O noticiário do fim de semana e desta segunda-feira continua girando em torno de um único personagem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Benianno. No mercado, o que se tentar medir é qual será o custo dessa “crise” em termos de votos para a aprovação das reformas, como a da Previdência.
No momento, ainda não há como “cravar” uma posição sobre o tema. Há uma fatura em aberto e o tamanho dessa conta passa por uma possível “troca de chumbo” entre o ministro que está para ser exonerado e o governo Jair Bolsonaro.
Segundo um consultor político com larga experiência aqui em Brasília, o vazamento de informações e a troca de acusações podem impactar a relação do governo com o Congresso, mas isso é difícil de antecipar, ainda que seja fato que o Bebianno, enquanto ex-presidente do PSL, tenha informações que podem ser duras.
Foi noticiado, que Bebianno cairia atirando, ou seja, poderia usar informações sensíveis que teria contra o governo. Em conversa com a “Folha de S.Paulo”, no entanto, Bebianno negou que atacará o presidente, mas disse que não vai sair “ com pecha de bandido, de patrocinador de laranjais ou de traidor”.
Para esse consultor, a situação é grave, principalmente pelo desconforto causado pela atuação do “núcleo familiar” no episódio.
Foi pelo “Twitter”, que Carlos Bolsonaro chamou o ministro de mentiroso, negando que ele tenha tido contato com o pai.
Também circulam informações que o núcleo militar do governo estaria amplamente insatisfeito com essa situação. Na sexta-feira, o vice, general Hamilton Mourão, falou que Bolsonaro vai “botar ordem” nos filhos.
Com 55 deputados, o PSL forma relevante bancada no Congresso, mas não se sabe quem lidera o partido e se Bebianno teria algum grau de influência relevante sobre os parlamentares.
Por ora, o grande articulador da reforma pelo governo na Câmara do Deputados é Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já chamou para si o trabalho de formar a base necessária à votação. Maia já demostrou seu descontentamento com o episódio, ao falar, na semana passada, que Bolsonaro é presidente e não mais deputado ou presidente da associação dos militares.
Durante a campanha e mesmo depois de definida a eleição a grande preocupação sempre foi com a articulação política do novo governo, que vinha para inaugurar uma “nova política”, sem o famigerado “toma lá, dá cá”. O episódio envolvendo Bebianno soma mais dúvidas e fortalece apenas a oposição, que vai usar as ferramentas que tem da ir minando o governo.