Quem tem medo de Virginia Woolf? Verdades e mentiras sobre bater o mercado
Deixa eu te contar um segredo: no mercado financeiro, estamos no Quarto Quadrante de Taleb. Nele, a econometria não funciona. A realidade é não ergódica (eu repito esse palavrão para ver se ele é absorvido por osmose)
 
					Um excelente econometrista é…
Um excelente econometrista.
Luiz Alves Paes de Barros, Lírio Parisotto, Luiz Barsi, Silvio Tini de Araújo, Victor Adler, ao menos pelo que consta, não são grandes econometristas. Eles são bilionários, os caras que ganharam dinheiro de verdade em Bolsa.
Uma pergunta aqui. Se o assunto fosse “ganhar dinheiro com ações”, quem você seguiria: um estupendo econometrista ou a rapaziada (sim, porque, diante da vitalidade dessa turma, são mesmo uns rapazes — aliás, viu o Victor Adler comprando 5 por cento da Oi? Acho que tem coisa ali, hein?) do segundo parágrafo?
Confesso aqui minha preferência, pois não tenho pretensão de ensinar os pássaros a voar ou tampouco, como o dito popular, de ensinar o pai-nosso ao vigário. Sextus Empiricus era contra os professores, contra pessoas desapegadas da prática que, munidas de equações e teorias difíceis, queriam ditar aos praticantes como as coisas deveriam ser. O conhecimento emana da prática para a teoria. Esse é necessariamente o sentido da seta, não pode ser outro.
Deixa eu te contar um segredo: no mercado financeiro, estamos no Quarto Quadrante de Taleb. Nele, a econometria não funciona. A realidade é não ergódica (eu repito esse palavrão para ver se ele é absorvido por osmose).
Leia Também
Os quatro leitores desta coluna talvez percebam que as linhas de hoje caminham com linguagem mais técnica do que o habitual. Peço desculpas por isso. Na segunda, voltamos à programação normal. Nesta sexta, gostaria de oferecer um contraponto ao artigo “Tendências de mercado e talento dos gestores de fundos”, publicado no jornal Valor Econômico na última quinta-feira.
Antes de prosseguir, esclarecimento importante. Tenho profundo respeito e — arriscaria dizer — admiração pessoal pelos autores daquela coluna. Certamente, contribuem sobremaneira com o debate em torno do que se convenciona chamar de Financial Economics, por vezes traduzido como Teoria das Decisões Financeiras. Um dos autores está entre os maiores econometristas brasileiros — e isso é uma grande conquista. Outro é pesquisador de relevo no tema, além de um excelente comunicador sobre Economia e Finanças, oferecendo um trabalho importante de educação financeira em escala, algo raro no Brasil.
É com esse respeito e essa admiração (que permanecem incólumes) que rabisco a crítica a seguir, circunscrita ao escopo técnico, sem, em nenhum momento, permitir que a contra-argumentação ganhe contornos ad hominem.
Então, vamos lá.
Antecipação
O objetivo central do artigo é testar se os gestores de ações brasileiros dispõem de uma habilidade especial de antecipar altas e baixas do mercado, de modo a obter resultados acima da média. Ipsis litteris, está escrito: “Este artigo testa a habilidade de ‘market timing’ das casas gestoras de fundos de ações, já que muitos profissionais cobram 2 por cento de taxa de administração ao ano ou mais e apregoam que conseguem antecipar os ciclos da bolsa, gerando ganhos maiores do que estratégias passivas”.
Para realizar o teste, a modelagem é feita a partir de uma extensão do CAPM, com a introdução de uma variável explicativa representando a tendência de mercado. Nas palavras dos próprios autores, “seria desejável que o gestor aproveitasse esses momentos (de tendência positiva) para extrair retornos adicionais para a carteira. O coeficiente desse fator chamamos de gama. A interpretação é a seguinte: um gama positivo sugere que a casa gestora possui talento de se antecipar a movimentos de mercado para cima ou para baixo e assim adicionar valor à carteira”.
Basicamente, portanto, alarga-se o modelo unifatorial (CAPM, que representa a equação da reta na geometria analítica — os economistas e sua tendência a pensar linearmente) para um modelo bifatorial (trata-se de um APT, o caso geral do CAPM, tendo como novo fator de risco a tendência).
E qual o resultado encontrado?
Basicamente, o tal coeficiente gama não é estatisticamente significante. Em alguns momentos, aparece até como negativo. Ou seja, segundo os autores, isso seria uma evidência de que a maior parte dos gestores de ações não consegue bater o mercado.
O problema
Qual meu problema com a abordagem?
