O governo é pobre em articulação no Congresso. O que era uma percepção virou certeza escancarada nesta quarta-feira (3), na audiência da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara agendada para esclarecer a proposta de reforma da Previdência.
Ficou patente que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não será o articulador político da reforma no Congresso (sequer de plantão!). O presidente Jair Bolsonaro vai ter de ceder em algumas de suas posições.
De cara, deverá buscar um sinônimo discreto para o velho “toma lá, dá cá” que tanto repudia, postura que lhe garantiu 57,7 milhões de votos em outubro passado.
Paulo Guedes apanhou - e bateu
Sozinho no ringue com boa parte dos 66 integrantes da comissão (porque nem gregos, nem troianos e nem baianos o ajudaram...) trincou os dentes e encarou os ataques desferidos principalmente contra o regime de capitalização.
Foi acusado de favorecer os bancos porque eles poderão ser os gestores dos recursos neste regime. O ministro até tentou esclarecer. Esses recursos deverão ser recolhidos pelos trabalhadores para construir suas aposentadorias.
Longe de posar de samambaia, o ministro lembrou que as aposentadorias no Legislativo são espetaculares.
Alguém discorda? Claro que não! As aposentadorias de deputados e senadores e de todo o Judiciário são espetaculares. Como contra a verdade não há argumento, ninguém abriu a boca.
Fiador não deveria ser saco de pancada
Paulo Guedes é o principal ministro do presidente Bolsonaro.
Na contagem regressiva para as eleições, em outubro passado, Guedes, então assessor econômico do candidato, tornou-se fiador do atual governo.
Fiador de governo não pode apanhar duas semanas sem trégua.
Guedes tentou, mas a vaga de articulador está aberta.