “excelentes”.
Assim, Trump não vê muitos riscos em hostilizar seu parceiro comercial, uma vez que a economia dos EUA está indo bem. Contudo, o agravamento das tensões entre as duas potências deve afetar negativamente o ambiente econômico, aumentando as incertezas quanto à saúde da economia global.
Além disso, os componentes de força da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA nos três primeiros meses deste ano podem ser revertidos já no segundo trimestre - e depois. Afinal, o impulso vindo do setor externo ampliou os estoques das empresas, enquanto as vendas tiveram a menor alta em mais de três anos.
Também houve um salto nos gastos de governos estadual e local, em meio à paralisação da administração federal (shutdown), enquanto os investimentos e o consumo das famílias tiveram crescimentos mais fracos. Assim, tirando esses fatores atípicos, o crescimento dos EUA teria sido inferior a 2% no início de 2019 - longe dos 3,2% anunciados.
Portanto, a ansiedade de Trump em relação à China pode estar mais ligada à eleição presidencial nos EUA em 2020, com a abordagem protecionista do republicano satisfazendo parte do seu eleitorado. Ainda mais após um possível candidato democrata à Casa Branca, o ex-vice-presidente Joe Biden, minimizar a ideia de “ameaça chinesa”.
Dia de agenda fraca
A agenda econômica desta terça-feira está mais fraca, no Brasil e no exterior. O destaque local fica com os indicadores antecedentes de abril da indústria automotiva, a serem divulgados pela Anfavea, às 11h20. Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) inicia a reunião de dois dias para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic).
Na safra de balanços, saem os resultados trimestrais de Ambev, antes da abertura do pregão local, e da Petrobras, após o fechamento da sessão. Em Brasília, os trabalhos da comissão especial sobre a reforma da Previdência serão retomados hoje, com os deputados analisando a proposta de cronograma.
Em busca de apoio político, o governo deve aceitar alterações no texto, para garantir a aprovação da proposta. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes renovaram o apelo pela aprovação das novas regras para aposentadoria, dizendo que não há um plano B para a economia, tirando o país da “armadilha do baixo crescimento”.
Já no exterior, o foco se concentra nos dados da balança comercial chinesa no mês passado, que só serão conhecidos no fim do dia. Pela manhã, merece atenção o relatório Jolts sobre o número de vagas de emprego disponíveis nos EUA em março (11h). Também serão conhecidos os dados sobre o crédito ao consumidor norte-americano (16h).
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
E agora, Trump? A cutucada da China que pode reacender a guerra comercial
Em meio à sinalização do presidente norte-americano de que uma trégua está próxima, é Pequim que estica as cordas do conflito tarifário dessa vez
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis
Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
COP30: ‘Se o governo Trump não atrapalhar, já é lucro’, diz secretário executivo do Observatório do Clima
Em uma conversa com o Seu Dinheiro, Marcio Astrini analisa o contexto geopolítico atual e alerta investidores sobre os riscos climáticos que já impactam a economia
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump
Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.
Quer jantar com Trump? Investidores da memecoin recebem convite — criptomoeda dispara mais de 50%
A notícia do evento em Washington não foi suficiente para impulsionar o ativo digital à máxima histórica — ela ainda está 80% abaixo dessa marca
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Trump, tarifas e um funeral
O presidente norte-americano confirmou presença no funeral do papa Francisco e vai usar a ocasião para realizar encontros com outros líderes estrangeiros
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Trump recua e bitcoin avança: BTC flerta com US$ 94 mil e supera a dona do Google em valor de mercado
Após a Casa Branca adotar um tom menos confrontativo, o mercado de criptomoedas entrou em uma onda de otimismo, levando o bitcoin a superar o valor de mercado da prata e da Alphabet, controladora do Google
Boeing tem prejuízo menor do que o esperado no primeiro trimestre e ações sobem forte em NY
A fabricante de aeronaves vem enfrentando problemas desde 2018, quando entregou o último lucro anual. Em 2025, Trump é a nova pedra no sapato da companhia.
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)
Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.