A modelagem proposta mostra um completo desconhecimento do que os gestores de ações brasileiros, filosófica e pragmaticamente, fazem e pretendem fazer. O artigo, na essência, pressupõe que os fundos de ações, para gerar retornos acima da média, fazem market timing, quando, na verdade, isso é exatamente o que eles não fazem, nem sequer pretendem fazer. Aliás, muito pelo contrário.
Se você pesquisar um pouco sobre os fundos de ações brasileiros (entre você mesmo em alguns sites por aí), perceberá que quase sua totalidade — com raras exceções que apenas confirmam a regra — segue a filosofia da chamada escola fundamentalista ou escola de valor, proposta originalmente por Benjamin Graham e posteriormente difundida por Warren Buffett.
Essa vertente de pensamento (se é que posso chamá-la assim) é totalmente contrária ao market timing. Esse é o ponto nevrálgico da minha crítica, e que parece ter escapado aos autores.
A proposta de Benjamin Graham, em seu âmago, é de tratar ações como pedaços de empresas. Então, definiríamos (ou tentaríamos definir a partir de estimativas) qual seria o valor intrínseco dessas empresas. Compararíamos o valor intrínseco calculado para as ações dessas firmas com o preço de tela (esse que você vê piscando na tela) e, se o preço estivesse muito abaixo do valor intrínseco (com devida margem de segurança), deveríamos comprar as ações, esperando uma convergência dos preços para o valor intrínseco.
Segundo a escola fundamentalista, é só e tudo isso que podemos fazer.
Em quanto tempo se dá essa tal convergência? Não sabemos. Mais curioso ainda: por que se dá essa convergência? Também não sabemos. O próprio Graham brinca com isso e diz não saber as razões por trás desse magnetismo do valor intrínseco, mas que ele simplesmente acontece. E nós não estamos aqui para saber as causas. Estamos aqui para ganhar dinheiro.
Querer provar que os gestores de ações brasileiros não geram valor porque não antecipam tendências de mercado não é adequado, porque em nenhum momento eles se propuseram a antecipar tendências. Ao contrário, eles afirmam sua própria incompetência nisso, seguindo a cartilha Graham/Buffett. A geração de valor viria da seleção de ações, não do market timing.
A conclusão do artigo ainda é válida, de que a maior parte dos fundos não bate o mercado? Sim. Mas isso não é novidade para ninguém, tampouco prova que não possa haver uma minoria capaz de bater o mercado (embora eu mesmo seja um defensor da gestão passiva, o que não tem nenhuma importância aqui). Só para você ter uma ideia, de um universo de 17.714, a Luciana Seabra indica apenas 52!
Ou seja, mesmo quem é apaixonado pela gestão ativa e estuda com brilhantismo esse nicho (com reconhecida e inquestionável reputação nisso) gosta apenas de uma minoria dos fundos. O fato de a média dos fundos não conseguir bater o mercado não significa que não se deva investir em fundos.
Batendo os mercados
Além da crítica injusta de que os gestores “apregoam que conseguem antecipar os ciclos da Bolsa” (eles apregoam justamente o contrário, para desistirmos de antecipar os ciclos da Bolsa!), o que me pareceu faltar sobre o fato de a média dos gestores não bater o mercado?
Que investir sem os gestores também não costuma, na média, bater os mercados. O investidor pessoa física não bate os mercados. Terrance Odean tem estudos maravilhosos nessa área, mostrando o quanto há excesso de concentração, excesso de trading e apego exagerado a posições perdedoras, que resultam numa carteira de micos ao final do processo. O day trader também não bate os mercados — ao contrário, sua taxa de mortalidade é bem alta; estudo da FGV recente evidencia o fato com maestria.
E sabe por que é tão difícil bater os mercados? Na minha opinião, não é pela impossibilidade de se antecipar tendências — óbvio que ninguém consegue mesmo; isso é reconhecido e assumido mesmo por quem tem sistematicamente batido o mercado. Entendo que a dificuldade venha da convexidade, além claro de toda a complexidade e incerteza que jamais desaparecerão do ambiente. Explico.
Pense no caso das ações. Por conta da lei de responsabilidade limitada, uma ação nunca vai cair mais de 100 por cento. Mas a coisa não é simétrica. Ela pode subir mais de 100 por cento. Com efeito, as ações vencedoras sobem 200, 300, sei lá, 1.000 por cento — olhe o retorno em 24 meses de Magazine Luiza, Banco Pan, Banco Inter, PetroRio, e por aí vai.
Ou seja, em ambientes assim, uma supermultiplicação das ações acaba puxando muito a média dos retornos do mercado. Em outras palavras, boa parte da alta do Ibovespa costuma ser explicada por pouquíssimas ações que subiram muito — uma minoria de papéis, uma parcela bem pequena mesmo, que acaba representando quase a integralidade do movimento dos benchmarks. Assim, para bater os mercados, você precisa ter em carteira essas ações das grandes altas. Obviamente, como elas são minoria, a chance de tê-las é baixa. Poucos vão subir ao pódio mesmo. Ou você tem a nata, o puro creme do milho das ações, ou fica abaixo da média. A chance de ter escolhido uma ação pertencente a essa minoria é evidentemente baixa.
Mais uma vez, as críticas à dificuldade de se bater o mercado cedem à resistência humana em se pensar exponencialmente. Fomos feitos para pensar linearmente. O problema é que o mundo é convexo. E, desculpe te decepcionar, mas a realidade vai continuar sendo do jeito que ela é. Somos nós que precisamos nos adaptar, apesar dos platonistas continuarem tentando fazê-la caber num arquivo do EViews, deitados eternamente no berço esplêndido de Procusto.
Mercados
Mercados iniciam a sexta-feira em clima positivo, repercutindo decisão favorável do STF à venda de subsidiárias de estatais sem necessidade de aval do Congresso e a inflação oficial abaixo do esperado. Lá fora, também há relativo otimismo, enquanto se aguarda relatório de emprego dos EUA.
Estamos com um pouco de sorte nesta semana. Na quarta, dois dias atrás, escrevi assim:
“Eu acho mesmo é que é para comprar Aliansce a 13 vezes FFO, com bom crescimento de última linha e geração de valor de 650 paus no deal com a Sonae — isso sem falar que pode ter mais consolidação por vir aí na frente.”
Saiu e veio com ratio melhor do que o esperado para Aliansce, que deve ter boa alta hoje. Sinergias também vieram cerca de 50 por cento acima do estimado. E não vai parar por aí não. É comovente e motivador ver isso acontecendo diante da história do top management da companhia. Admiração irrestrita de minha parte.
E, no mesmo dia, também falamos que:
“Para finalizar, existe todo esse frenesi hoje com o julgamento no Supremo sobre a possibilidade de as estatais privatizarem ativos sem a necessidade de licitação e autorização do Congresso. Isso, assim como os preços do petróleo, tem pesado bastante sobre as ações da Petrobras. Petróleo é sempre um problema, claro. Afinal, ainda é uma petroleira. Mas commodity vai e vem, não me parecendo caro aos níveis atuais. Já, já o Trump ameaça jogar uma bomba no Irã numa retórica eleitoral e acaba com a sangria. Ou algo parecido. Sobre o STF, há a chance de vitória em favor de privatizações mais céleres. Mas, mais do que isso, se não for por aí, haverá outro jeito. Foi igual o caso da MP do Saneamento — estava bem claro e inclusive falada aqui neste espaço a oportunidade de compra. A vibe em favor de privatizações e melhora de governança em estatais está dada, de uma forma ou de outra. Compre enquanto está barato, desafiando o consenso.”
Petro deve andar bem hoje com venda da TAG e petróleo subindo (ao menos por enquanto; nunca se sabe).
Na agenda, IPCA apurou alta de apenas 0,13 por cento, abaixo do 0,20 por cento aguardado. Mais argumento em prol da queda da Selic no segundo semestre. Dá-lhe prefixados! E como gosto do loooooongo.
Lá fora, Relatório de Emprego norte-americano apontou criação de 75 mil postos de trabalho, bem abaixo do esperado (dá-lhe juro em queda!), com desemprego de 3,6 por cento.
Ibovespa Futuro abre em alta de 0,8 por cento, dólar e juros futuros cedem.
Bitcoin deixa de ser ‘ilha’ e passa a se comportar como mercado tradicional — mas você não deve tratar criptomoedas como ações de tecnologia
Os convidados do Market Makers desta semana são Axel Blikstad, CFA e fundador da BLP Crypto, e Guilherme Giserman, manager de global equities no Itaú Asset
Entenda o que são as ‘pontes’ que ligam as blockchains das criptomoedas; elas já perderam US$ 2 bilhões em ataques hackers
A fragilidade desses sistemas se deve principalmente por serem projetos muito novos e somarem as fraquezas de duas redes diferentes
Mesmo em dia de hack milionário, bitcoin (BTC) e criptomoedas sobem hoje; depois de ponte do ethereum (ETH), foi a vez da solana (SOL)
Estima-se que cerca de US$ 8 milhões (R$ 41,6 milhões) tenham sido drenados de carteiras Phantom e Slope, além da plataforma Magic Eden
Em 6 meses de guerra, doações em criptomoedas para Rússia somam US$ 2,2 milhões — mas dinheiro vai para grupos paramilitares; entenda
Esse montante está sendo gasto em equipamentos militares, como drones, armas, coletes a prova de balas, suprimentos de guerra, entre outros
Bitcoin (BTC) na origem: Conheça o primeiro fundo que investe em mineração da principal criptomoeda do mercado
Com sede em Miami, a Bit5ive é uma dos pioneiras a apostar no retorno com a mineração de bitcoin; plano é trazer fundo para o Brasil
Mais um roubo em criptomoedas: ponte do ethereum (ETH) perde US$ 190 milhões em ataque; porque hacks estão ficando mais frequentes?
Os hacks estão ficando cada vez mais comuns ou os métodos para rastreá-los estão cada vez mais sofisticados? Entenda
Esquenta dos mercados: Bolsas preparam-se para brilhar no último pregão de julho; Ibovespa repercute hoje dados da Vale e Petrobras
Mercados repercutem balanços de gigantes das bolsas e PIB da Zona do Euro. Investidores ainda mantém no radar inflação nos EUA e taxa de desemprego no Brasil
Somente uma catástrofe desvia o Ibovespa de acumular alta na semana; veja o que pode atrapalhar essa perspectiva
Ibovespa acumula alta de pouco mais de 2,5% na semana; repercussão de relatório da Petrobras e desempenho de ações de tecnologia em Wall Street estão no radar
Bolsas amanhecem sob pressão do BCE e da renúncia de Draghi na Itália; no Ibovespa, investidores monitoram Petrobras e Vale
Aperto monetário pelo Banco Central Europeu, fornecimento de gás e crise política na Itália pesam sobre as bolsas internacionais hoje
Esquenta dos mercados: Dirigente do Fed traz alívio aos mercados e bolsas sobem com expectativa por balanços de bancos
Hoje, investidores mostram-se animados com os balanços do Wells Fargo e do Citigroup; por aqui, repercussões da PEC Kamikaze devem ficar no radar
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam recuperação após corte de juros na China; Ibovespa acompanha reunião de Bolsonaro e Elon Musk
Por aqui, investidores ainda assistem à divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo Ministério da Economia
Hapvida (HAPV3) decepciona e tomba 17% hoje, mas analistas creem que o pior já passou — e que as ações podem subir mais de 100%
Os números do primeiro trimestre foram pressionados pela onda da variante ômicron, alta sinistralidade e baixo crescimento orgânico, mas analistas seguem confiantes na Hapvida
Oscilando nos US$ 30 mil, bitcoin (BTC) mira novos patamares de preço após criar suporte; momento é positivo para comprar criptomoedas
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Bitcoin (BTC) permanece abaixo dos US$ 30 mil e mercado de criptomoedas está em estado de pânico com stablecoins; entenda
Entenda porque a perda de paridade com o dólar é importante para a manutenção do preço das demais criptomoedas do mundo
Terra (LUNA) não acompanha recuperação do bitcoin (BTC) neste domingo; criptomoedas tentam começar semana com pé direito
Mesmo com a retomada de hoje, as criptomoedas acumulam perdas de mais de dois dígitos nos últimos sete dias
Bolsas no exterior operam em alta com balanços melhores que o esperado; feriado no Brasil mantém mercados fechados
Investidores também digerem inflação na zona do euro e número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA
Em recuperação, bitcoin (BTC) sobe mais de 4% hoje, mas Solana (SOL) é destaque entre criptomoedas e dispara 17% após anúncio do Solana Pay; entenda
Os dados internos da blockchain do bitcoin mostram que a maior criptomoeda do mundo permanece no meio de um “cabo de guerra” entre compradores e vendedores
Bitcoin (BTC) cai após um final de semana de recuperação e criptomoedas esperam ‘lei Biden’ esta semana, mas ethereum (ETH) se aproxima de ponto crítico
A segunda maior criptomoeda do mundo está em xeque com o aprofundamento do ‘bear market’, de acordo com a análise gráfica
Bitcoin (BTC) cai mais de 6% em sete dias, de olho no Fed e na próxima lei de Joe Biden; confira o que movimentou o mercado de criptomoedas nesta semana
Putin a favor da mineração de criptomoedas, Fed e Joe Biden no radar do bitcoin, Elon Musk e Dogecoin e mais destaques
Bitcoin (BTC) recua com aumento de juros do Fed no horizonte e investidores de criptomoedas esperam por lei de Joe Biden; entenda
O plano do presidente americano pesava a mão na taxação de criptomoedas e ativos digitais, no valor de US$ 550 bilhões
 
		 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					 
					